Machu Picchu, o icônico sítio arqueológico peruano e uma das sete maravilhas do mundo moderno, enfrenta um cenário turbulento nos últimos dias. O motivo dessa crise é a recente privatização dos ingressos para o local, realizada pela empresa Joinnus. O que deveria ser uma tentativa de otimizar a comercialização de ingressos e a gestão do turismo transformou-se em uma controvérsia que levou a protestos, bloqueios e uma greve por tempo indeterminado.
Os manifestantes em Machu Picchu alegam que a privatização da venda de ingressos representa uma ameaça à integridade da cidade inca e à sua acessibilidade ao público. Desde o dia 25 de janeiro, operadores turísticos e moradores locais mantêm seus negócios fechados e bloqueiam o acesso à região em sinal de protesto. Até mesmo as atividades dos trens que levam visitantes ao parque arqueológico foram suspensas, causando transtornos e a saída apressada de centenas de turistas.
A principal demanda dos manifestantes é o cancelamento do contrato com a Joinnus. Apesar de esforços de negociação envolvendo ministros da Cultura, Comércio Exterior e Turismo, o prefeito de Machu Picchu e o governador Werner Salcedo, as conversações não resultaram em um acordo. A situação chegou ao ponto em que a greve foi radicalizada, aumentando ainda mais as tensões.
A ministra da Cultura peruana, Leslie Urteaga, está no centro das críticas dos manifestantes. Eles a responsabilizam por permitir a venda de ingressos pela Joinnus e, em sinal de descontentamento, carregam faixas com mensagens como “Ministra da Cultura, não alugue Machu Picchu, alugue sua casa”. Além disso, eles questionam a imposição de uma comissão de 3,9% sobre o valor de cada ingresso vendido pela empresa.
Urteaga defendeu que Machu Picchu pertence a todos os peruanos e propôs a criação de uma mesa de diálogo para buscar uma solução. Por sua vez, a Joinnus se declarou disposta a cooperar e renunciou voluntariamente à comissão variável por ingresso durante seis meses.
Apesar das tentativas de conciliação, os manifestantes continuam firmes em suas demandas e agora aguardam os resultados das negociações agendadas para 30 de janeiro.
O turismo é uma das principais vítimas dessa crise em Machu Picchu. Centenas de visitantes não conseguiram acessar o local ou retornar às suas acomodações, o que levou as autoridades a intervir para realojá-los. Algumas imagens mostram turistas completando a jornada a pé, sob chuva, o que evidencia a situação delicada.
Carlos González, presidente da Câmara de Comércio e Turismo de Ollantaytambo, estimou que até 1.800 turistas precisaram ser retirados da região. A Defensoria Pública do Peru condenou o bloqueio de estradas pelos manifestantes e enfatizou a necessidade de canalizar as reivindicações por meio do diálogo, respeitando o direito de protesto sem afetar os direitos de outras pessoas.
Além disso, os fechamentos de negócios em Machu Picchu prejudicaram a economia local. Familias que dependem do fluxo de viajantes para guias, hotelaria e alojamento estão enfrentando um impacto financeiro significativo.
Machu Picchu, declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1983, enfrentou diversos desafios ao longo dos anos. Em dezembro, houve o anúncio do aumento do número de visitantes permitidos em dias específicos, o que gerou preocupações sobre a conservação e sustentabilidade do local. Em setembro de anos anteriores, o próprio Ministério da Cultura fechou setores da cidade inca devido ao desgaste.
Este é mais um episódio na história conturbada de Machu Picchu, que agora aguarda o desfecho das negociações para determinar o futuro da gestão dos ingressos e do turismo na região.
Machu Picchu, um tesouro histórico e cultural peruano, está enfrentando uma crise complexa devido à privatização dos ingressos pelo Joinnus. Os protestos, a greve e o impacto no turismo destacam a importância de encontrar uma solução equilibrada para as demandas dos manifestantes e a sustentabilidade do local. Enquanto as negociações continuam, o mundo aguarda ansiosamente para ver como o futuro de Machu Picchu será moldado por esses eventos.