O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, com início previsto para 1º de agosto.
A medida, divulgada pelo presidente Donald Trump, gerou preocupação entre lideranças empresariais de Santa Catarina, estado que tem nos EUA um dos seus principais mercados de destino para exportações, especialmente de itens industrializados.
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) considera o impacto da decisão significativo. O presidente eleito da entidade, Gilberto Seleme, defendeu que é necessária uma atuação urgente dos órgãos diplomáticos brasileiros para evitar prejuízos à economia estadual.
Segundo ele, o aumento tarifário compromete a competitividade construída ao longo dos anos e pode reduzir drasticamente o volume de vendas ao mercado americano.
Seleme avalia que a substituição desse mercado por outro com capacidade semelhante de absorção é improvável no curto prazo, e que o mercado interno brasileiro também não teria estrutura para compensar uma eventual retração nas exportações.
No setor moveleiro, os reflexos da medida já são evidentes. Arnaldo Huebl, vice-presidente da Fiesc no Planalto Norte, região que concentra a produção de móveis em São Bento do Sul, afirma que a nova alíquota inviabiliza a continuidade das vendas para os Estados Unidos.
De acordo com ele, a China — principal concorrente — tende a se beneficiar, pois já obteve reduções tarifárias anteriores, o que lhe devolve a vantagem no mercado norte-americano.
Huebl destaca ainda que os contratos firmados pelo setor geralmente têm validade de até três meses, o que facilita cancelamentos em curto prazo por parte dos importadores. Com isso, o risco de queda na produção e redução de postos de trabalho aumenta consideravelmente.
Os números confirmam a relevância dos Estados Unidos na pauta de exportações catarinenses. Em 2024, Santa Catarina exportou cerca de US$ 1,7 bilhão em produtos para o mercado americano. Apenas no primeiro semestre de 2025, o volume já se aproxima de US$ 850 milhões. A expectativa agora é de desaceleração progressiva, caso não haja acordo bilateral que reverta ou amenize a nova taxação.
Entre os principais itens exportados de Santa Catarina para os EUA estão móveis de madeira, peças para construção civil, motores elétricos, autopeças, equipamentos industriais, cerâmicas, iates, carne suína, couro e sucos processados.
Do lado das importações, o estado recebe dos EUA principalmente polímeros, borracha sintética, veículos, reagentes laboratoriais, motores, medicamentos, aço, derivados de petróleo e equipamentos médicos.
A decisão americana amplia a incerteza para diversos setores da economia catarinense. Representantes da indústria têm evitado manifestar posicionamentos políticos sobre o anúncio, mas reforçam a importância de uma resposta diplomática firme por parte do governo federal. O objetivo é buscar canais de diálogo que preservem a capacidade de exportação do estado e minimizem os riscos de retração econômica e desemprego.
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Estudante da área de saúde, Crysne Caroline Bresolin Basquera é especialista em produção de conteúdo local e regional, saúde, redes sociais e governos.