A guerra sempre fascinou o cinema. É terreno fértil para dramas humanos intensos, reviravoltas morais e dilemas que ultrapassam o campo de batalha. Os melhores filmes de guerra da história do cinema não são apenas sobre tiros e explosões, mas sobre pessoas, escolhas e as cicatrizes — físicas e emocionais — deixadas nos combatentes. Ao longo das décadas, grandes diretores transformaram conflitos históricos em narrativas poderosas que impactam até hoje.
Revisitamos cinco produções que se destacam não apenas pela qualidade técnica, mas também pela profundidade dos roteiros, atuações e capacidade de emocionar — ou até de revoltar. Prepare-se para revisitar clássicos, descobrir títulos surpreendentes e, quem sabe, incluir um novo filme na sua lista de favoritos.
O Resgate do Soldado Ryan (1998)
Steven Spielberg redefiniu o gênero com “O Resgate do Soldado Ryan”, ambientado durante o desembarque na Normandia na Segunda Guerra Mundial. A sequência inicial da invasão em Omaha Beach tornou-se icônica, retratando a brutalidade da guerra com realismo quase documental.
A história gira em torno de um grupo de soldados enviados para resgatar o último irmão sobrevivente de uma família de militares. O roteiro equilibra ação intensa com momentos de profunda humanidade, revelando as tensões morais vividas pelos combatentes. Tom Hanks lidera o elenco com uma performance comovente que reforça a dimensão emocional da narrativa.
Apocalypse Now (1979)
Inspirado na obra Coração das Trevas, de Joseph Conrad, “Apocalypse Now” transpõe o horror colonial para a Guerra do Vietnã em uma jornada alucinante pelo caos da selva e da mente humana. Dirigido por Francis Ford Coppola, o filme é tanto uma crítica à guerra quanto um mergulho existencial na alma de seus personagens.
Com atuações poderosas de Martin Sheen e Marlon Brando, o longa é repleto de cenas simbólicas e diálogos intensos. A trilha sonora, marcada por The End do The Doors, se tornou inseparável da experiência cinematográfica que Coppola construiu. É um filme que transcende o gênero e se torna uma reflexão filosófica sobre poder, loucura e moralidade.
1917 (2019)
Sam Mendes surpreendeu o mundo com “1917”, uma obra-prima técnica filmada para parecer um único plano-sequência contínuo. A história acompanha dois soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial, incumbidos de entregar uma mensagem vital para evitar um massacre.
O filme mergulha o espectador na urgência da missão, fazendo com que cada passo, cada respiração, pareça crucial. A ausência de cortes perceptíveis intensifica a imersão, criando uma experiência quase visceral. Além da inovação técnica, o filme é profundamente tocante, lembrando-nos dos sacrifícios silenciosos de quem combateu nas trincheiras.
Glória Feita de Sangue (1957)
Dirigido por Stanley Kubrick, “Glória Feita de Sangue” é um marco na representação crítica da guerra. O longa retrata a insensatez da Primeira Guerra Mundial, centrando-se na execução de soldados franceses acusados injustamente de covardia após um ataque mal-sucedido.
Com um ritmo mais contido, o filme se destaca pela intensidade dos diálogos e pela denúncia do absurdo militarista. Kirk Douglas interpreta um oficial que tenta impedir a injustiça, em um papel carregado de idealismo e frustração. A obra mostra que a guerra, muitas vezes, destrói não apenas corpos, mas também a noção de justiça e dignidade humana.
Dunkirk (2017)
Christopher Nolan levou o realismo a um novo patamar com “Dunkirk”, ao reconstruir o cerco vivido por soldados aliados na costa francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com três linhas temporais distintas — terra, mar e ar —, o filme constrói tensão sem precisar se apoiar em diálogos extensos.
A montagem não linear e a trilha sonora pulsante de Hans Zimmer criam um clima de suspense constante. A atuação é discreta, mas eficaz, e o foco na sobrevivência coletiva torna a narrativa universal. “Dunkirk” é uma aula de direção, onde a linguagem cinematográfica fala mais alto que as palavras.
Entre a ação e a reflexão
Filmes de guerra são, por essência, um espelho da condição humana em seu limite máximo. Eles não apenas retratam o horror dos combates, mas também nos obrigam a olhar para dentro, refletindo sobre coragem, obediência, culpa, lealdade e sacrifício. As cinco obras mencionadas neste artigo não se contentam em entreter — elas provocam.
Ao explorar diferentes guerras, estilos e linguagens, esses filmes revelam que o “melhor filme de guerra” não é necessariamente o mais violento ou espetacular, mas aquele que consegue transformar a destruição em arte e provocar emoções duradouras. Se você ainda não viu algum deles, considere como um convite. Afinal, entender o passado — mesmo sob as lentes do cinema — é também uma forma de não repeti-lo.
Com mais de 20 anos de atuação na área do jornalismo, Luiz Veroneze é especialista na produção de conteúdo local e regional, com ênfase em assuntos relacionados à política, arqueologia, curiosidades, livros e variedades.