Obesidade infantil, um desafio crescente no Brasil

A obesidade infantil tem se tornado uma preocupação crescente em todo o mundo, refletindo uma realidade alarmante em diversos países, incluindo o Brasil.

O aumento do sedentarismo e a alimentação baseada em produtos processados e ultraprocessados vêm impulsionando os índices de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes.

Segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), em 2023, 14,2% das crianças com menos de cinco anos apresentavam excesso de peso ou obesidade. O número reforça a necessidade de ações concretas para conter esse avanço, especialmente no ambiente escolar, onde grande parte da alimentação infantil é realizada.

Em resposta a essa crise de saúde pública, o Governo Federal anunciou, durante o 6º Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), uma nova diretriz que reduz para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados na alimentação escolar em 2024, com previsão de redução para 10% até 2026.

A iniciativa visa fortalecer a qualidade da alimentação nas escolas e contribuir para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis desde a infância.

O Dr. Afonso José Sallet, especialista em obesidade e doenças metabólicas do Instituto Sallet, alerta que a alimentação oferecida às crianças em idade escolar tem impacto direto nos índices de obesidade infantil. “Basta observar o que é encontrado nas lancheiras e cantinas escolares.

O crescimento da obesidade infantil no Brasil preocupa especialistas. Descubra as causas, consequências e medidas para combater essa epidemia.

O consumo elevado de doces, refrigerantes e salgadinhos ultraprocessados é uma realidade, e esses produtos, além de acessíveis financeiramente, são altamente palatáveis, o que estimula seu consumo excessivo”, explica o especialista.

O Brasil e a epidemia da obesidade infantil

No próximo dia 4 de março, celebra-se o Dia Mundial da Obesidade, uma data dedicada à conscientização sobre essa doença que atinge indivíduos de todas as idades e classes sociais. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), se medidas urgentes não forem tomadas, o Brasil ocupará a 5ª posição no ranking mundial de crianças e adolescentes com obesidade até 2030, com apenas 2% de chance de reverter esse cenário.

Os números revelam que:

  • 14,3% das crianças de dois a quatro anos estão com excesso de peso;
  • 227,6 mil crianças apresentam quadro de obesidade;
  • 273,3 mil crianças estão com sobrepeso;
  • Entre crianças de cinco a nove anos, 29,3% têm excesso de peso;
  • 200 mil crianças possuem obesidade grave;
  • 352,8 mil apresentam obesidade;
  • 670,9 mil crianças estão com sobrepeso.

Os principais fatores para o aumento da obesidade infantil

O Dr. Sallet destaca que a obesidade infantil não se deve apenas à má alimentação. Outros fatores desempenham papel fundamental nesse cenário:

  • Sedentarismo: O uso excessivo de tecnologia, como smartphones, tablets e videogames, reduz significativamente a prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre.
  • Fatores genéticos: Crianças com histórico familiar de obesidade têm maior predisposição a desenvolver a doença.
  • Ambiente familiar e social: Hábitos alimentares prejudiciais e falta de incentivo às atividades físicas dentro de casa aumentam os riscos.
  • Questões emocionais: Problemas como ansiedade, depressão e bullying podem levar à compensação alimentar, resultando no consumo excessivo de calorias.

Consequências a longo prazo e a importância da prevenção

A obesidade infantil não impacta apenas a saúde física, mas também emocional e socialmente. Crianças obesas estão mais propensas a desenvolver doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Para o Dr. Sallet, enfrentar esse problema exige uma abordagem integrada, envolvendo pais, educadores, profissionais de saúde e governantes. “O combate à obesidade infantil deve passar por mudanças estruturais, garantindo uma alimentação escolar equilibrada, incentivo às atividades físicas e campanhas de conscientização voltadas à população”, finaliza o especialista.