A história da Igreja Católica é repleta de episódios que desafiam a imagem de austeridade e celibato atribuída ao papado. Um dos casos mais notáveis é o de Papa Hormisda, que, antes de sua ordenação, foi casado e teve um filho, Silvério, que também se tornou papa anos depois.
Hormisda, natural de Frosinone, na Itália, foi eleito o 52º papa em 514, após a morte de sua esposa. Seu pontificado é lembrado pela reconciliação entre as Igrejas de Roma e Constantinopla. Seu filho, Silvério, assumiu o papado em 536, enfrentando desafios políticos e religiosos significativos, incluindo a resistência à imposição de bispos hereges pela imperatriz bizantina Teodora.
Além de Hormisda e Silvério, há registros de outros papas que tiveram filhos, seja antes de sua ordenação ou em circunstâncias menos claras:
- Papa Félix III (483–492) foi um viúvo com dois filhos antes de sua eleição. Ele é considerado ancestral de Papa Gregório I.
- Papa Inocêncio VIII (1484–1492) teve pelo menos dois filhos ilegítimos antes de entrar para o clero.
- Papa Alexandre VI (1492–1503), da família Bórgia, teve vários filhos reconhecidos, incluindo César e Lucrécia Bórgia.
O celibato clerical tornou-se uma exigência formal para os sacerdotes da Igreja Latina apenas no século XII, durante o Segundo Concílio de Latrão em 1139. Antes disso, era comum que clérigos fossem casados ou tivessem filhos. Mesmo após a imposição do celibato, houve casos de papas e clérigos que mantiveram relações e tiveram descendentes, desafiando as normas estabelecidas.
A existência de papas com filhos, especialmente na Idade Média, reflete a complexidade e as nuances da história da Igreja Católica. Embora o celibato seja uma prática consolidada há séculos, os registros históricos mostram que, em determinados períodos, as normas foram interpretadas de maneira mais flexível, revelando uma realidade mais humana e menos idealizada do papado.