Neuroblastoma: tudo o que você precisa saber sobre o câncer infantil silencioso e perigoso

Poucas doenças despertam tantas dúvidas quanto o neuroblastoma, especialmente entre famílias que enfrentam o diagnóstico pela primeira vez. Trata-se de um tipo de câncer pediátrico pouco conhecido, mas que representa uma das formas mais frequentes de tumor sólido fora do cérebro em crianças.

Seus sintomas, muitas vezes sutis ou confundidos com doenças comuns da infância, dificultam o diagnóstico precoce. Quando finalmente identificado, o neuroblastoma já pode estar em estágio avançado, exigindo uma jornada de tratamento longa e delicada.

Este artigo aprofunda o que é o neuroblastoma, como ele se desenvolve, quais são os recursos terapêuticos disponíveis e o impacto que provoca na vida de pacientes, familiares e equipes médicas. Um tema sensível, que envolve ciência, esperança e decisões difíceis.

O que é o neuroblastoma e onde ele se manifesta?

O neuroblastoma é um tumor maligno que tem origem em células do sistema nervoso simpático, responsáveis por funções automáticas do corpo, como batimentos cardíacos e pressão arterial. Em geral, ele aparece nas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, mas pode surgir também no abdômen, tórax, pescoço ou pelve. O público mais atingido são crianças de até cinco anos, especialmente nos dois primeiros anos de vida. Casos em adolescentes ou adultos são extremamente raros.

Esse câncer se origina a partir de células nervosas imaturas que, por alguma falha durante o desenvolvimento embrionário, continuam se multiplicando após o nascimento, formando um tumor. Em alguns casos, o neuroblastoma apresenta um comportamento imprevisível: ele pode crescer rapidamente e se espalhar, mas também pode regredir espontaneamente, sem necessidade de intervenção médica, principalmente nos estágios iniciais.

Como identificar os sinais precoces da doença?

Os sintomas do neuroblastoma variam conforme a região do corpo onde o tumor se desenvolve. Nos casos abdominais, por exemplo, é comum que a criança apresente uma massa palpável, dor persistente, febre baixa sem explicação, perda de apetite e emagrecimento. Quando o tumor compromete a medula óssea, pode haver palidez, manchas roxas na pele, cansaço e infecções repetidas.

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Outros sinais incluem olhos saltados, pupilas dilatadas ou movimentos involuntários dos olhos — sintomas que podem indicar comprometimento neurológico. Pela diversidade de manifestações, muitos casos acabam sendo confundidos inicialmente com infecções ou outras doenças benignas da infância, atrasando o diagnóstico.

A confirmação depende de exames como ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética e cintilografia com MIBG, além da biópsia do tecido tumoral, que permite classificar o tipo celular e o grau de agressividade do câncer.

Como funciona o tratamento e quais são os avanços atuais?

O tratamento do neuroblastoma é planejado conforme o grau de risco da doença: baixo, intermediário ou alto. Tumores de baixo risco, restritos e sem metástase, podem ser tratados com cirurgia. Já os de risco intermediário ou alto exigem abordagem combinada: quimioterapia, cirurgia, radioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea.

Em quadros considerados de alto risco, a medicina tem avançado com o uso da imunoterapia, especialmente com o anticorpo monoclonal dinutuximabe beta. Essa terapia atua identificando células tumorais específicas para que o sistema imunológico as elimine com maior precisão. Além disso, o uso de isotretinoína após os tratamentos intensivos ajuda a impedir o crescimento de células remanescentes.

O Brasil já adotou parte dessas terapias nos centros de referência, e estudos internacionais seguem avaliando novas combinações que possam melhorar os índices de sobrevivência e reduzir os efeitos colaterais.

Impactos sociais, emocionais e o papel das redes de apoio

Além dos desafios médicos, o neuroblastoma impõe um peso emocional considerável às famílias. A rotina de consultas, internações e procedimentos invasivos modifica completamente o cotidiano dos responsáveis, afetando o trabalho, a renda e a saúde mental de todos os envolvidos. Crianças muito pequenas, que ainda não compreendem a doença, precisam lidar com dores, medicações e hospitalizações prolongadas.

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Nesse contexto, instituições de apoio às famílias e hospitais especializados oferecem suporte psicológico, assistência social e orientação jurídica. Esses serviços ajudam os responsáveis a enfrentarem o impacto do diagnóstico e a organizarem sua vida durante o tratamento.

Programas governamentais que ampliam o acesso a medicamentos e exames de alta complexidade são essenciais para reduzir desigualdades regionais e garantir que todas as crianças tenham as mesmas chances de cura.

O futuro do tratamento e a importância da pesquisa contínua

Estudos genéticos e moleculares têm auxiliado a identificar alterações específicas no DNA das células tumorais, o que permite tratamentos cada vez mais personalizados. A expectativa é que, nos próximos anos, terapias menos tóxicas e mais eficazes se tornem parte da rotina clínica.

O trabalho de instituições internacionais, como o SIOPEN (European Neuroblastoma Network) e o Children’s Oncology Group (EUA), permite comparar dados de milhares de pacientes e criar protocolos que aumentam as chances de sobrevivência. No Brasil, centros de excelência já participam desses estudos, contribuindo com dados e oferecendo acesso a terapias inovadoras por meio de protocolos clínicos.

A ciência continua sendo a melhor aliada no enfrentamento do neuroblastoma, não apenas para salvar vidas, mas para proporcionar qualidade de vida durante e após o tratamento.

Conclusão

O neuroblastoma representa um dos maiores desafios na oncologia pediátrica, por sua agressividade, complexidade e impacto sobre as famílias. Mas também é um campo onde a ciência tem demonstrado progresso constante. Os avanços na imunoterapia, no diagnóstico precoce e nos protocolos personalizados oferecem hoje perspectivas que eram impensáveis há poucos anos.

É fundamental que esse conhecimento seja amplamente difundido, tanto para médicos quanto para a sociedade. A informação salva vidas, e quanto mais se entende sobre o neuroblastoma, mais se fortalece o compromisso coletivo com o cuidado, a equidade no acesso ao tratamento e a construção de um sistema de saúde preparado para oferecer às crianças o que elas mais merecem: um futuro.

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Neuroblastoma é um câncer raro e agressivo que afeta principalmente crianças pequenas. Conheça seus sinais, tratamentos modernos e os desafios enfrentados pelas famílias

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