Se engana quem pensa que todos os lagos do mundo são apenas grandes espelhos d’água cercados por árvores. Em diversos cantos do planeta, existem lagos tão incomuns que parecem ter sido moldados por artistas cósmicos, com cores surreais, formações geológicas impressionantes e até comportamentos explosivos. Eles desafiam nossa percepção do que é “natural” e nos convidam a repensar os limites da beleza e da ciência.
Neste artigo, você vai conhecer os lagos mais diferentes do mundo, cada um com uma característica única: das águas cor-de-rosa aos lagos de lava, passando por superfícies que parecem feitas de vidro. Prepare-se para uma viagem por paisagens que beiram o inacreditável — e que estão, sim, neste planeta.
Lago Natron – Tanzânia: onde a água transforma animais em “estátuas”
Este é, possivelmente, o lago mais “assustador” da lista. Localizado no norte da Tanzânia, o Lago Natron parece inofensivo à primeira vista, com águas avermelhadas e uma paisagem desértica ao redor. Mas a realidade é bem mais extrema: sua água é altamente alcalina, com pH próximo ao da amônia. A temperatura pode chegar a 60 °C, tornando-o mortal para a maioria dos seres vivos.
O mais impressionante é que aves e outros animais que entram em contato com suas águas podem acabar “mumificados”, como se tivessem virado pedra. O fenômeno já foi registrado em diversas imagens marcantes, transformando o lago em um enigma da natureza.
Lago Hillier – Austrália: rosa como algodão-doce
Imagine olhar do alto e ver um lago completamente rosa, cercado por uma floresta verde e o oceano azul logo ao lado. Essa é a paisagem oferecida pelo Lago Hillier, na Ilha Middle, no sul da Austrália.
O tom rosa vibrante permanece o ano inteiro e ainda intriga cientistas. Acredita-se que seja causado por microalgas e bactérias halófilas que prosperam nas águas salgadas, mas o efeito é tão constante que parece montagem — até você estar lá. E o mais curioso: a água rosa continua rosa mesmo quando colocada em frascos.
Lago Baikal – Rússia: o mais profundo e antigo do planeta
Localizado na Sibéria, o Lago Baikal detém dois títulos impressionantes: é o lago mais profundo do mundo, com 1.642 metros de profundidade, e o mais antigo, com cerca de 25 milhões de anos. Mas o que realmente o torna único é a sua aparência no inverno.
Quando congelado, o Baikal exibe um gelo cristalino de uma transparência quase surreal. É possível ver pedras, bolhas de ar e até fissuras a metros de profundidade, criando um verdadeiro espetáculo natural que atrai turistas e fotógrafos de todo o mundo.
Lago Retba – Senegal: o primo africano do Hillier
Também conhecido como Lago Rosa de Dakar, o Lago Retba impressiona com sua coloração rosada, especialmente visível na estação seca. Assim como o Lago Hillier, seu tom se deve à presença de micro-organismos e ao alto teor de sal na água.
É possível boiar facilmente em suas águas salinas, assim como no Mar Morto. A região ao redor é rica em vida e cultura, tornando o passeio uma combinação de ciência, beleza e tradição senegalesa.
Lago Crater – Estados Unidos: um lago formado por um vulcão colapsado
Situado no estado do Oregon, o Lago Crater foi formado há cerca de 7.700 anos, após o colapso do vulcão Mount Mazama. O resultado foi uma caldeira gigantesca que se encheu com água da chuva e do degelo.
O lago é famoso pela cor azul-intensa e por ter uma das águas mais puras do mundo. No centro, há até uma “árvore fantasma” — um tronco de madeira que flutua verticalmente há mais de um século, resistindo ao tempo como um vigia silencioso da história geológica da região.
Lago Resia – Itália: onde uma torre emerge das águas
Imagine passear pelos Alpes italianos e avistar, em meio a um lago, uma torre de igreja emergindo das águas. Essa é a visão oferecida pelo Lago Resia, no norte da Itália. A construção submersa é o único vestígio visível de um vilarejo inundado para a construção de uma represa em 1950.
No inverno, o lago congela e é possível caminhar até a torre, que virou um ícone fotográfico e símbolo de resistência histórica. Uma mistura de beleza, memória e melancolia.
Lago de Ácido do Vulcão Ijen – Indonésia: um espetáculo azul-turquesa mortal
Nas montanhas do leste de Java, encontra-se o lago do vulcão Ijen, um dos mais ácidos do mundo. Sua aparência serena — com tons de azul-turquesa intensos — contrasta com sua realidade: um lago de ácido sulfúrico com pH extremamente baixo.
À noite, os gases do enxofre que se inflamam ao contato com o oxigênio criam um efeito de “chamas azuis”, uma das visões mais surreais e perigosas da natureza.
Lago Maracaibo – Venezuela: onde relâmpagos nunca dormem
Apesar de tecnicamente ser uma baía, o Lago Maracaibo é conhecido por seu fenômeno atmosférico incomum: o “Relâmpago do Catatumbo”. Durante boa parte do ano, quase todas as noites, a região é iluminada por milhares de relâmpagos — silenciosos, mas constantes.
O fenômeno é causado pela colisão de massas de ar quentes e frias na região e pode ser visto a quilômetros de distância. Um espetáculo elétrico que já entrou para o Guinness como o lugar com maior frequência de relâmpagos do mundo.
Lagos são, por definição, espelhos da natureza. Mas alguns deles vão além e se tornam protagonistas de histórias que mesclam ciência, mitologia, geologia e arte. Conhecer os lagos mais diferentes do mundo é viajar por atmosferas que desafiam o previsível e expandem o olhar sobre o planeta.
Sejam eles alcalinos, coloridos, congelados ou vivos em eletricidade, esses lagos nos lembram da genialidade e diversidade da Terra — e do quanto ainda temos para explorar, contemplar e preservar.
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