A Plimpton 322, uma enigmática tábua de barro, repousou silenciosamente em meio à história por quase 100 anos, até que pesquisadores da Universidade da Nova Gales do Sul (UNGS), na Austrália, a identificassem como uma das mais antigas e possivelmente a mais precisa tabela de trigonometria do mundo antigo. Essa descoberta extraordinária lança uma nova luz sobre o desenvolvimento da matemática babilônica e desafia nossa compreensão prévia.
A Plimpton 322, batizada com o nome de seu último proprietário, George Arthur Plimpton, foi encontrada no Iraque no início do século 20 pelo arqueólogo americano Edgar Banks, que supostamente inspirou o famoso personagem Indiana Jones. No entanto, por quase um século, essa misteriosa tábua de barro permaneceu conhecida apenas como Plimpton 322.
A peculiaridade da Plimpton 322 reside no uso do número 60 como base. Pesquisadores da UNGS observaram que essa escolha pode ter permitido aos antigos babilônios derivar integrais em vez de lidar com frações complexas. A tábua é organizada em 15 linhas e 4 colunas, e suas proporções revelam um domínio surpreendente da trigonometria.
A Plimpton 322 não desvenda a trigonometria por meio de ângulos, como as modernas tabelas trigonométricas. Em vez disso, sua primeira coluna exibe proporções quase idênticas, criando triângulos praticamente equiláteros. À medida que as linhas avançam, as proporções diminuem, resultando em triângulos isósceles cada vez mais estreitos. Essa abordagem única sugere um profundo entendimento matemático dos antigos babilônios.
Apesar do entusiasmo em torno da Plimpton 322 como uma tabela de trigonometria, alguns especialistas são céticos. Duncan Melville, especialista em matemática mesopotâmica, argumenta que a tábua consiste apenas em resultados matemáticos, não fornecendo insights sobre o processo utilizado para obtê-los. Ele acredita que a interpretação da Plimpton 322 como uma tabela trigonométrica é puramente especulativa.
Donald Allen, professor de matemática da Universidade A&M do Texas, destaca a importância da Plimpton 322 na evidência do terno pitagórico, que sugere que os babilônios conheciam o Teorema de Pitágoras muito antes de Pitágoras. Se a tábua realmente se destinava a cálculos envolvendo triângulos, o contexto histórico preciso de sua aplicação permanece em debate.
A Plimpton 322 continua a intrigar e desafiar nossa compreensão da matemática babilônica. Seja uma tabela de trigonometria ou não, seu valor histórico é inegável. Ela nos conecta a uma era antiga de pensadores matemáticos e questiona as origens e evolução dessa disciplina fundamental. A Plimpton 322, mesmo após quase um século de obscuridade, permanece como um tesouro matemático, lembrando-nos de que as fronteiras da matemática podem ser reescritas pela descoberta de relíquias do passado.