Paraná entre os líderes em número de fraudes com Pix

O avanço da tecnologia transformou a forma como lidamos com transações financeiras, mas também trouxe novos desafios. No Brasil, o Pix, lançado como uma ferramenta de pagamento rápido e seguro, se tornou um dos principais alvos de golpistas.

O Paraná ocupa a sexta posição entre os estados brasileiros com maior número de vítimas de golpes relacionados ao Pix, destacando-se em um cenário preocupante que une prejuízos financeiros e o uso de engenharia social como método de fraude.

Neste artigo, exploramos os principais dados e tendências sobre os golpes do Pix, os perfis das vítimas e os desafios enfrentados pelas autoridades para combater esse tipo de crime.

Pix e a mudança no cenário dos crimes financeiros

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), houve uma significativa redução nos roubos nas ruas entre 2018 e 2023, mas um aumento expressivo nos estelionatos digitais. Esse cenário é impulsionado pela popularidade de transações financeiras digitais, em que o Pix figura como uma das ferramentas mais utilizadas.

Entre as transações realizadas no Brasil, 45% foram feitas pelo Pix, o que o coloca no centro das operações financeiras e também dos crimes. Uma pesquisa recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que os brasileiros perderam R$ 25,5 bilhões em golpes envolvendo Pix e boletos falsos nos últimos 12 meses.

No Paraná, o prejuízo médio por vítima é de R$ 3.300, evidenciando como a engenharia social está causando danos financeiros significativos às famílias.

O estudo “Golpes com Pix”, realizado pela Silverguard, aponta diferenças marcantes entre as vítimas em relação à classe social, idade e canal utilizado pelos criminosos.

1. Perdas por classe social

  • Classe AB: prejuízo médio de R$ 6.300.
  • Classe C: prejuízo médio de R$ 3.500.
  • Classe DE: prejuízo médio de R$ 1.500.

Os dados mostram que, embora a classe AB sofra perdas financeiras mais altas, as classes C e DE também são fortemente impactadas, especialmente considerando a proporção de suas rendas.

2. Diferenças por faixa etária

  • Vítimas acima de 60 anos perdem, em média, quatro vezes mais que jovens entre 18 e 24 anos.
  • Menores de 18 anos também estão sendo alvos, com o Instagram sendo a principal plataforma inicial dos golpes.

Essas diferenças refletem a eficácia das estratégias dos criminosos, que adaptam suas abordagens de acordo com o perfil das vítimas.

Os dados mostram que 79% dos golpes têm origem em plataformas da Meta (WhatsApp, Instagram e Facebook). O WhatsApp lidera com 39% dos casos, seguido pelo Instagram (23%) e Facebook (18%).

1. WhatsApp: a preferência dos golpistas

O WhatsApp é especialmente usado em golpes direcionados a pessoas com mais de 60 anos, respondendo por 69% dos casos dessa faixa etária. A facilidade de comunicação instantânea e a confiança depositada no aplicativo tornam esse canal ideal para os golpistas.

2. Instagram: foco nos jovens

O Instagram é o principal meio inicial de golpe para menores de 18 anos, aproveitando a popularidade da plataforma entre os mais jovens. Ofertas falsas e links maliciosos são comuns nesse ambiente.

3. Facebook: variabilidade por renda

O Facebook é mais utilizado como canal inicial em golpes direcionados às classes DE (21%) e menos frequente na classe A (6%), mostrando como os criminosos ajustam suas táticas conforme o público-alvo.

Noventa e sete por cento dos golpes com Pix são classificados como APP (authorised push payment fraud), em que a vítima, persuadida por uma história convincente, transfere voluntariamente o dinheiro para os golpistas.

Esse método, conhecido como engenharia social, utiliza técnicas que exploram a emoção, a confiança e a urgência. Exemplos incluem:

  • Falsos pedidos de ajuda de familiares ou amigos.
  • Ofertas irresistíveis de produtos ou serviços.
  • Falsas cobranças ou notificações de instituições financeiras.

A persuasão e a pressão psicológica desempenham um papel central nesses golpes, dificultando a percepção da vítima de que está sendo enganada.

O combate aos golpes do Pix exige uma abordagem integrada, que inclui ações governamentais, investimentos em tecnologia e conscientização da população.

1. Educação digital

Campanhas educativas são essenciais para ensinar as pessoas a identificar tentativas de golpe. Orientações como evitar clicar em links suspeitos, verificar a autenticidade de mensagens e desconfiar de pedidos urgentes podem reduzir os casos.

2. Investimentos em segurança cibernética

As instituições financeiras e plataformas digitais precisam aprimorar seus sistemas de segurança para identificar e bloquear transações suspeitas antes que o dinheiro seja transferido.

3. Denúncia e monitoramento

A criação de canais de denúncia eficientes, como a Central SOS Golpe, permite o monitoramento das táticas dos golpistas e ajuda as autoridades a mapear padrões de fraude.

4. Parcerias entre plataformas e autoridades

As plataformas da Meta e outras empresas de tecnologia devem colaborar com o governo e órgãos de segurança para combater o uso de suas ferramentas em práticas criminosas.

Desafios enfrentados pelas autoridades

Embora o Brasil tenha avançado em políticas de segurança digital, o crescimento dos golpes do Pix destaca desafios significativos:

  • Rapidez das transações: A instantaneidade do Pix dificulta a reversão de valores transferidos para golpistas.
  • Falta de regulação específica: As leis ainda estão se adaptando à nova realidade dos crimes digitais.
  • Dificuldade em rastrear os golpistas: Muitas vezes, os criminosos utilizam contas bancárias de terceiros ou laranjas, dificultando sua identificação.

Esses obstáculos exigem um esforço conjunto entre governo, empresas e sociedade para mitigar os impactos.