Cinco anos após o lançamento, o pagamento via Pix ultrapassa 162 milhões de usuários e segue em expansão, enquanto o Banco Central reforça segurança e anuncia novas funcionalidades.
O Pix chega aos seus cinco anos neste domingo (16) como um dos maiores fenômenos de adesão tecnológica do país. Criado pelo Banco Central para facilitar transferências instantâneas, o sistema já reúne 162 milhões de usuários — número superior à população economicamente ativa, estimada em cerca de 110 milhões de pessoas. Em outubro, foram registradas 7,3 bilhões de transações, movimentando R$ 3,3 trilhões, valor próximo a um terço do PIB brasileiro. Mesmo com o triunfo em volume, a TED ainda lidera em valor total movimentado, chegando a R$ 3,9 trilhões no mesmo período, impulsionada pelo uso corporativo.
O crescimento acelerado do Pix tem alimentado projeções otimistas. Um levantamento do Ebanx, baseado em dados públicos do Banco Central, estima que o sistema possa ultrapassar 7,9 bilhões de transações em dezembro — movimento típico do fim do ano — e alcançar R$ 35 trilhões em 2025, representando salto de 34% em relação ao ano anterior. O estudo também ressalta que nenhum sistema instantâneo cresceu tão rápido no mundo: enquanto o Pix atingiu seu auge em cinco anos, o UPI da Índia, que inspirou o modelo brasileiro, levou quase sete anos para atingir patamar semelhante.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, classifica o desempenho como motivo de orgulho nacional. Para ele, o Pix demonstra como a inovação pública pode transformar relações econômicas, reduzir custos e tornar pagamentos cotidianos mais acessíveis.
Como nasceu o Pix e por que se tornou dominante
Embora tenha sido lançado em 2020, o Pix começou a ser desenhado em 2018, quando o Banco Central criou um grupo com especialistas do setor financeiro e da academia para discutir modelos de pagamento instantâneo. O objetivo era criar uma ferramenta inclusiva, barata e capaz de reduzir dependência de dinheiro físico — algo que se tornou ainda mais relevante durante a pandemia.
Representantes do setor destacam o impacto do sistema. Para Denis Silva, CEO do Efí Bank, o Pix trouxe fluidez ao mercado ao simplificar pagamentos e diminuir atritos econômicos. Já Fernanda Garibaldi, diretora-executiva da Zetta, afirma que o sucesso do Pix demonstra que o Estado, quando bem estruturado, pode liderar soluções tecnológicas de alta escala.
O papel das entidades do setor financeiro
Entidades que atuam na regulamentação e aprimoramento do sistema também têm grande peso. A Zetta, por exemplo, reúne empresas do setor de tecnologia e serviços financeiros e defende marcos regulatórios modernos para garantir segurança e inovação. Já a INIT – Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos trabalha para fortalecer a abertura do ecossistema de pagamentos, promovendo competição e aprimoramentos técnicos. Para Gustavo Lino, representante da INIT, uma das prioridades para o avanço do Pix é reforçar a estrutura institucional do Banco Central, ampliando equipes e garantindo fiscalização efetiva.
Segurança: ataques reforçam a importância de melhorias
O Pix também enfrenta desafios. Em junho deste ano, um ataque hacker desviou cerca de R$ 813 milhões de contas usadas por instituições financeiras para gerir transferências. O episódio reacendeu o debate sobre segurança. O Banco Central afirma que o sistema é resiliente e que aprendeu com os incidentes: está em elaboração nova regulação para PSTIs — provedores de tecnologia que foram a porta de entrada da invasão. Segundo o diretor Ailton de Aquino, medidas adicionais de supervisão e monitoramento estão em andamento para minimizar riscos futuros.
Impacto econômico e redução do uso de dinheiro físico
Especialistas apontam que o Pix ajudou a reduzir custos para empresas e consumidores, especialmente ao eliminar tarifas antes comuns em TEDs e DOCs. A digitalização dos pagamentos diminuiu a circulação de dinheiro vivo: embora o BC tenha lançado a nota de R$ 200 em 2020, apenas 12,7% das unidades previstas chegaram a circular, reflexo da menor demanda por cédulas. Além disso, o custo de manutenção desse dinheiro — que recai sobre o setor financeiro e o próprio Banco Central — também caiu.

O que o Pix faz hoje e o que poderá fazer no futuro
O Pix já oferece modalidades diversas:
- Pix tradicional: transferências instantâneas 24 horas por dia;
- Pix Cobrança: pagamentos por QR Code com vencimento futuro;
- Pix Saque e Troco: retiradas de dinheiro em lojas ou caixas;
- Pix Agendado Recorrente: para pagamentos mensais de serviços;
- Pix por Aproximação: pagamentos sem abrir o aplicativo;
- Pix Automático: débitos recorrentes, substituindo boletos e cartões;
- Pix por voz, mensagem ou imagem: via assistentes virtuais e apps;
- Pagamento de boletos com Pix: autorizado desde fevereiro.
Entre as próximas funcionalidades estão:
- Pix Parcelado: ainda sem padronização oficial, mas já usado por bancos para compras maiores;
- Pix Garantia: permitir que empresas usem recebíveis futuros como garantia de crédito;
- Pix Internacional: já possível em alguns países, mas sem lançamento formal.
O último deve ganhar força conforme mais destinos passem a aceitar o sistema, especialmente Portugal e Argentina, onde a ferramenta já é comum entre brasileiros que vivem ou viajam para esses países.

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