A mulher mais velha do mundo, faleceu no dia 20 de agosto de 2024, aos 117 anos. Sua vida é um testemunho notável de longevidade e resiliência, marcada por eventos históricos que moldaram o século XX e XXI.
Nascida nos Estados Unidos e residente na Espanha, Maria Branyas Morera viveu duas guerras mundiais, a pandemia de gripe de 1918, a guerra civil espanhola e até mesmo a recente pandemia de COVID-19.
Sua jornada extraordinária, que foi reconhecida pelo Guinness World Records em 2023, terminou de maneira tranquila, como ela desejava, cercada por sua família e em paz. Vamos explorar a vida fascinante de Maria Branyas Morera e as lições que sua longevidade nos oferece.
Uma vida marcada por grandes eventos históricos
Maria Branyas Morera nasceu em São Francisco, Califórnia, em 4 de março de 1907, pouco depois de sua família se mudar do México para os Estados Unidos. Crescer em uma época de grandes mudanças globais moldou sua perspectiva de vida desde cedo.
Em 1915, quando Maria tinha apenas 8 anos, sua família decidiu retornar à Espanha, em meio ao caos da Primeira Guerra Mundial. A viagem transatlântica naquela época não era apenas longa e difícil, mas também perigosa devido aos conflitos que assolavam o mundo.
Ao longo de sua vida, Maria enfrentou muitos desafios e testemunhou eventos significativos. Ela sobreviveu à gripe de 1918, que causou milhões de mortes em todo o mundo, e viveu as duas guerras mundiais, que mudaram para sempre o curso da história. Além disso, a guerra civil espanhola (1936-1939) marcou profundamente o país, e Maria viveu de perto as mudanças sociais e políticas que ocorreram na Espanha.
O reconhecimento como a pessoa mais velha do mundo
Em janeiro de 2023, Maria Branyas Morera foi oficialmente reconhecida pelo Guinness World Records como a pessoa viva mais velha do mundo, após a morte da freira francesa Lucile Randon aos 118 anos.
Esse reconhecimento trouxe atenção global à vida de Maria e despertou curiosidade sobre os segredos de sua longevidade. Em diversas entrevistas, Maria demonstrou uma atitude modesta sobre seu recorde de longevidade. “Não fiz nada de extraordinário, a única coisa que fiz foi viver”, disse ela ao jornal catalão La Vanguardia em 2019.
A humildade de Maria reflete sua visão sobre a vida. Ela acreditava que a chave para a longevidade era simplesmente viver de forma saudável e feliz, sem se preocupar excessivamente com as dificuldades da vida.
Essa atitude positiva e resiliente foi um dos fatores que, segundo sua filha mais nova, Rosa Moret, contribuiu para sua longevidade, junto com a genética. “Minha mãe sempre foi uma pessoa calma, que sabia lidar com as dificuldades com serenidade”, comentou Rosa.
Desafios de saúde e recuperação impressionante
Apesar da idade avançada, Maria Branyas Morera surpreendeu a todos com sua resiliência e boa saúde. Em 2020, poucas semanas após comemorar seu 113º aniversário, Maria contraiu COVID-19. Apesar do alto risco devido à sua idade, ela se recuperou completamente, o que foi visto como um milagre por muitos. Sua recuperação não apenas surpreendeu sua família, mas também os profissionais de saúde que a acompanhavam.
Manel Esteller, professor de genética e membro da equipe de pesquisadores da Universidade de Barcelona que estudou o DNA de Maria para entender a fonte de sua longevidade, ficou impressionado com sua saúde.
“A mente dela é completamente lúcida. Ela se lembra com uma clareza impressionante de episódios de quando tinha apenas quatro anos de idade, e não tem nenhuma doença cardiovascular, o que é comum em idosos. As únicas coisas que ela tem são problemas de mobilidade e audição. É incrível”, disse Esteller ao jornal espanhol ABC em outubro de 2023.
Os últimos anos e a partida tranquila
Nos últimos 20 anos de sua vida, Maria Branyas Morera viveu no asilo Santa Maria del Tura, na cidade de Olot, na região nordeste da Catalunha, Espanha. Lá, ela foi cercada por uma comunidade que a adorava e por sua família, que sempre esteve presente.
Nas redes sociais, onde sua família administrava uma conta em seu nome, Maria compartilhava reflexões e conselhos com seus seguidores, sempre demonstrando gratidão pela vida.
Poucos dias antes de sua morte, Maria fez uma última publicação, expressando sua consciência de que seu tempo estava chegando ao fim.
“A hora está próxima. Não chore, eu não gosto de lágrimas. E acima de tudo, não sofra por mim. Onde quer que eu vá, serei feliz”, escreveu ela.
Esse comunicado foi um reflexo de sua aceitação da morte, uma aceitação que vinha da paz interior que ela cultivou ao longo dos anos.
Em 20 de agosto de 2024, Maria faleceu enquanto dormia, exatamente como desejava. Sua família compartilhou a notícia nas redes sociais, destacando que ela morreu em paz e sem dor.
“Maria Branyas nos deixou. Ela morreu como desejava: dormindo, em paz e sem dor. Sempre nos lembraremos dela por seus conselhos e sua gentileza”, escreveu sua família.
A nova pessoa mais velha do mundo
Com a morte de Maria Branyas Morera, o título de pessoa viva mais velha do mundo passa agora para a japonesa Tomiko Itooka, que nasceu em 23 de maio de 1908 e tem 116 anos, de acordo com o Gerontology Research Group, sediado nos EUA. Tomiko agora assume um lugar especial na história, representando a geração de pessoas que viveram um século de mudanças e transformações.