Filha de Dorival Caymmi, Nana estava internada desde julho do ano passado na Casa de Saúde São José, para tratar uma arritmia cardíaca
Criada desde o nascimento num ambiente musical, sua vocação aflorou muito cedo. Filha do compositor, cantor e violonista Dorival Caymmi, e da cantora Stella Maris, seu dom e talento para a música já vinha de origens familiares.
Nana Caymmi, uma das maiores cantoras do Brasil, morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A artista estava internada desde julho do ano passado, na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul, onde deu entrada para tratar uma arritmia cardíaca.
Segundo o hospital, a morte se deu em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941 – fez aniversário dois dias antes de morrer –, a carioca cresceu em uma família de músicos: era filha de Dorival Caymmi com Stella Maris, e irmã de Danilo Caymmi e Dori Caymmi.
“O Brasil pede uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Estamos todos realmente muito tristes, mas ela passou nove meses de sofrimento intenso dentro de hospital”, disse Danilo Caymmi, que narrou o sofrimento da irmã.
A artista gravou outras dezenas de discos na carreira. Entre eles, “Nana Caymmi” (1975), que a consolidou no cenário da MPB; “Renascer” (1976); “Voz e Suor” (1983), ao lado do pianista Cesar Camargo Mariano; “Bolero” (1993); e “A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran” (1994), produzido por José Milton, com quem ela trabalhou até 2019.
Seu repertório também inclui releituras marcantes de músicas do pai, como “O Que É Que a Baiana Tem” e “Saudade da Bahia”.
Em 2004, ela e os irmãos Dori e Danilo foram homenageados com o título de cidadãos baianos.
Se comparada a outras cantoras da MPB — como Maria Bethânia, Elis Regina e Gal Costa —, ela nunca teve uma popularidade massiva. Mesmo assim, ainda no início da carreira, se consagrou como uma das mais relevantes do país.
“Embora nunca tenha sido cantora de arroubos teatrais, Nana encara o peso e a dramaticidade das músicas em que põe a voz lapidada com o tempo que fez emergir, a partir dos anos 1970, o brilho do verdadeiro diamante embutido nas cordas vocais da intérprete”, escreveu o crítico musical Mauro Ferreira em 2021.
Os últimos álbuns lançados pela cantora são “Nana, Tom, Vinicius” (2020) e “Nana Caymmi Canta Tito Madi” (2019).
Nana também foi casada com Gilberto Gil, entre 1967 e 1969. E namorou os cantores João Donato e Cláudio Nucci.
A cantora deixa três filhos e duas netas.
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