Luiz Veroneze – MTB 9830/PR
O Prêmio Nobel de Literatura, desde sua concepção em 1901, tem sido um reconhecimento supremo da excelência literária, honrando autores cujas obras possuem uma profundidade, originalidade e impacto significativos na cultura e na sociedade.
Ao longo dos anos, uma diversidade de escritores, de diferentes culturas e línguas, foi agraciada com este prêmio. A honraria costuma dividir opiniões e autores, tendo grandes nomes não ter recebido, como o escritor argentino Jorge Luis Borges, autor de Biblioteca de Babel, Ficções e Aleph, e Jorge Amado, autor de clássicos como Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos. Infelizmente, até o presente momento, nenhum escritor brasileiro foi contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura, apesar da vasta produção nacional e da ampla condição cultural.
Para aqueles que preferem uma lista de 100 melhores livros da literatura mundial, que contempla ganhadores e não ganhadores do Nobel, apresentamos a lista Os 150 melhores livros que compõem a essência da literatura universal.
Apesar de suas diferenças evidentes, esses laureados compartilham características fundamentais que não apenas os destacam no panorama literário, mas também contribuem para o legado duradouro de suas obras.
Profundidade temática e exploração da condição humana
Uma das marcas registradas dos laureados com o Nobel de Literatura é a habilidade de explorar a complexidade da condição humana. Seja através da ficção, poesia, drama ou ensaio, esses autores mergulham profundamente nas questões existenciais, éticas e morais, refletindo sobre o amor, a morte, a liberdade, a alienação e a busca por significado. Suas obras frequentemente atuam como espelhos da sociedade, desvendando as camadas de conflitos pessoais e coletivos, desejos e dilemas.
Inovação estilística e narrativa
Os laureados do Nobel são frequentemente pioneiros em estilos narrativos e técnicas literárias. Eles inovam na forma e na estrutura de suas obras, quebrando convenções e desafiando as expectativas dos leitores. A originalidade de sua escrita não se limita apenas à escolha de palavras, mas também na maneira como estruturam suas narrativas, criam seus personagens e desenvolvem enredos. Essa busca constante pela inovação reflete um compromisso com a arte da literatura e um desejo de empurrar suas fronteiras.
Impacto cultural e social
Outra característica comum entre os laureados é o impacto significativo de suas obras na cultura e na sociedade. Muitos desses autores abordam temas de relevância social e política, provocando discussões, questionamentos e, em alguns casos, mudanças. Suas obras transcenderam o domínio literário, influenciando movimentos sociais, teorias críticas e debates públicos. O reconhecimento do Nobel muitas vezes destaca o papel vital da literatura como um meio de conscientização e transformação social.
Universalidade e diversidade
A lista de laureados com o Nobel de Literatura é um testemunho da rica diversidade e universalidade da literatura global. Abarcando uma ampla gama de países, culturas e tradições literárias, esses autores demonstram que, apesar das vastas diferenças culturais, existem experiências humanas compartilhadas e temas universais que ressoam com leitores ao redor do mundo. Essa universalidade, combinada com a autenticidade de suas vozes e contextos culturais específicos, enriquece o diálogo global e promove um entendimento mútuo.
Esperamos que o Prêmio Nobel de Literatura contemple algum autor brasileiro nos próximos anos, muito embora, nos dias atuais, poucos autores tem uma profundidade literária com impacto internacional, a ponto de ser contemplado. Mas existem autores com qualidade de levar o Prêmio Nobel, sem dúvida.
Os 100 livros essenciais de autores laureados com o Prêmio Nobel de Literatura, não são necessariamente o melhor de cada autor do conceito comercial. Se algum leitor mais perspicaz entender que devemos trocar algum autor por outro não citado na lista, favor contribuir, para atualizarmos esta relação, que por si só já é incompleta, considerando que, até hoje, 120 autores foram laureados com o Prêmio Nobel de Literatura.
Na lista abaixo, a gente não enumerou a lista de 01 a 100, por entender que neste caso não é possível hierarquizar as melhores obras.
Os 100 livros essenciais do Prêmio Nobel de Literatura:
· Bob Dylan (2016) – “Tarântula”
· Alice Munro (2013) – “Fugitiva”
· Mo Yan (2012) – “Sorgo Vermelho”
· Mario Vargas Llosa (2010) – “A Festa do Bode”
· Herta Müller (2009) – “O Rei se Inclina e Mata”
· J.M.G. Le Clézio (2008) – “Deserto”
· Doris Lessing (2007) – “O Caderno Dourado”
· Orhan Pamuk (2006) – “Meu Nome é Vermelho”
· Harold Pinter (2005) – “O Porteiro”
· Elfriede Jelinek (2004) – “A Pianista”
· J.M. Coetzee (2003) – “Desonra”
· Imre Kertész (2002) – “Sem Destino”
· V.S. Naipaul (2001) – “Uma Casa para o Sr. Biswas”
· Gao Xingjian (2000) – “Montanha da Alma”
· Günter Grass (1999) – “O Tambor”
· José Saramago (1998) – “Ensaio Sobre a Cegueira”
· Dario Fo (1997) – “Morte Acidental de um Anarquista”
· Wislawa Szymborska (1996) – “Vista com um Grão de Areia”
· Seamus Heaney (1995) – “Beowulf” (tradução)
· Kenzaburo Oe (1994) – “Uma Questão Pessoal”
· Toni Morrison (1993) – “Amada”
· Derek Walcott (1992) – “Omeros”
· Nadine Gordimer (1991) – “Julho’s People”
· Octavio Paz (1990) – “O Labirinto da Solidão”
· Camilo José Cela (1989) – “A Família de Pascual Duarte”
· Naguib Mahfouz (1988) – “Trilogia de Cairo”
· Joseph Brodsky (1987) – “Menos que Um”
· Wole Soyinka (1986) – “Ake: Os Anos de Infância”
· Claude Simon (1985) – “A Estrada de Flandres”
· Jaroslav Seifert (1984) – “O Plágio”
· William Golding (1983) – “O Senhor das Moscas”
· Gabriel García Márquez (1982) – “Cem Anos de Solidão”
· Elias Canetti (1981) – “Massa e Poder”
· Czesław Miłosz (1980) – “O Pensamento Cativo”
· Odysseus Elytis (1979) – “Para a Liberdade”
· Isaac Bashevis Singer (1978) – “O Mágico de Lublin”
· Vicente Aleixandre (1977) – “Sombra del Paraíso”
· Saul Bellow (1976) – “Herzog”
· Eugenio Montale (1975) – “Os Ossos de Cutícula”
· Eyvind Johnson, Harry Martinson (1974) – “Strändernas Svall”, “Aniara”
· Patrick White (1973) – “Voss”
· Heinrich Böll (1972) – “Opiniões de um Palhaço”
· Pablo Neruda (1971) – “Canto Geral”
· Aleksandr Solzhenitsyn (1970) – “Arquipélago Gulag”
· Samuel Beckett (1969) – “Esperando Godot”
· Yasunari Kawabata (1968) – “Beleza e Tristeza”
· Miguel Ángel Asturias (1967) – “Homens de Milho”
· Shmuel Yosef Agnon, Nelly Sachs (1966) – “Tehila”, “Ode à Morte”
· Mikhail Sholokhov (1965) – “O Don Tranquilo”
· Jean-Paul Sartre (1964, recusou) – “Náusea”
· Giorgos Seferis (1963) – “Mithistórima”
· John Steinbeck (1962) – “As Vinhas da Ira”
· Ivo Andrić (1961) – “A Ponte sobre o Drina”
· Saint-John Perse (1960) – “Anabase”
· Salvatore Quasimodo (1959) – “Vida Não é Sonho”
· Boris Pasternak (1958, recusou) – “Doutor Jivago”
· Albert Camus (1957) – “A Peste”
· Juan Ramón Jiménez (1956) – “Platero e Eu”
· Halldór Laxness (1955) – “Gente Independente”
· Ernest Hemingway (1954) – “O Velho e o Mar”
· Winston Churchill (1953) – “A Segunda Guerra Mundial”
· François Mauriac (1952) – “Thérèse Desqueyroux”
· Pär Lagerkvist (1951) – “Barabbas”
· Bertrand Russell (1950) – “História da Filosofia Ocidental”
· William Faulkner (1949) – “O Som e a Fúria”
· T.S. Eliot (1948) – “Terra Desolada”
· André Gide (1947) – “Os Moedeiros Falsos”
· Hermann Hesse (1946) – “O Lobo da Estepe”
· Gabriela Mistral (1945) – “Desolação”
· Johannes V. Jensen (1944) – “A Longa Viagem”
· Frans Eemil Sillanpää (1939) – “Meek Heritage”
· Pearl S. Buck (1938) – “A Boa Terra”
· Roger Martin du Gard (1937) – “Os Thibault”
· Eugene O’Neill (1936) – “Longa Jornada Noite Adentro”
· Luigi Pirandello (1934) – “Seis Personagens à Procura de um Autor”
· Ivan Bunin (1933) – “O Caso do Corneta Elagin”
· John Galsworthy (1932) – “A Saga dos Forsyte”
· Erik Axel Karlfeldt (1931, postumamente) – “Poesias Completas”
· Sinclair Lewis (1930) – “Main Street”
· Thomas Mann (1929) – “A Montanha Mágica”
· Sigrid Undset (1928) – “Kristin Lavransdatter”
· Grazia Deledda (1926) – “Canne al Vento”
· George Bernard Shaw (1925) – “Pigmalião”
· W.B. Yeats (1923) – “A Torre”
· Anatole France (1921) – “A Ilha dos Pingüins”
· Knut Hamsun (1920) – “Fome”
· Carl Spitteler (1919) – “Olympian Spring”
· Rabindranath Tagore (1913) – “Gitanjali”
· Gerhart Hauptmann (1912) – “Os Tecelões”
· Paul Heyse (1910) – “L’Arrabbiata”
· Selma Lagerlöf (1909) – “A Saga de Gösta Berling”
· Rudyard Kipling (1907) – “O Livro da Selva”
· Giosuè Carducci (1906) – “Odes Bárbaras”
· Henryk Sienkiewicz (1905) – “Quo Vadis”
· Frédéric Mistral, José Echegaray (1904) – “Mirèio”, “O Grande Galeoto”
· Bjørnstjerne Bjørnson (1903) – “Além das Forças”
· Theodor Mommsen (1902) – “História de Roma”
· Sully Prudhomme (1901) – “Poesia”
· Alice Ann Munro (2013) – “Demasiada Felicidade”
· Kazuo Ishiguro (2017) – “Os Vestígios do Dia”
Os laureados com o Prêmio Nobel de Literatura compartilham uma dedicação excepcional à arte da palavra escrita, manifestada através da profundidade temática, inovação estilística, impacto cultural e universalidade em suas obras.
Eles nos lembram do poder da literatura de transcender fronteiras, conectar humanos em níveis profundos e provocar reflexões significativas sobre a existência. Enquanto o prêmio celebra suas conquistas individuais, também honra a capacidade coletiva da literatura de iluminar, desafiar e transformar.