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Megacidade perdida de 3.600 anos é descoberta no deserto do Cazaquistão

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Arqueólogos da University College London, da Universidade de Durham e da Universidade Toraighyrov divulgaram novas evidências que modificam a visão tradicional sobre a pré-história da Ásia Central. A colaboração internacional detalha o assentamento de Semiyarka, na estepe cazaque, datado de aproximadamente 1600 a.C.

Pesquisadores afirmam que o local não era um acampamento sazonal, mas um centro urbano de grande escala e com atividades industriais estruturadas, segundo artigo publicado nesta terça-feira (18) na revista Antiquity. A descoberta resulta de pesquisas iniciadas no começo dos anos 2000.

O assentamento ocupa uma área de 140 hectares e, conforme informações do portal Live Science, é mais de quatro vezes maior do que outras aldeias contemporâneas da região, o que sugere que o sítio funcionava como um importante núcleo político ou administrativo há mais de 3.500 anos.

Localizada em um promontório sobre o rio Irtysh, no nordeste do Cazaquistão, Semiyarka possui posição geográfica estratégica. O nome, que significa “Sete Ravinas”, faz referência ao conjunto de vales que circundam o assentamento.

Pesquisadores avaliam que a localização permitia aos habitantes controlar fluxos de circulação e comércio ao longo do rio. Levantamentos com drones revelaram estruturas organizadas em fileiras compostas por montes de terra retangulares angulados entre si. Escavações confirmaram que esses montes formavam as fundações de casas com vários cômodos e paredes de tijolos de barro.

No ponto central onde as fileiras se encontravam, foi identificado um edifício de dimensões superiores às das outras estruturas, possivelmente utilizado como espaço comunitário, cerimonial ou administrativo, segundo comunicado da Universidade de Durham.

A análise do local também identificou uma área industrial situada na extremidade sudeste do assentamento. Pesquisadores encontraram alta concentração de cadinhos, escória e artefatos de bronze, além de indícios de produção de uma liga de cobre e estanho. Esses elementos representam as primeiras evidências concretas de produção em larga escala de bronze estanhífero na estepe eurasiática.

A proximidade aos depósitos de cobre e estanho das montanhas Altai, próximas às fronteiras atuais de Cazaquistão, Rússia, Mongólia e China, facilitava o acesso às matérias-primas e o comércio regional.

A existência de Semiyarka exige revisão das interpretações consolidadas sobre o modo de vida das populações da Idade do Bronze na Ásia Central. A visão predominante considerava a região dominada por pequenos grupos nômades com baixa capacidade de estabelecer assentamentos permanentes.

Miljana Radivojević, arqueóloga da University College London e autora principal da pesquisa, destacou que a descoberta mostra que comunidades nômades eram capazes de desenvolver estruturas permanentes, planejadas e associadas a atividades industriais de grande escala.

Dan Lawrence, da Universidade de Durham, afirmou que a configuração e a amplitude do assentamento diferem substancialmente de tudo o que já foi registrado na zona das estepes, indicando formas avançadas de organização comparáveis às de regiões tradicionalmente reconhecidas como urbanas no mundo antigo.

As escavações e análises devem continuar nos próximos meses. A equipe acredita que novas investigações poderão revelar aspectos adicionais sobre a dimensão política, econômica e tecnológica do assentamento e sobre o papel desempenhado por essa antiga cidade na formação das redes sociais e produtivas da Eurásia.

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