Estudo revela que restam apenas 4,3% da floresta com araucárias no Brasil. Lei estadual busca unir preservação ambiental e uso sustentável da espécie no Paraná
A araucária, árvore símbolo do Paraná, continua enfrentando um cenário de perda acelerada. De acordo com dados de 2024 publicados na revista Biological Conservation, restam apenas 4,3% da cobertura original da floresta com araucárias no Brasil, o equivalente a cerca de 1,2 milhão de hectares.
Essa porcentagem é muito menor do que se estimava anteriormente, quando os números indicavam cerca de 12,6% de cobertura preservada. Atualmente, a espécie é classificada como criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Frente a esse quadro, a Lei 20.223/2020, em vigor há cinco anos, se destaca como uma importante ferramenta de preservação aliada à atividade econômica. A legislação autoriza o plantio e a exploração comercial da araucária angustifólia em áreas específicas, desde que com acompanhamento técnico.
A iniciativa é de autoria dos deputados Luiz Claudio Romanelli, Hussein Bakri e do ex-deputado Emerson Bacil, todos do PSD.
A proposta da lei foi construída a partir de estudos liderados pelo professor Flávio Zanetti, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o objetivo de conciliar conservação ambiental e geração de renda.
O deputado Romanelli destaca que é possível recuperar o protagonismo da araucária no cenário ambiental e econômico do estado, promovendo o replantio e o uso sustentável da espécie, inclusive para fins madeireiros, desde que em conformidade com critérios técnicos e legais.
Segundo o deputado Hussein Bakri, a legislação foi elaborada com base em escuta ativa de diversos setores e busca o equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento rural. Para ele, além de preservar a espécie, a lei valoriza a história e a identidade do Paraná, ao mesmo tempo em que incentiva práticas sustentáveis no campo.
O professor Flávio Zanetti ressalta que a regulamentação contribui para dar segurança jurídica ao produtor rural e deve ser mais divulgada para se tornar uma política pública eficaz. O plantio precisa obedecer regras específicas, como espaçamento regular, restrição a áreas de vegetação nativa e inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A exploração também exige cadastro no órgão ambiental estadual, e, em áreas maiores, o envolvimento de técnicos habilitados. Em áreas urbanas, a extração é restrita à modalidade indireta e não requer registro ambiental.
Além disso, a legislação prevê ações complementares, como incentivo à formação de cooperativas, educação ambiental voltada ao campo, certificação florestal voluntária e valorização da cadeia produtiva da araucária. Produtos como pinhas e pinhões ganham destaque por seu valor econômico e cultural.
Desde 2015, o Paraná celebra o Dia da Araucária em 7 de junho. Em âmbito nacional, a data é lembrada em 24 de junho, funcionando como um alerta para a importância da conservação da espécie no território brasileiro.
A floresta de araucárias enfrenta ainda uma ameaça adicional: as mudanças climáticas. Um estudo recente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), publicado na revista Global Ecology Conservation, prevê que o aumento das temperaturas pode reduzir entre 45% e 56% das áreas adequadas à sobrevivência da araucária até 2050.
Segundo o professor Victor Zwiener, da UFPR em Palotina, essa perda comprometerá a capacidade da espécie de se recuperar naturalmente em regiões onde antes era abundante.
Leia também:
- Jardins suspensos: 9 arranjos incríveis para você deixar sua casa maravilhosa
- As 6 mitologias mais conhecidas
- Descoberta em universidade nos EUA revela escola do período colonial