Uma recente revelação arqueológica no norte da Arábia Saudita está reescrevendo o que se sabia sobre os primeiros habitantes da Península Arábica. Em pleno deserto de Nefud, pesquisadores localizaram esculturas de cerca de 12 mil anos representando camelos, gazelas e outras espécies, todas produzidas por povos que dominaram a técnica do entalhe em rocha. O trabalho é liderado pela arqueóloga Maria Guagnin, do Instituto Max Planck de Geoantropologia, na Alemanha, e tem chamado atenção pela precisão artística e pelo impacto histórico das obras.
Esculturas que desafiam teorias sobre ocupação humana na região
A descoberta indica que comunidades fixas já viviam no deserto de Nefud muito antes do que se imaginava, contrariando a antiga ideia de que a área era completamente inóspita no passado remoto. O nível de habilidade presente nas esculturas sugere que esses grupos tinham domínio tecnológico e organização social avançada. Além disso, evidências climáticas apontam que a região pode ter sido mais úmida há milênios, possibilitando a sobrevivência de fauna diversificada e culturas permanentes no território. Esses elementos reforçam a necessidade de revisar rotas migratórias e etapas da evolução cultural no Oriente Médio.
O desafio de pesquisar no ambiente extremo do Nefud
Investigar esse passado exige resistência humana e soluções modernas. A aridez intensa, a locomoção difícil e o isolamento tornam o trabalho científico complexo, tanto para escavações quanto para análises detalhadas. Para contornar essas barreiras, as equipes têm recorrido a recursos tecnológicos que permitem avançar mesmo diante das condições severas. Entre eles:
- drones para mapear possíveis sítios arqueológicos;
- fotogrametria para registrar digitalmente as esculturas em alta precisão;
- técnicas de datação por luminescência, capazes de medir a idade real das gravuras.
O que as esculturas revelam sobre a fauna pré-histórica
As gravuras vão além dos camelos e gazelas ainda presentes no imaginário árabe. O achado inclui espécies já extintas, como o auroque, um bovino ancestral desaparecido há séculos. A análise dessas representações permite reconstruir o cenário ecológico da época e compreender a relação dos primeiros habitantes com os animais ao seu redor. Com isso, cada traço esculpido se transforma em evidência concreta sobre a biodiversidade do passado e a importância desses animais para a subsistência e a cultura humana.

LEIA MAIS:Arqueologia recupera navio cargueiro de 600 anos do fundo oceano com a carga ainda intacta
LEIA MAIS:Descoberta arqueológica na Irlanda do Norte revela ferramentas de 8 mil anos
LEIA MAIS:As descobertas arqueológicas mais bizarras de todos os tempos — e o que elas revelam



