Em um bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, um caso que reúne dor, coragem e apostas no dinheiro sombrio veio à tona. A vítima, uma jovem mãe, caminhava com seu filho no colo quando foi morta a tiros — o crime, segundo apurações, teria sido encomendado por valores que rondam R$ 20 mil. O que torna o fato ainda mais extraordinário: a mãe do principal suspeito reconheceu o filho nas imagens de câmeras de segurança e o denunciou às autoridades.
O crime e a denúncia
Os investigadores apuraram que o jovem, identificado como Davi de Souza Malto, de 24 anos, e um cúmplice — piloto da moto utilizada na ação — foram pagos para executar a vítima. A mãe dele, Kelly da Silva de Souza, ao ver as imagens divulgadas pela polícia, reconheceu o filho e acionou as autoridades. “Meu filho foi nascido na igreja… Eu nunca imaginei que ele tirasse a vida de uma menina inocente”, relatou ela em depoimento.
Como tudo se desenrolou
Relatos apontam que o crime ocorreu no bairro de Sepetiba. A vítima, identificada como Laís Gomes Pereira, de 26 anos, caminhava com seu filho no carrinho quando foi surpreendida com um disparo na região da nuca. A prisão de Davi aconteceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após a denúncia da mãe.
O valor envolvido – cerca de R$ 20 mil – sugere um assassinato por encomenda, com planejamento e execução, e não um ato impulsivo. A polícia já apura quem teria comanditado o crime e qual o real motivo por trás da execução.
Impactos e reflexões
Este episódio revela diversas camadas de complexidade. Em primeiro lugar, a brutalidade de um homicídio em via pública, com criança acompanhando a mãe, onde o medo e a dor se encontram nas faces da violência cotidiana. Em segundo lugar, a quebra de laço familiar: a mãe que denuncia o próprio filho representa uma coragem rara, rompendo com laços do sangue em nome da justiça e da moral.
Além disso, há toda a engrenagem envolvida em homicídios por encomenda — valores, execução, mandantes — que desnudam um lado muitas vezes invisível da criminalidade urbana. A repercussão desse caso também abre espaço para debates urgentes: segurança pública, proteção de mulheres, crianças e ambientes vulneráveis, e as fronteiras que separam “vida normal” de “violência profissional”.
Os próximos passos da investigação
Com o suspeito preso, as equipes da polícia seguem investigando: quem está por trás da ordem? Qual a motivação que levou alguém a pagar para matar uma mulher jovem que levava seu filho? Investigações preliminares indicam que a vítima poderia ter recebido ameaças antes do crime — indício de que o alvo estava ciente de que corria risco. Ainda assim, a identidade do mandante permanece incerta.
A mãe denunciou o filho dias após reconhecer-lo no vídeo, e desde então colabora com as autoridades, em meio a uma crise íntima que mistura fé, arrependimento e vergonha: “eu quero pedir perdão à família da vítima”, disse Kelly.
Reflexão final
Este caso é o retrato de uma engrenagem que vai além da faca ou da bala: trata-se de poder, dinheiro, escolha e consequência. A vida interrompida de uma mãe jovem, o filho pequeno que ficou para trás, a prisão de dois homens — e o combate silencioso de uma mulher que decidiu não proteger o sangue, mas a justiça. Neste cenário, vemos que a diferença entre vulnerabilidade e impunidade passa por decisões humanas, pela coragem de uma denúncia, e pelo funcionamento das estruturas que querem que a vida vença a barbaridade. Que este episódio sirva de lembrança de que exigir segurança e responsabilização não é privilégio de alguns — é dever de todos.

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