A arqueologia mundial foi novamente surpreendida por uma descoberta impressionante no Peru. Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores revelou uma estrutura piramidal até então oculta na Zona de Arqueologia em Chupacigarro, situada a oeste da cidade sagrada de Caral-Supe, um Patrimônio Mundial da UNESCO. Essa estrutura, datada de 3000 a 1800 a.C., promete oferecer novas perspectivas sobre uma das civilizações mais antigas das Américas: a Civilização Caral.
A nova pirâmide foi identificada durante explorações arqueológicas recentes, permitindo que os especialistas detectassem paredes de pedra formando três plataformas sobrepostas. Um dos elementos mais intrigantes da estrutura são as chamadas “huancas”, grandes pedras verticais posicionadas nos cantos do edifício e ao longo da escadaria central que dava acesso ao topo da pirâmide.
Acredita-se que esta estrutura tivesse uma função cerimonial, servindo como ponto de convergência para rituais religiosos e sociais dos antigos habitantes da região. Os arqueólogos destacam que esta descoberta faz parte de uma rede maior de estruturas, espalhadas pelo Vale do Supe, e que variam em tamanho, orientação e características arquitetônicas.
A civilização Caral, considerada uma das mais antigas do Hemisfério Ocidental, floresceu entre 3000 e 1800 a.C. e é frequentemente comparada às sociedades da Mesopotâmia e Egito Antigo. O que torna Caral tão singular é sua capacidade de desenvolver um urbanismo sofisticado sem o uso da cerâmica ou ferramentas metálicas.
Os pesquisadores identificaram um complexo urbano com 12 estruturas cerimoniais dispostas estrategicamente nos topos das colinas, cercando um espaço central. Algumas dessas estruturas eram supervisionadas por um edifício principal, sugerindo uma organização hierárquica dentro da sociedade Caral.
Os arqueólogos determinaram que Chupacigarro foi construído em um ponto estratégico, facilitando a comunicação entre os povos do Vale do Supe inferior e a costa de Huaura. Esse posicionamento possibilitou o intercâmbio de produtos essenciais, como frutos do mar, que eram trazidos por comunidades litorâneas e fornecidos aos habitantes do interior.
A interligação entre essas comunidades reforça a teoria de que a civilização Caral mantinha uma rede de trocas bem estruturada, o que explica seu notável crescimento e influência sobre outras culturas andinas posteriores.
Além da pirâmide, um dos achados mais fascinantes foi um geoglifo representando um perfil de cabeça no estilo Sechín, medindo impressionantes 62,1×30,3 metros. Os pesquisadores determinaram que ele foi traçado com pedras angulares e que pode ter servido como um marco visual sagrado, visível a partir de um ponto estratégico do antigo assentamento.
Os geoglifos desempenhavam um papel fundamental nas crenças e rituais dos povos pré-colombianos, sendo frequentemente associados a cerimônias de adoração e marcação territorial. A descoberta deste geoglifo reforça a importância de Chupacigarro dentro do contexto maior da civilização Caral.
A recente descoberta da pirâmide em Chupacigarro é um marco para a arqueologia sul-americana, oferecendo novas pistas sobre a organização social, religiosa e econômica da civilização Caral. Essa civilização, que prosperou há mais de 5.000 anos, continua a surpreender especialistas e a redefinir nossa compreensão sobre os povos antigos das Américas.
Com estudos em andamento, novas revelações podem emergir nos próximos anos, enriquecendo ainda mais o legado dessa sociedade complexa e inovadora. Certamente, a cidade sagrada de Caral-Supe e seus arredores ainda guardam segredos que poderão reescrever a história da humanidade.
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