Mercado de trigo desacelera no Sul do Brasil

O mercado de trigo no Brasil enfrenta um período de baixa atividade, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que compõem as principais regiões produtoras do país. Com uma colheita robusta, mas marcada por oscilações de preço, incertezas econômicas e mudanças no cenário global, produtores e compradores têm demonstrado cautela.

Essa lentidão no mercado afeta tanto o escoamento da safra quanto os preços praticados, com impactos significativos em toda a cadeia produtiva.

A seguir, abordaremos os fatores que explicam a desaceleração no mercado de trigo nesses estados, os desafios enfrentados pelos produtores e as perspectivas para os próximos meses.

Nos estados do Sul, que juntos respondem por mais de 80% da produção nacional de trigo, a comercialização tem avançado em ritmo lento. Segundo especialistas, a principal razão para essa desaceleração é a combinação de uma safra recorde com uma demanda interna retraída, além da concorrência com o trigo importado.

A abundância na oferta, resultado de condições climáticas favoráveis, não foi acompanhada por um aumento proporcional no consumo, o que pressionou os preços para baixo. Além disso, a alta nos custos de produção, como insumos e combustíveis, tem reduzido as margens de lucro dos produtores, dificultando negociações mais atrativas.

Rio Grande do Sul

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No Rio Grande do Sul, maior produtor de trigo do Brasil, a safra 2024/2025 está sendo colhida com bons rendimentos, mas os produtores enfrentam dificuldades para escoar o produto. A falta de compradores dispostos a pagar preços competitivos tem levado ao aumento dos estoques, uma situação preocupante para os agricultores que precisam liberar espaço para outras culturas.

Outro fator que impacta o mercado gaúcho é a concorrência com o trigo importado da Argentina, que chega ao Brasil com preços competitivos devido ao câmbio favorável e à isenção de tarifas em acordos regionais. Essa dinâmica tem limitado o mercado para o trigo nacional, obrigando os produtores a reavaliar suas estratégias de comercialização.

Santa Catarina

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Em Santa Catarina, o mercado de trigo também enfrenta dificuldades, embora em menor escala. Como o estado é mais dependente de importações do que de produção própria, as oscilações no mercado global têm um impacto direto. Ainda assim, os produtores locais relatam desafios relacionados ao escoamento e à competição com grãos mais baratos importados.

Além disso, a logística de transporte e o acesso a armazéns têm sido problemas para os produtores catarinenses, especialmente em regiões mais afastadas dos principais centros de processamento industrial. Isso eleva os custos e desestimula a venda imediata, contribuindo para a lentidão no mercado.

Paraná

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O Paraná, segundo maior produtor de trigo do Brasil, vive uma situação ambígua. Por um lado, a produção estadual tem qualidade suficiente para atender mercados exigentes, como a exportação. Por outro, os preços internacionais do trigo têm enfrentado quedas, reduzindo o apelo para as vendas externas.

No mercado interno, a demanda por trigo paranaense também está retraída. A indústria de panificação, principal consumidora, tem reportado custos elevados, o que limita sua capacidade de absorver volumes maiores. Dessa forma, muitos produtores paranaenses estão segurando a safra na expectativa de preços mais favoráveis nos próximos meses.

Fatores que influenciam a lentidão do mercado

A desaceleração do mercado de trigo no Sul do Brasil não é um fenômeno isolado. Ela reflete um conjunto de fatores, tanto internos quanto externos, que têm moldado as decisões de produtores e compradores. Entre os principais, destacam-se:

  • Preços internacionais em queda: No mercado global, os preços do trigo têm caído devido à maior oferta, impulsionada por safras recordes em grandes produtores como Rússia e Ucrânia.
  • Apreciação do real: O fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar tem reduzido a competitividade do trigo nacional no mercado externo, ao mesmo tempo que favorece as importações.
  • Demanda doméstica enfraquecida: A inflação e a redução do poder de compra dos consumidores têm limitado o consumo de produtos derivados do trigo, como pães e massas.
  • Custo de produção elevado: Os aumentos nos preços de fertilizantes, defensivos agrícolas e combustíveis continuam a pressionar as margens de lucro dos produtores, dificultando negociações mais flexíveis.

Apesar do cenário atual desafiador, o mercado de trigo no Sul do Brasil apresenta oportunidades para os próximos meses. Especialistas apontam que a chegada de 2025 pode trazer mudanças positivas, como a recuperação dos preços internacionais e uma maior demanda doméstica impulsionada pela queda na inflação.

Além disso, iniciativas voltadas para a diversificação de mercados, como a expansão das exportações para países da Ásia e do Oriente Médio, podem ajudar a reduzir a dependência do mercado interno. A aposta em tecnologias para melhorar a qualidade do grão e aumentar a eficiência logística também é vista como uma solução para o médio e longo prazo.