O ouro despontou como o investimento mais rentável no terceiro trimestre de 2024, com um salto de 13,22%, consolidando-se como o principal refúgio para investidores em um cenário de incertezas econômicas e geopolíticas. O levantamento realizado pela consultoria Elos Ayta mostrou que, enquanto o ouro teve ganhos expressivos, opções de investimento como câmbio e fundos imobiliários apresentaram resultados negativos no mesmo período.
A tendência reflete a busca por segurança diante da volatilidade dos mercados globais e do ambiente econômico ainda incerto.
Além do ouro, o índice de dividendos da B3 (IDIV) e o Ibovespa também se destacaram, com ganhos de 7,93% e 6,38%, respectivamente. No entanto, os investimentos ligados ao dólar e ao setor imobiliário não tiveram a mesma sorte. A desvalorização do dólar Ptax (-1,99%) e a queda do índice de fundos imobiliários (IFIX) em 1,24% contribuíram para um desempenho inferior, mostrando que o cenário de investimentos continua a ser desafiador para determinadas categorias.
O desempenho positivo do ouro não foi apenas um fenômeno trimestral. Ao longo de 2024, o metal tem mostrado resiliência, fechando o acumulado do ano até setembro com crescimento de 27,85%. A valorização do ouro se deve, em grande parte, ao cenário global incerto, onde questões geopolíticas e a expectativa de mudanças nas políticas monetárias dos principais bancos centrais do mundo tornam esse ativo uma opção segura para investidores que buscam proteção contra a volatilidade dos mercados.
Einar Rivero, responsável pelo levantamento da Elos Ayta, explica que o ouro mantém seu protagonismo devido à sua capacidade de preservar valor em períodos de turbulência. “O destaque contínuo do ouro no trimestre e no acumulado do ano reflete a busca por segurança em um ambiente de incerteza global, onde questões econômicas e geopolíticas influenciam fortemente o mercado”, aponta Rivero.
Além do ouro, outros investimentos também apresentaram resultados positivos no terceiro trimestre. O índice de dividendos da B3 (IDIV) obteve valorização de 7,93%, impulsionado pelo bom desempenho de empresas pagadoras de dividendos, que atraíram investidores em busca de retornos mais estáveis. Em terceiro lugar, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, subiu 6,38%, refletindo a retomada de algumas ações e setores que estavam com preços atrativos após quedas anteriores.
Por outro lado, algumas categorias de investimentos enfrentaram quedas significativas. O dólar Ptax teve um recuo de 1,99%, enquanto o índice de fundos imobiliários (IFIX) fechou o trimestre com queda de 1,24%. A baixa do dólar reflete a pressão do mercado cambial diante das expectativas de redução dos juros nos Estados Unidos e da menor demanda por ativos considerados de risco. Já o desempenho negativo dos fundos imobiliários é resultado da preocupação com o aumento das vacâncias e a desaceleração do setor de imóveis comerciais.
O mês de setembro também registrou o ouro como o investimento mais rentável, com alta de 4,8%, seguido pelo Bitcoin, que avançou 3,69%, e pelo índice de fundos multimercados (IHFA), que teve crescimento de 0,97%. Esse movimento do ouro no mês é atribuído à sequência de recordes quebrados nas últimas semanas, o que gerou maior atratividade para os investidores.
No entanto, nem todos os investimentos tiveram bons resultados. O índice de Small Caps, que abrange empresas menores listadas na Bolsa de Valores brasileira, amargou a pior performance do mês, com queda de 4,41%. O dólar Ptax também recuou (-3,68%), seguido pelo Ibovespa, com perda de 3,08%. As oscilações indicam a preocupação dos investidores com o cenário econômico global e os possíveis impactos nos mercados emergentes.
Quando se considera o desempenho ao longo de todo o ano, o Bitcoin se destaca como o investimento mais lucrativo de 2024 até o momento, com uma valorização impressionante de 68,44%. Esse resultado representa um aumento ainda maior em relação ao primeiro semestre, quando o ativo já havia registrado alta de 63,26%. A criptomoeda continua a atrair investidores, especialmente aqueles que buscam diversificar suas carteiras e explorar ativos de maior risco.
O segundo lugar no acumulado do ano ficou com os BDRs (certificados de ações de empresas estrangeiras negociadas na Bolsa brasileira), que subiram 41,96%, acompanhando a sequência de recordes das bolsas de Wall Street. Em terceiro, o ouro manteve seu status de refúgio seguro, acumulando alta de 27,85%.
Por outro lado, algumas categorias enfrentaram dificuldades ao longo de 2024. As small caps tiveram o pior desempenho, com queda de 13,67%, refletindo a baixa liquidez e a maior sensibilidade às oscilações econômicas. O Ibovespa, por sua vez, recuou 1,77% no acumulado do ano, enquanto o IFIX teve leve baixa de 0,16%, demonstrando a fragilidade de alguns setores da economia.
A volatilidade tem sido uma característica marcante do mercado financeiro em 2024, com ativos de maior risco, como o Bitcoin, apresentando retornos excepcionais, enquanto investimentos tradicionais de renda variável, como small caps e alguns fundos imobiliários, enfrentam dificuldades. Para os próximos meses, a expectativa é de que a volatilidade permaneça, especialmente com a possibilidade de novas alterações nas políticas monetárias globais e o impacto de eventos geopolíticos.
No Brasil, a atenção se volta para a evolução do cenário econômico e a capacidade de recuperação de setores que ainda enfrentam desafios. A atração de investimentos e a estabilidade política serão fatores determinantes para a performance dos ativos no último trimestre de 2024.