No contexto de urbanização crescente e das consequentes emissões de carbono associadas a obras públicas, a busca por alternativas sustentáveis tornou-se uma prioridade. Uma das iniciativas mais importantes nesse sentido, no estado do Paraná, é o projeto de reflorestamento urbano, que visa promover o plantio de mudas nativas em municípios de pequeno porte.
Esse esforço é uma parceria entre as Secretarias do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e das Cidades (Secid), englobando os programas “Paraná Mais Verde” e “Asfalto Novo, Vida Nova”.
Até o momento, a iniciativa já resultou no plantio de 123,6 mil mudas em 67 cidades do estado, impactando diretamente a qualidade de vida e o meio ambiente local. Com espécies nativas como araçá, ipê-amarelo e jabuticaba, além de árvores em risco de extinção como a araucária e peroba-rosa, o projeto busca não apenas arborizar áreas urbanas, mas também educar a população sobre a importância do reflorestamento.
O programa Paraná Mais Verde foi criado em 2019 com o objetivo de despertar a consciência ambiental e promover o desenvolvimento sustentável no estado por meio do plantio de árvores nativas. As mudas são plantadas tanto em áreas urbanas quanto rurais, com foco na recuperação de áreas degradadas e na arborização de espaços urbanos. O Paraná Mais Verde já distribuiu mais de 10 milhões de mudas desde a sua criação, contribuindo para o equilíbrio climático e a preservação da biodiversidade.
Já o programa Asfalto Novo, Vida Nova, lançado em 2023, é coordenado pela Secid e tem como meta pavimentar toda a área urbana dos municípios com até 25 mil habitantes até 2026. A primeira fase do projeto abrangeu 67 cidades com até 7 mil habitantes, e, na segunda fase, o projeto será expandido para 68 cidades com até 12 mil habitantes. Com um investimento superior a R$ 1 bilhão, o programa também inclui a troca da iluminação pública por lâmpadas de LED, melhorando a eficiência energética das cidades.
Esses dois programas, apesar de terem focos distintos — o Paraná Mais Verde na arborização e o Asfalto Novo, Vida Nova na infraestrutura —, atuam de forma complementar. A plantação de árvores compensa as emissões de carbono geradas pelas obras de pavimentação, além de melhorar a qualidade de vida dos moradores com a criação de áreas verdes e a redução da poluição.
Um dos principais objetivos do projeto de reflorestamento urbano no Paraná é compensar as emissões de carbono decorrentes das obras de infraestrutura realizadas no estado. Cada árvore plantada ajuda a neutralizar uma parte do carbono emitido pela pavimentação das vias e outras atividades urbanas. De acordo com estimativas do governo, pelo menos 250 mil mudas serão plantadas em 330 cidades paranaenses ao longo das três fases do programa.
A bióloga Roberta Scheidt Gibertoni, do Instituto Água e Terra (IAT), explica que a expansão da cobertura vegetal nos municípios é uma medida essencial para combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável. “O escopo desse programa é ampliar a área de cobertura vegetal nos municípios por meio do plantio de mudas nativas. Isso visa compensar a emissão de carbono que é produzida na execução das obras em prol de um desenvolvimento urbano sustentável”, destaca Gibertoni.
Além da compensação de carbono, o reflorestamento urbano oferece outros benefícios, como a melhoria da qualidade do ar, a regulação da temperatura e a criação de habitats para a fauna local. Esses fatores, somados, contribuem para a construção de cidades mais saudáveis e resilientes.
O plantio das mudas de espécies nativas é uma das grandes fortalezas do programa, garantindo que a flora regional seja preservada e valorizada. Entre as espécies plantadas estão árvores frutíferas, como araçá, jabuticaba e pitanga, que além de embelezarem as áreas urbanas, também atraem a fauna local. Outro destaque são as espécies ornamentais, como o ipê-amarelo e o ipê-roxo, que têm grande valor paisagístico e são conhecidas por suas floradas exuberantes.
Além das árvores comuns da região, o programa Paraná Mais Verde também trabalha com o plantio de espécies ameaçadas de extinção, como a araucária, peroba-rosa, cedro-rosa e imbuia. O cultivo dessas espécies em áreas urbanas ajuda a preservá-las e conscientiza a população sobre a importância de proteger essas árvores que fazem parte do patrimônio natural do Brasil.
Um dos aspectos mais interessantes do projeto é o envolvimento da população no processo de plantio. Algumas prefeituras têm integrado o programa às atividades escolares, incentivando as crianças a participar do plantio das mudas. Essa iniciativa não apenas ajuda a preservar as mudas plantadas, mas também ensina os jovens sobre a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental.
Paula Silveira, engenheira ambiental do Paranacidade, serviço social autônomo ligado à Secid, destaca o aspecto educativo da ação: “Uma das coisas interessantes do programa é o contato da sociedade com o plantio das mudas. Algumas prefeituras pegam as mudas e levam até as escolas para incentivar as crianças a plantarem. Esse contato é justamente para fazer com que a população cuide daquilo que foi plantado, para que não haja depredação. Ou seja, uma aula prática de educação ambiental”, afirma Silveira.
A participação ativa da comunidade no reflorestamento cria um sentimento de pertencimento e responsabilidade, fazendo com que os moradores cuidem melhor das áreas arborizadas e valorizem o meio ambiente. Além disso, ao envolver as crianças no plantio, o programa promove uma cultura de sustentabilidade desde cedo.
O programa de reflorestamento urbano está dividido em três fases, cada uma abrangendo um grupo de municípios de acordo com seu tamanho populacional. Na primeira fase, que já está em andamento, foram beneficiadas 67 cidades com até 7 mil habitantes, onde já foram plantadas mais de 123 mil mudas. A segunda fase, lançada no final de 2023, abrange 68 cidades com até 12 mil habitantes, e a terceira fase, prevista para 2025, incluirá municípios com até 25 mil moradores.
Ao final das três fases, o governo estadual espera plantar cerca de 250 mil mudas de árvores nativas em 330 municípios, beneficiando aproximadamente 3 milhões de pessoas. Além de promover o desenvolvimento urbano sustentável, o projeto visa transformar a paisagem dos municípios paranaenses, tornando-os mais verdes e agradáveis para seus moradores.