Avião cai em Aquidauana, no Pantanal, e mata quatro pessoas, incluindo o arquiteto chinês Kongjian Yu e dois documentaristas brasileiros.
Um acidente aéreo na noite de terça-feira (23) provocou comoção no Pantanal sul-mato-grossense e repercussão internacional. Um avião de pequeno porte, modelo Cessna, caiu na zona rural de Aquidauana, próximo à Fazenda Barra Mansa, região conhecida pelo turismo ecológico. A aeronave explodiu ao atingir o solo e matou as quatro pessoas que estavam a bordo.
Entre as vítimas estão o piloto e proprietário do avião, Marcelo Pereira de Barros, o arquiteto chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores nomes da arquitetura e urbanismo sustentável do mundo, e os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr.. A morte do grupo interrompeu não apenas projetos pessoais e profissionais, mas também uma agenda de produções que dialogavam com questões ambientais urgentes.
A trajetória das vítimas
O arquiteto Kongjian Yu, nascido na China e formado em Harvard, era referência internacional no conceito de “cidades esponja”, que propõe soluções urbanísticas baseadas na natureza para mitigar os efeitos de enchentes e mudanças climáticas. Sua visão alia sustentabilidade, inovação e impacto social, sendo aplicada em diversos países. Yu esteve recentemente no Brasil para participar de palestras e eventos acadêmicos, incluindo a abertura da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada no Parque Ibirapuera.
Os brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. trabalhavam na produção de um documentário sobre o legado de Yu e seu conceito de cidades resilientes. A proposta era registrar experiências internacionais e adaptá-las à realidade urbana brasileira. Segundo amigos, o projeto representava uma oportunidade de ampliar a visibilidade de soluções sustentáveis para problemas urbanos.
Já o piloto Marcelo Pereira de Barros, experiente em aviação de pequeno porte, era proprietário da aeronave e conhecedor da região do Pantanal. Seu papel era viabilizar o deslocamento do grupo durante as filmagens.
As circunstâncias do acidente
O avião caiu pouco depois de decolar em direção a outro ponto da região pantaneira. Com o impacto, a aeronave explodiu e os corpos foram carbonizados. Equipes da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) foram mobilizadas para o resgate.
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De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, a área de difícil acesso representa um desafio adicional para a remoção dos corpos e para a perícia. O trabalho das equipes pode se estender nos próximos dias.
As causas da queda ainda não foram esclarecidas. A investigação inicial caberá ao Dracco, mas deve contar também com apoio de órgãos aeronáuticos, que vão avaliar desde as condições climáticas no Pantanal até possíveis falhas técnicas no avião. A região é marcada por períodos extremos de seca e cheia, fatores que impactam diretamente as operações de voo.
Repercussão e legado
A morte de Kongjian Yu repercutiu em veículos internacionais de arquitetura e urbanismo. Conhecido como um “visionário da sustentabilidade”, Yu defendia a integração entre cidades e natureza, inspirando projetos em diferentes continentes. Sua passagem pelo Brasil já havia gerado debates sobre a necessidade de repensar a ocupação urbana em tempos de crise climática.
No Brasil, colegas de profissão e instituições lamentaram a perda. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) destacou que a presença de Yu na Bienal Internacional de Arquitetura reforçava a relevância do evento no cenário mundial. Para além da arquitetura, a tragédia também atinge o cinema documental brasileiro, que perde dois profissionais empenhados em registrar histórias de impacto global.
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Um acidente que marca o Pantanal
A queda do avião em Aquidauana representa mais do que uma tragédia pessoal: é também um episódio que coloca em evidência os riscos da aviação de pequeno porte em regiões remotas. O Pantanal, com sua vasta extensão e beleza natural, é destino frequente de pesquisadores, documentaristas e turistas. No entanto, as dificuldades de acesso tornam as viagens aéreas uma necessidade, ainda que arriscada.
Enquanto autoridades trabalham para esclarecer o acidente, famílias, amigos e colegas das vítimas prestam homenagens. O episódio deixa uma lacuna significativa na arquitetura mundial e no cinema documental brasileiro, interrompendo projetos que buscavam justamente promover a harmonia entre o homem e a natureza.
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