Em uma manhã primaveril de 2 de maio de 1519, no pacato vilarejo francês de Amboise, o mundo se despedia de um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu. Leonardo da Vinci, com 67 anos, faleceu no Château du Clos Lucé, residência gentilmente oferecida pelo rei Francisco I da França. Da Vinci morreu de derrame cerebral e seu corpo foi sepultado no convento da igreja de Saint Florentin, na comuna francesa Amboise.
Mais do que pintor, Leonardo foi engenheiro, anatomista, arquiteto, botânico, filósofo e inventor. Um verdadeiro homem do Renascimento, no sentido mais literal da expressão. Seus cadernos de anotações são repletos de ideias que, mesmo séculos depois, ainda nos deixam perplexos: desde esboços de helicópteros até estudos detalhados do corpo humano, com precisão quase cirúrgica.
A morte em solo francês
Leonardo passou seus últimos anos na França, a convite do rei Francisco I, que via nele não apenas um artista, mas uma mente que deveria ser reverenciada como patrimônio da humanidade. Instalado no Château du Clos Lucé, bem próximo ao Castelo de Amboise, Leonardo viveu seus dias finais com tranquilidade e cercado por respeito. O rei o visitava frequentemente, tratando-o como amigo e conselheiro.
Segundo registros históricos e relatos lendários, o próprio rei teria segurado a cabeça de Leonardo em seus braços durante seus momentos finais — gesto que eternizou a relação de admiração mútua entre o monarca e o mestre florentino. Embora alguns historiadores duvidem da cena, ela simboliza o impacto que Da Vinci teve na elite intelectual e política de sua época.
Leonardo da Vinci
Leonardo via o mundo como um sistema interligado, onde arte, ciência e natureza caminhavam de mãos dadas. Sua mente inquieta o levava a questionar, registrar, experimentar. Foi um dos primeiros a estudar a anatomia humana com base em dissecações reais, o que lhe permitiu criar ilustrações médicas que ainda hoje impressionam pela acuracidade.
Além disso, suas invenções anteciparam conceitos de paraquedas, tanques de guerra, pontes móveis e até mesmo máquinas voadoras — tudo isso séculos antes da Revolução Industrial. E ele não fez isso apenas com curiosidade: cada invenção era fruto de observação meticulosa e uma busca constante pela harmonia entre funcionalidade e beleza.
As cinco obras-primas que definem a genialidade de Da Vinci
1. Mona Lisa (La Gioconda)
A mais famosa pintura do mundo, exposta no Museu do Louvre, é um enigma que atravessa os séculos. Seu sorriso sutil, o olhar que parece acompanhar o observador e a técnica do sfumato revelam um domínio incomparável da psicologia humana e da profundidade pictórica.
2. A Última Ceia
Localizada no convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, essa obra revolucionou a arte religiosa ao apresentar emoção e movimento com realismo dramático. É também uma aula de perspectiva e composição.
3. O Homem Vitruviano
Desenho que sintetiza a busca renascentista pela proporção ideal entre corpo humano e geometria. Uma obra que mistura arte e ciência em uma só imagem, frequentemente usada até hoje como símbolo de equilíbrio e perfeição.
4. A Virgem dos Rochedos
Existem duas versões dessa pintura, ambas fascinantes pelo uso de luz, atmosfera e expressividade. A composição triangular e os gestos das figuras mostram a preocupação de Leonardo com simbologia e narrativa visual.
5. Cadernos de Anotações (Codex Atlanticus, Codex Leicester, entre outros)
Mais do que um quadro ou escultura, seus cadernos são um legado de pensamentos, experimentos e ideias que anteciparam descobertas modernas. É como ter acesso direto à mente de um visionário que enxergava o mundo como um organismo vivo.
Leonardo da Vinci morreu há mais de 500 anos, mas sua influência é onipresente. Está nas salas de aula, nos museus, nos livros de medicina, nas engenharias, na cultura pop. Ele é citado por cientistas, reverenciado por artistas e celebrado como um dos maiores símbolos da criatividade humana.
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