A Victoria’s Secret não é apenas uma marca de lingerie: é um espetáculo. Seus desfiles se tornaram um marco anual da cultura pop, misturando moda, música, cenografia e celebridades em um verdadeiro show ao vivo. Mas em meio a tantos anos de passarela, alguns momentos extrapolaram todas as expectativas. São os desfiles que fugiram do padrão e deixaram sua marca como episódios quase teatrais — e muitas vezes polêmicos — no universo da moda.
Relembrar esses cinco desfiles mais diferentes da história da Victoria’s Secret é, mais do que tudo, entender como a moda se reinventa no palco.
Paris 2016: um desfile com alma francesa e estética de revista de arte
Em 2016, a marca levou o desfile para a capital da moda: Paris. Mas não foi só o endereço que mudou. O clima francês dominou a cenografia e os looks com uma elegância ousada. A cenografia foi inspirada nas galerias parisienses, com toques de cabaré e perfume de haute couture. A apresentação musical ficou por conta de Lady Gaga, Bruno Mars e The Weeknd, que interagiram com as modelos como se fizessem parte da performance. Foi um desfile mais sofisticado e maduro — um passo além na narrativa sensual habitual da marca.
China 2017: cultura, tensão diplomática e um show globalizado
O desfile de 2017, realizado em Xangai, na China, foi talvez o mais ambicioso e controverso. A proposta era integrar a estética chinesa ao universo da Victoria’s Secret — e o resultado foi um mix curioso de referências culturais. Mas houve tensão nos bastidores: várias modelos, incluindo Gigi Hadid, foram barradas no visto e a cantora Katy Perry foi impedida de se apresentar por questões diplomáticas. O desfile seguiu com performances de Miguel e Leslie Odom Jr., em um palco futurista que tentava abraçar a cultura chinesa sem cair na caricatura. Foi ousado — e arriscado.
2014: Taylor Swift e as “duas estrelas” da noite
Taylor Swift foi presença marcante na edição de 2014, com direito a dois looks diferentes no palco e interação direta com as modelos. O inusitado foi que ela não apenas cantou — ela brilhou como se fosse uma das Angels. Ao lado de Karlie Kloss, sua amiga na época, dividiu olhares e aplausos. Houve quem dissesse que Taylor “roubou o show” das próprias modelos. Foi um desfile em que a música se misturou de forma tão orgânica à performance que criou um novo tipo de protagonismo no palco.
Fantasy Bra 2003: dois sutiãs de diamantes e uma dobradinha rara
O desfile de 2003 marcou história ao trazer não um, mas dois Fantasy Bras — os famosos sutiãs cravejados de pedras preciosas que custam milhões. Adriana Lima e Heidi Klum dividiram os holofotes com peças avaliadas em mais de US$ 11 milhões cada. Era o auge da ostentação da marca, com cristais Swarovski em praticamente todos os figurinos. O desfile inteiro teve um tom de joalheria ambulante, onde cada modelo parecia uma peça viva de um museu luxuoso. Visualmente impactante, foi um dos momentos mais memoráveis — e caros — da história da grife.
New York 2001: quando o desfile se transformou em homenagem ao 11 de setembro
Em um dos momentos mais delicados da história americana, o desfile de 2001 foi realizado poucos meses após os atentados de 11 de setembro. A escolha por seguir com o evento foi polêmica, mas a marca adaptou o tom do show. Houve homenagens às vítimas e um discurso mais contido, com ausência de ostentação exagerada. Ainda assim, a estrutura do desfile foi mantida, e a performance de Mary J. Blige emocionou o público. Foi uma noite em que a sensualidade deu lugar à sobriedade, e a passarela se transformou em palco de respeito e reconstrução emocional.
A evolução do espetáculo: o que mudou ao longo dos anos
Os desfiles da Victoria’s Secret deixaram de ser apenas vitrines de lingerie para se tornarem palcos de narrativas culturais. A cada ano, novas abordagens tentaram acompanhar mudanças de comportamento, debates sobre diversidade e novas demandas do mercado fashion. No entanto, nem todos os anos foram bem recebidos — especialmente a partir de 2018, quando a marca foi criticada por falta de representatividade e acabou cancelando os desfiles a partir de 2019.
O que era luxo e sonho para muitos começou a ser visto como ultrapassado por parte do público. Em 2023, a marca tentou reinventar sua imagem com o documentário “The Tour”, focado em arte, diversidade e empoderamento. Mas até hoje, os desfiles antigos continuam sendo lembrados como momentos marcantes da moda pop.
Os desfiles mais diferentes da Victoria’s Secret são mais do que curiosidades fashionistas — eles ajudam a entender as transformações culturais, estéticas e até políticas que moldaram o século XXI. Com brilhos, música e drama, cada edição diferente revelou algo sobre o mundo fora da passarela. E é justamente isso que faz da moda um espelho do tempo.
Leia também:
- Os 15 maiores municípios do Paraná hoje e há 50 anos
- Hoje na história: o fim da Segunda Guerra Mundial
- 9 filmes baseados em livros de Nicholas Sparks que você precisa assistir