A China acaba de conquistar um feito tecnológico sem precedentes na corrida espacial moderna. Pela primeira vez, cientistas do país conseguiram realizar uma medição de distância a laser com sucesso durante o período diurno na Lua — algo extremamente complexo, mas essencial para a evolução das missões lunares.
A façanha, conduzida por especialistas do Observatório de Yunnan, ligado à Academia Chinesa de Ciências, utilizou um sofisticado sistema de laser infravermelho acoplado a um telescópio de 1,2 metro de diâmetro. A operação teve como alvo um retrorrefletor instalado no satélite chinês Tiandu 1, atualmente em órbita lunar.
Por que medir com laser a partir da Terra é tão difícil?
Realizar medições a laser até a Lua não é novidade — as missões Apollo já faziam isso nos anos 1970. A grande dificuldade, no entanto, está em fazer isso durante o dia. A luz solar intensa cria um ruído luminoso que interfere diretamente na detecção do sinal refletido, exigindo equipamentos altamente sensíveis e um grau de precisão extremo.
O processo consiste em disparar um feixe de laser com energia suficiente para cruzar os mais de 384 mil quilômetros que separam a Terra da Lua, atingir o retrorrefletor no Tiandu 1, e então captar o sinal refletido de volta com clareza. Só que com a luminosidade do dia, essa tarefa se torna dezenas de vezes mais complicada.
Ainda assim, os cientistas chineses conseguiram medir com exatidão o tempo que o sinal levou para ir e voltar, o que permitiu calcular a distância entre a Terra e o satélite natural com precisão milimétrica.
O que esse avanço representa para o futuro das missões lunares?
Esse experimento bem-sucedido em plena luz solar amplia significativamente a janela de observações possíveis por laser, o que pode beneficiar enormemente futuras missões, inclusive a ambiciosa Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), um projeto liderado pela China com apoio internacional.
Até então, medições desse tipo só eram feitas em períodos noturnos, limitando as possibilidades técnicas e operacionais. A capacidade de operar esse sistema mesmo com a interferência solar representa um salto na viabilidade de missões mais complexas e duradouras na superfície lunar.
O satélite Tiandu 1, lançado em março de 2024, foi desenvolvido justamente para testar novas tecnologias em ambiente lunar. Agora, ele cumpre um papel-chave ao demonstrar que é possível fazer medições de precisão sob condições que antes inviabilizavam esse tipo de leitura.
Um novo marco na corrida lunar
Esse feito reforça o protagonismo da China na nova era de exploração da Lua. Com os olhos voltados para a construção de uma base científica permanente no solo lunar, o país investe em tecnologias que aumentem a precisão, segurança e eficiência das missões espaciais.
Dominar a medição a laser em ambiente diurno é mais que uma curiosidade técnica — é um passo crucial para permitir navegação, pousos e operações com risco reduzido, especialmente quando múltiplas missões estiverem operando simultaneamente.
O sucesso da medição diurna coloca a China em vantagem estratégica no cenário da exploração lunar, não apenas do ponto de vista tecnológico, mas também como liderança científica global em projetos espaciais de grande escala.
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