No início de março, Ziv estava caminhando com sua família quando algo chamou sua atenção entre as rochas da trilha. A criança pegou uma pequena pedra e, ao limpá-la, revelou um objeto intrigante. “Ela a esfregou e removeu toda a areia de cima dela. Com isso, vimos que havia algo muito diferente nela – parecia um achado arqueológico”, contou sua irmã, Omer Nitzan.
A família prontamente comunicou a descoberta à Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), que enviou um especialista para examinar o item. O arqueólogo Semyon Gendler confirmou que a peça se tratava de um amuleto de escaravelho da Idade do Bronze Médio, um objeto de grande relevância histórica.
O significado dos amuletos
Segundo a especialista Daphna Ben-Tor, esses amuletos eram comuns entre os cananeus e egípcios. Os escaravelhos representavam o besouro rola-bosta, um inseto considerado sagrado no Egito Antigo devido ao seu simbolismo de renascimento e transformação. Esses objetos frequentemente carregavam mensagens e símbolos ligados às crenças religiosas e ao status social.
O nome egípcio desses besouros está relacionado ao verbo “vir a ser” ou “ser criado”, refletindo a crença de que eram uma manifestação divina. Para os cananeus, povos que habitaram regiões como Israel, Jordânia, Líbano e Síria, esses amuletos possuíam um significado espiritual e político.
Foto: Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de IsraelTel Azeka
A região onde o amuleto foi encontrado, Tel Azeka, tem um peso histórico significativo. Mencionado na Bíblia, o local é associado à lendária batalha entre Davi e Golias, narrada em Samuel 17:1. Nos últimos 15 anos, pesquisadores da Universidade de Tel Aviv têm conduzido escavações na área, revelando diversos artefatos antigos.
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“Tel Azeka abrigava uma das cidades mais importantes das Terras Baixas da Judeia”, afirma Oded Lipschits, diretor das pesquisas arqueológicas na região. “O escaravelho encontrado por Ziv se junta a uma longa lista de achados egípcios e cananeus, evidenciando os laços culturais e políticos entre Canaã e o Egito na Idade do Bronze”.
Uma pequena exploradora
Pela descoberta, Ziv Nitzan recebeu um certificado de apreciação por boa cidadania da Autoridade de Antiguidades de Israel. O amuleto agora passará por estudos mais detalhados e, no futuro, deverá ser exibido no Campus Nacional Jay e Jeanie Schottenstein, um próximo centro de exposição da instituição.
O achado de Ziv não apenas revela mais sobre a história da região, mas também prova que, em arqueologia, a curiosidade pode estar presente em qualquer idade.