Novas descobertas nas ruínas de Pompeia surpreendem arqueólogos

Pompeia, a cidade romana tragicamente sepultada pela erupção do Vesúvio em 79 d.C., continua a fascinar o mundo com suas descobertas arqueológicas.

Recentemente, uma série de escavações sob a direção da Superintendência da Área Metropolitana de Nápoles revelou novos segredos enterrados nas proximidades dessa antiga metrópole. Estas descobertas não apenas lançam luz sobre a vida cotidiana antes da catástrofe, mas também oferecem uma nova compreensão das práticas funerárias e agrícolas da região.

Durante as escavações para a construção de um estacionamento subterrâneo na Via Fucci, a leste da antiga cidade de Pompeia, arqueólogos descobriram uma necrópole contendo 35 sepulturas dispostas de maneira organizada e cobertas com ânforas. Essas sepulturas datam de um período pré-romano, entre os séculos III e I a.C., e sua descoberta proporciona uma nova perspectiva sobre as práticas funerárias da época.

Cada sepultura estava coberta por ânforas dispostas em uma formação alternada, com o pescoço e a ponta das ânforas posicionados de forma meticulosa. Essa disposição cuidadosamente planejada sugere que essas sepulturas tinham um significado cultural profundo, refletindo rituais e tradições funerárias ainda não completamente compreendidos.

As ânforas, originárias do norte da África, foram identificadas pela marca do fabricante na língua púnica, destacando a conexão de Pompeia com outras culturas mediterrâneas.

Além da necrópole, os arqueólogos encontraram um canal que parece estar associado a contextos funerários destruídos. Este canal revelou centenas de fragmentos de azulejos, pedaços de madeira preservada, ânforas e dolia, grandes recipientes de barro usados para o armazenamento e transporte de mercadorias.

Esses objetos sugerem que o canal pode ter sido usado como parte de um complexo sistema funerário ou de uma infraestrutura de armazenamento relacionada ao comércio.

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Entre os achados mais intrigantes do canal estão 20 pequenas columelas de pedra vulcânica, azulejos estampados na língua osca local e uma cabeça de pedra feita de tufo cinza da Campânia, retratando uma mulher com tinta vermelha ainda visível.

A preservação dessas columelas e da escultura sugere que elas podem ter desempenhado um papel significativo em rituais ou cerimônias, oferecendo uma visão rara das práticas religiosas e culturais da época.

Os arqueólogos também desenterraram vestígios de um extenso sistema de campos agrícolas sob as espessas camadas de pedra-pomes deixadas pela erupção do Vesúvio. Este sistema, com sulcos e fossos dispostos na direção norte-sul, abastecia os mercados e as casas da Pompeia romana com produtos frescos, evidenciando uma agricultura bem desenvolvida.

A descoberta de restos orgânicos e pólen está sendo atualmente analisada para identificar os tipos de vegetais que eram cultivados na região. As evidências até agora sugerem que alcachofras perenes eram uma cultura predominante, o que revela a sofisticação e a adaptabilidade dos métodos agrícolas romanos. A presença desses campos reforça a ideia de que a Pompeia pré-erupção era uma cidade próspera e autossuficiente, com uma economia agrícola robusta.

As novas descobertas perto de Pompeia são especialmente significativas porque fornecem informações sobre a vida na região antes da dominação romana total. O cerco de Sula a Pompeia durante a Guerra Social (91–87 a.C.) é um evento importante que marcou a transição de Pompeia de uma cidade aliada autônoma para uma cidade romana.

As escavações recentes sugerem que o canal funerário e os objetos encontrados podem ter sido construídos ou utilizados logo após esse período, oferecendo uma perspectiva única sobre as mudanças culturais e sociais que ocorreram durante essa transição.

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Além disso, a descoberta de artefatos com inscrições na língua osca e púnica destaca a diversidade cultural da região, sugerindo que Pompeia foi uma encruzilhada de diferentes culturas e influências ao longo de sua história. Essa mistura de culturas se reflete nos rituais funerários, nas práticas agrícolas e nos objetos cotidianos encontrados nas escavações, proporcionando um quadro mais completo e complexo da vida em Pompeia antes da sua destruição.

À medida que as escavações continuam, os arqueólogos esperam descobrir ainda mais sobre a vida e os costumes em Pompeia antes da erupção do Vesúvio. As descobertas recentes já estão mudando a forma como entendemos a cidade e sua história, e futuras pesquisas podem revelar novas informações sobre a relação entre Pompeia e outras culturas mediterrâneas, bem como sobre a vida cotidiana dos seus habitantes.

Essas descobertas não apenas enriquecem nosso conhecimento sobre Pompeia, mas também contribuem para uma compreensão mais ampla do mundo antigo. Elas demonstram a importância contínua da arqueologia em nos ajudar a reconstruir o passado e a compreender as complexidades das sociedades antigas.

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