Em meio a mudanças econômicas, expansão urbana e novas dinâmicas sociais, o Paraná passou por uma transformação silenciosa e profunda ao longo dos últimos 50 anos. O que antes era um estado ruralizado e voltado ao agronegócio, deu espaço para polos industriais, centros de serviços e municípios que cresceram muito além das suas origens. O resultado? Um novo mapa populacional.
Neste artigo, vamos analisar os 15 maiores municípios do Paraná em 2025 e compará-los com os maiores em 1975. A comparação revela muito mais que números: ela mostra como a migração interna, o desenvolvimento econômico e as políticas públicas moldaram o estado. Prepare-se para entender por que cidades como Cascavel, Londrina e Maringá seguiram em alta, enquanto outras perderam protagonismo.
Curitiba continua soberana, mas com nova dinâmica urbana
Curitiba, capital do estado, já era a maior cidade do Paraná nos anos 1970 — e continua sendo. Mas a forma como ela cresceu revela uma urbanização mais vertical e planejada. Em 1975, a cidade tinha cerca de 650 mil habitantes. Hoje, segundo projeções do IBGE, Curitiba passa de 1,9 milhão de habitantes.
O crescimento foi sustentado por um modelo de transporte inovador, políticas ambientais reconhecidas internacionalmente e forte atração de serviços e tecnologia. No entanto, o entorno metropolitano cresceu ainda mais rápido, criando uma conurbação com municípios vizinhos.
Maringá e Londrina sempre estiveram lado a lado quando se trata de protagonismo no norte paranaense. Em 1975, Londrina era a segunda cidade mais populosa do estado, com pouco mais de 300 mil habitantes, enquanto Maringá ocupava a quarta colocação, com cerca de 150 mil.
Cinco décadas depois, Maringá ultrapassou Londrina em diversos indicadores de qualidade de vida e planejamento urbano. Apesar disso, Londrina ainda sustenta uma população maior: 597 mil contra 450 mil de Maringá, segundo estimativas de 2025. A disputa continua, mas agora em um novo patamar.
Cascavel foi uma das grandes surpresas das últimas décadas. Com pouco mais de 60 mil habitantes em 1975, hoje tem cerca de 370 mil. A cidade se tornou um importante polo logístico e agroindustrial, o que explica seu rápido crescimento.
Foz do Iguaçu, por sua vez, já era importante por sua posição estratégica na tríplice fronteira, mas seu crescimento populacional foi mais moderado. Hoje, com aproximadamente 265 mil habitantes, a cidade vive um dilema entre o turismo, as fronteiras e os desafios sociais da região.
A expansão da capital impactou diretamente seus vizinhos. São José dos Pinhais, que em 1975 tinha menos de 60 mil habitantes, agora supera os 350 mil, impulsionada pela indústria automotiva e pelo Aeroporto Afonso Pena.
Colombo, por sua vez, cresceu como cidade-dormitório e hoje abriga cerca de 250 mil habitantes. O crescimento expressivo se deve à sua proximidade com Curitiba, à oferta de habitação e à mobilidade facilitada.
Ponta Grossa manteve sua importância estratégica no centro-sul do estado. Com cerca de 130 mil habitantes em 1975, hoje ultrapassa 370 mil e é um dos principais polos industriais e logísticos.
Guarapuava também cresceu, mas em um ritmo mais lento, com pouco mais de 190 mil habitantes hoje, frente aos 80 mil da década de 1970. A cidade continua sendo referência no setor agropecuário.
Já Toledo, com cerca de 25 mil habitantes em 1975, salta para mais de 150 mil hoje, consolidando-se como um polo agroindustrial emergente.
A capital do estado, Curitiba, acima, tem se mantido na liderança e triplicou sua população em 50 anos
Comparativo populacional: 1975 x 2025
Ranking | Município | População 1975 (aprox.) | População 2025 (estimada) |
---|---|---|---|
1 | Curitiba | 650.000 | 1.900.000 |
2 | Londrina | 310.000 | 597.000 |
3 | Maringá | 150.000 | 450.000 |
4 | Ponta Grossa | 130.000 | 370.000 |
5 | Cascavel | 65.000 | 370.000 |
6 | São José dos Pinhais | 55.000 | 350.000 |
7 | Foz do Iguaçu | 100.000 | 265.000 |
8 | Colombo | 45.000 | 250.000 |
9 | Guarapuava | 80.000 | 190.000 |
10 | Paranaguá | 70.000 | 160.000 |
11 | Toledo | 25.000 | 150.000 |
12 | Apucarana | 90.000 | 140.000 |
13 | Araucária | 35.000 | 135.000 |
14 | Campo Largo | 30.000 | 130.000 |
15 | Umuarama | 50.000 | 125.000 |
O que explica essas mudanças?
Diversos fatores explicam o novo ranking populacional do Paraná:
- Descentralização industrial: cidades com potencial logístico cresceram muito.
- Urbanização acelerada: novos polos surgiram com infraestrutura e qualidade de vida.
- Conurbação e mobilidade: municípios do entorno de Curitiba cresceram por integração urbana.
- Políticas públicas regionais: investimentos direcionados favoreceram cidades específicas.
Algumas cidades que estavam entre as mais populosas em 1975 hoje ficaram para trás. Um exemplo é Jacarezinho, que já foi referência no norte do estado, mas perdeu protagonismo para cidades mais dinâmicas economicamente, como Cambé e Sarandi.
O Paraná de hoje é mais urbano, mais dinâmico e mais diverso
O comparativo entre os municípios mais populosos do Paraná hoje e há 50 anos não é apenas um exercício de memória. É um retrato do desenvolvimento regional, das decisões políticas e das escolhas da sociedade. Cidades que souberam se adaptar, inovar e investir em infraestrutura cresceram e atraíram gente. Outras, estagnadas em antigos modelos econômicos, ficaram para trás.
Entender essa dinâmica ajuda a projetar o futuro do estado — e também a planejar políticas públicas mais justas e equilibradas. Afinal, a geografia do povoamento continua mudando, e acompanhar essa transformação é essencial para pensar o Paraná dos próximos 50 anos.
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Os 15 municípios mais populosos do Brasil, conforme os dados do Censo de 2022 do IBGE:
- São Paulo (SP) – 11.451.245 habitantes
- Rio de Janeiro (RJ) – 6.211.423 habitantes
- Brasília (DF) – 2.817.068 habitantes
- Fortaleza (CE) – 2.428.678 habitantes
- Salvador (BA) – 2.418.005 habitantes
- Belo Horizonte (MG) – 2.315.560 habitantes
- Manaus (AM) – 2.063.547 habitantes
- Curitiba (PR) – 1.773.733 habitantes
- Recife (PE) – 1.488.920 habitantes
- Goiânia (GO) – 1.437.237 habitantes
- Porto Alegre (RS) – 1.332.570 habitantes
- Belém (PA) – 1.303.389 habitantes
- Guarulhos (SP) – 1.291.784 habitantes
- Campinas (SP) – 1.138.309 habitantes
- São Luís (MA) – 1.037.775 habitantes
Ao longo das últimas cinco décadas, o Brasil experimentou uma profunda transformação demográfica. De um país com alta taxa de natalidade e população predominantemente jovem, caminhamos para uma sociedade envelhecida, com crescimento populacional desacelerando e desafios inéditos no horizonte.
Evolução populacional: do crescimento acelerado à estagnação
Entre 1970 e 2020, a população brasileira mais que dobrou, saltando de aproximadamente 95 milhões para 203 milhões de habitantes. Esse crescimento foi impulsionado por altas taxas de fecundidade e melhorias nas condições de saúde pública.
Contudo, o ritmo de crescimento populacional vem diminuindo nas últimas décadas. A taxa de crescimento anual caiu de 1,64% na década de 1990 para 0,52% em 2021. Segundo o IBGE, a população brasileira atingirá seu pico em 2041, com cerca de 220,4 milhões de habitantes, e começará a declinar, chegando a 199,2 milhões em 2070.
Fecundidade em queda
A taxa de fecundidade no Brasil caiu de 2,32 filhos por mulher em 2000 para 1,57 em 2023, abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1 filhos por mulher. Essa tendência é atribuída a fatores como maior acesso à educação, inserção da mulher no mercado de trabalho e uso de métodos contraceptivos. Além disso, a idade média das mulheres ao ter o primeiro filho aumentou de 25,3 anos em 2000 para 27,7 anos em 2020, com projeção de atingir 31,3 anos em 2070.
Envelhecimento populacional
O envelhecimento da população brasileira é uma das mudanças mais significativas em curso. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais passou de 8,7% em 2000 para 15,6% em 2023, e estima-se que chegará a 37,8% em 2070. Isso significa que, em menos de meio século, mais de um terço da população será composta por idosos.
Esse envelhecimento tem implicações profundas para a economia e os sistemas de saúde e previdência, exigindo políticas públicas adaptadas a essa nova realidade demográfica.
Distribuição regional: crescimento desigual
As projeções indicam que o crescimento populacional será desigual entre as regiões brasileiras. Enquanto estados como Roraima devem apresentar crescimento de até 49,9% até 2070, outros, como Rio Grande do Sul e Alagoas, poderão ver sua população diminuir já a partir de 2027. Essa disparidade reflete fatores econômicos, sociais e migratórios que influenciam o crescimento populacional regional.
Perspectivas para os próximos 50 anos
As projeções demográficas apontam para um Brasil com população em declínio e envelhecida nas próximas décadas. Esse cenário traz desafios significativos, como a necessidade de adaptar os sistemas de saúde e previdência, repensar políticas de imigração e incentivar a participação da população idosa na economia.
Por outro lado, também surgem oportunidades, como o desenvolvimento de produtos e serviços voltados para a terceira idade, e a valorização do conhecimento e experiência dos mais velhos no mercado de trabalho.