Maior cemitério pré-histórico da Europa pode ter sido encontrado

Arqueólogos da República Tcheca desenterraram recentemente, próximo a uma rodovia que liga a cidade de Hradec Králové à vila de Sadová, o que pode ser o maior cemitério pré-histórico já encontrado na Europa.

Esta descoberta impressionante não só revela a complexidade das práticas funerárias de civilizações antigas, mas também nos oferece um vislumbre raro do passado distante do continente europeu. Datado de cerca de 6 mil anos, este sítio arqueológico promete revolucionar nossa compreensão das sociedades pré-históricas e seus rituais funerários.

O cemitério, que mede cerca de 190 metros de comprimento e 15 metros de largura em seu ponto mais largo, foi encontrado durante escavações perto de uma rodovia. Segundo a Universidade de Hradec Králové (UHK), a equipe de arqueólogos descobriu estruturas que indicam a presença de túmulos centrais de pessoas de alto status dentro daquela comunidade pré-histórica. Além desses túmulos centrais, foram encontrados outros 30 túmulos nas proximidades, indicando um local de significância duradoura ao longo de várias gerações.

Os túmulos centrais contêm esqueletos de indivíduos solitários, deitados sobre o lado esquerdo e com a cabeça voltada para o norte. Um dos sepultamentos incluía um vaso de cerâmica, provavelmente um bem funerário, enquanto o outro continha cinco peças de sílex trabalhado, incluindo uma ponta de flecha e uma lâmina afiada. Estes achados sugerem que os indivíduos sepultados no centro possuíam um status elevado dentro de sua sociedade.

Os arqueólogos também encontraram quatro sepulturas posteriores ao redor dos túmulos centrais. A equipe está agora analisando se esses indivíduos eram relacionados aos de alto status ou entre si, uma tarefa que promete revelar mais sobre as relações sociais e familiares dessa antiga comunidade.

Petr Krištuf, arqueólogo da UHK, destacou que túmulos semelhantes na Europa Central geralmente consistem em apenas um ou dois sepultamentos. A descoberta de vários túmulos inter-relacionados em um único local é rara e significativa. “Será interessante ver como os túmulos descobertos estão relacionados entre si e se eles representam os sepultamentos de parentes”, comentou Krištuf. Acredita-se que o túmulo principal foi o primeiro a ser construído, com os outros enterros ocorrendo ao longo de gerações, tornando o local um importante centro ritual e marco na paisagem da época.

Os pesquisadores estão atualmente envolvidos em análises detalhadas dos sedimentos e artefatos encontrados no sítio. A descoberta de estruturas de valas de madeira ao redor do monte funerário, que se decompuseram ao longo do tempo, sugere que o local foi cuidadosamente mantido e protegido. Essas valas podem ter servido como marcadores rituais ou delimitadores de propriedade, indicando a importância contínua do cemitério ao longo dos séculos.

Além disso, os pesquisadores estão examinando sedimentos do núcleo que pertencem a um período mais recente, o Oligoceno-Mioceno, datado de cerca de 23 milhões de anos. Estas análises ajudarão a refinar os modelos climáticos e a prever como mudanças climáticas extremas podem afetar nosso planeta no futuro, baseando-se em eventos passados.

A descoberta deste cemitério pré-histórico na República Tcheca não apenas amplia nosso conhecimento sobre práticas funerárias antigas, mas também serve como um lembrete poderoso das mudanças climáticas e ambientais que ocorreram ao longo da história da Terra. Estudar como essas antigas civilizações responderam às mudanças em seu ambiente pode fornecer insights valiosos para enfrentar os desafios climáticos atuais e futuros.

Krištuf destaca que, durante o Eoceno tardio, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera eram quase o dobro dos atuais. No entanto, as projeções indicam que, com o ritmo insustentável de desenvolvimento atual, esses níveis podem ser atingidos novamente em até 200 anos. Compreender as respostas das antigas sociedades a essas condições pode nos ajudar a desenvolver estratégias para mitigar os impactos das mudanças climáticas no presente.

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