O navio Spiridon II, carregado com quase três mil bovinos enviados do Uruguai, iniciou a viagem de volta à América do Sul após permanecer semanas impedido de desembarcar animais na Turquia. A embarcação, que partiu de Montevidéu com destino ao porto de Bandirma, segue agora pela costa norte da África em direção ao Atlântico, com chegada prevista ao Uruguai em 14 de dezembro.
As autoridades turcas recusaram o desembarque alegando irregularidades na documentação de identificação do rebanho, o que manteve o cargueiro retido em alto-mar por um longo período. Segundo a Animal Welfare Foundation, esse atraso provocou o agravamento das condições a bordo: parte significativa dos animais encontra-se debilitada, e pelo menos 58 mortes já foram registradas durante a espera.
A ONG afirma que o rebanho, composto majoritariamente por novilhas prenhes, enfrenta falta de alimentação adequada, risco de desidratação e ausência de condições mínimas de bem-estar. Apesar de o Spiridon II ter recebido autorização para reabastecer ração e materiais de cama, a medida foi insuficiente para resolver o problema central: a impossibilidade de desembarcar os animais em qualquer porto da região.
Organizações de proteção animal pressionaram governos europeus para que permitissem o acolhimento emergencial dos bovinos, alegando risco sanitário e sofrimento prolongado. O caso reacendeu o debate internacional sobre o transporte marítimo de gado vivo, prática que há anos enfrenta críticas por falhas estruturais, longas travessias e condições inadequadas em navios de carga.
Para representantes da Animal Welfare Foundation, episódios como o do Spiridon II evidenciam a urgência de mudanças legais e punições mais rígidas no setor. Enquanto isso, o cargueiro continua navegando rumo ao Uruguai, levando a bordo um rebanho exausto e um impasse que se tornou global.
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