O mercado de trigo no Sul do Brasil segue enfrentando um período de baixa dinâmica, reflexo de uma combinação de demanda enfraquecida e dificuldades nas negociações para entregas imediatas.
Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão vivendo realidades similares, marcadas pela pouca movimentação nos negócios e expectativas voltadas para os primeiros meses de 2024. A seguir, analisamos o cenário em cada região e os fatores que influenciam o mercado de trigo.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de trigo do país, a ausência de novas compras por parte dos moinhos para dezembro evidencia o atual desaquecimento do mercado interno. As negociações para janeiro permanecem limitadas, com vendedores sendo obrigados a buscar alternativas no mercado de exportação para escoar a produção.
Os preços indicados pelos moinhos variam entre R$ 1.230,00 e R$ 1.250,00 para retiradas em fevereiro. No entanto, esses valores não têm sido suficientes para atrair muitos vendedores, que preferem aguardar um cenário mais favorável. A expectativa é que a entrada de compradores de fora do estado no início de 2024 possa trazer maior dinamismo ao mercado gaúcho, mas por enquanto o cenário é de compasso de espera.
Santa Catarina
Santa Catarina enfrenta um cenário similar, mas com uma característica adicional: a demanda reduzida por farinha, o que impacta diretamente os moinhos locais. Esses compradores têm indicado preços de R$ 1.350,00 CIF para trigo diferido, mas os vendedores, em busca de margens melhores, estão mantendo os preços mais altos. Como resultado, as vendas permanecem reduzidas.
Embora ambos os lados concordem que o mercado de trigo tem potencial para valorização, os moinhos têm encontrado dificuldades em repassar os custos elevados da matéria-prima para os preços finais das farinhas, o que trava ainda mais as negociações. Essa situação reforça a necessidade de ajustes para que as negociações fluam novamente.
Paraná
No Paraná, os preços do trigo apresentaram uma leve queda, mas a redução no custo de produção compensou essa retração, permitindo aos produtores manter uma margem de lucro estimada em 3,66%. As indicações de preços pelos moinhos variam entre R$ 1.350,00 e R$ 1.400,00, dependendo da região.
Apesar das margens ainda favoráveis, o volume de negociações é baixo, com os vendedores se mostrando retraídos e aguardando condições mais atrativas no início do ano. A atenção dos moinhos paranaenses está voltada para negociações futuras, principalmente em janeiro e fevereiro, quando se espera um aumento na atividade.
Apesar da lentidão atual, especialistas do setor acreditam que o mercado de trigo deve se valorizar nos próximos meses. A fraca demanda por farinhas e os preços pouco atrativos têm segurado as negociações, mas fatores como a entrada de novos compradores e possíveis ajustes no cenário econômico podem trazer maior dinamismo.
Além disso, o mercado de exportação se apresenta como uma válvula de escape importante, especialmente no Rio Grande do Sul. A possibilidade de escoar a produção para mercados internacionais pode aliviar a pressão sobre os produtores locais e trazer maior equilíbrio ao setor.
Entre os principais desafios do mercado de trigo no Sul do Brasil está o alinhamento entre os preços da matéria-prima e os custos enfrentados pelos moinhos. A dificuldade em repassar esses custos para os preços finais dos produtos derivados, como a farinha, tem travado as negociações e gerado insatisfação em ambos os lados.
Por outro lado, a proximidade da nova safra e a expectativa de aumento na demanda em 2024 podem trazer oportunidades. Investimentos em logística e estratégias para ampliar o mercado exportador também são caminhos que podem ajudar a fortalecer o setor.