O cantor e compositor Milton Nascimento, um dos maiores ícones da música brasileira, foi diagnosticado recentemente com demência, e a notícia trouxe grande comoção entre fãs e admiradores. Quem revelou os detalhes foi seu filho, o advogado e empresário Augusto Kesrouani Nascimento, que fez um depoimento tocante nas redes sociais. Aos 82 anos, Milton enfrenta não apenas os impactos do avanço do Parkinson, diagnosticado em 2022, mas também as limitações trazidas pela nova condição.
Segundo Augusto, já havia sinais discretos de mudanças no comportamento do pai, mas nada que soasse alarmante de imediato. Com o tempo, porém, essas alterações se tornaram mais evidentes, interferindo em atividades simples do cotidiano. Ainda assim, o artista seguia participando de eventos, recebendo homenagens e mantendo o brilho que sempre o acompanhou.
Uma despedida em forma de viagem
Entre os episódios relatados, Augusto contou que decidiu realizar, em maio, uma longa viagem de motorhome ao lado do pai. Foram cerca de 4 mil quilômetros percorridos, sempre com Milton como copiloto, escolhendo as músicas e aproveitando cada instante. O filho descreveu o momento como uma despedida simbólica de suas tradicionais aventuras em família, já que o cantor, ao retornar, afirmou que aquela havia sido “a melhor viagem da vida”.
Pouco tempo depois, ambos chegaram a gravar juntos uma campanha especial de Dia dos Pais. Segundo Augusto, Milton reagiu com entusiasmo e orgulho, destacando a importância daquele momento como se fosse uma celebração única. Mas logo em seguida, a saúde do cantor começou a se fragilizar.

O diagnóstico
O ponto de virada aconteceu após um mal-estar que levou Milton ao hospital, resultado de dificuldades para se hidratar e se alimentar. Foi nesse momento que a família recebeu a dura confirmação do diagnóstico de demência, marcando o início de uma nova etapa. Desde então, os dias têm sido descritos por Augusto como uma verdadeira “montanha-russa emocional”.
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Pedido por respeito
Em seu relato, Augusto destacou a dor de acompanhar a perda gradual das memórias e da comunicação de quem sempre foi seu maior amigo. Apesar disso, afirmou que sua dedicação agora é garantir dignidade, cuidado e conforto ao pai, retribuindo todo o amor que recebeu ao longo da vida.
Por fim, ele pediu respeito e empatia ao público nesse momento tão delicado. Leia o texto completo:
“No final do ano passado, comecei a notar alguns comportamentos diferentes do meu pai, mas nada que fosse alarmante. De lá para cá, fomos levando a vida normalmente, ainda que com uma preocupação sempre existente, mas com ele recebendo inúmeras homenagens, sendo ovacionado, vibrando, cantando, sendo tema de desfile no carnaval, e por aí vai.
Com o tempo, as alterações foram se acentuando. O Parkinson, diagnosticado em 2022, avançando, e as pequenas atividades do dia a dia sofrendo impacto.
Em maio, decidi fazer uma viagem de motorhome com ele. Rodamos aproximadamente 4.000 km, eu dirigia com ele sempre ao meu lado de copiloto e escolhendo as músicas – tal qual sempre fizemos em nossas boas viagens pelo mundo. De alguma forma, eu sabia que aquela viagem seria uma despedida desses momentos.
Dentro das limitações dele, nos divertimos muito e, quando voltamos, ele só dizia que havia sido a melhor viagem da vida dele.
Poucos dias depois da volta, gravamos juntos uma campanha de Dia dos Pais e, no dia seguinte, ele olhou para mim e disse: ontem foi foda, né?! Como o belo coruja que é, sempre exaltando todos os momentos e realizações que tínhamos conjuntamente.
Uma semana depois, eu estava em Teresina a trabalho, e tive que voltar correndo, pois ele não estava legal e precisou ir ao hospital. Era uma desidratação, já fruto da dificuldade que ele vem tendo de se hidratar e alimentar.
Dali para frente, entramos em uma montanha-russa, e absolutamente tudo mudou de forma extremamente rápida: veio, então, o duro diagnóstico de demência.
Nossos diálogos, desde então, têm sido, em sua maioria, silenciosos ou um pouco confusos. Meu pai me chama e tenta falar comigo, mas nem sempre consegue se expressar. As inúmeras ligações a cada vez que eu viajo para trabalhar, já não existem mais, nem mesmo a curiosidade por boas fofocas da vida, ou a espera ansiosa por cada vez que eu retorno para casa em que ele me aguardava com uma camiseta com a nossa foto, ou a curiosidade travessa de me perguntar se eu tinha batido em todo mundo nas voltas dos treinos de jiu-jítsu.
Tem sido uma batalha diária, uma dor intensa e um vazio enorme no peito, pois, de alguma forma, o meu melhor amigo está me deixando aos poucos.
Em alguns momentos, enquanto assisto televisão com ele, em meio ao silêncio, ele puxa e segura a minha mão. Também tem sido comum que ele só aceite fazer algumas refeições, quando eu estou ali o incentivando… acho que essas têm sido as maneiras dele me dizer o que em alguns momentos ele não vem conseguindo expressar através das palavras.
Venho tentando retribuir todo o bem, o amor, cuidado e carinho, dando o máximo de dignidade e conforto que ele pode e merece ter nesse momento.
Desde o momento em que o universo nos colocou um no caminho do outro, somos inseparáveis e invencíveis, e seguiremos assim enquanto estivermos juntos nessa vida.
Peço respeito e compaixão de todos nesse momento tão delicado. Eu te amo e sempre amarei, paizinho”.