Do altiplano andino às prateleiras brasileiras, a maca virou febre. Mas afinal: funciona mesmo para disposição, desejo sexual e fertilidade? Veja evidências, doses seguras e alertas.
O que é, por que viralizou e como a maca peruana age
Se tem uma raiz que saiu das alturas dos Andes direto para a rotina de quem busca mais energia e bem-estar, ela atende por um nome curto e sonoro: maca peruana. Cultivada entre 3.800 e 4.800 metros, a planta Lepidium meyenii é alimento ancestral e, mais recentemente, suplemento da moda. O apelo? Promessas de mais vigor, libido e até fertilidade. Mas vamos sem euforia: a boa pergunta é “o que está validado em humanos?”
Quimicamente, a maca é um prato cheio: contém macamidas e macaenos (marcas registradas da planta), além de glucosinolatos — compostos também presentes na família das crucíferas. O detalhe que pouca gente comenta: composição varia conforme cor (amarela, vermelha, preta), altitude, solo e processamento, o que pode explicar resultados diferentes em estudos e entre marcas. PMC+1
Tipos, cores e por que isso importa
Não é tudo “maca” igual. Revisões recentes sugerem que cores diferentes concentram perfis distintos de fitoquímicos (e hipóteses de usos ligeiramente diversos, como preta para parâmetros seminais em modelos animais e vermelha para sintomas específicos). Em humanos, as diferenças ainda são exploratórias, mas a mensagem prática é clara: padronização e origem do produto contam. MDPI
Maca é hormônio natural? Não.
Apesar da fama de “ginseng dos Andes”, estudos em humanos mostram que a maca não aumenta testosterona de forma direta. Ganhos relatados em desejo sexual e bem-estar parecem ocorrer sem alterar significativamente hormônios reprodutivos — uma pista de que o efeito é multifatorial e, talvez, mais central do que endócrino. PMC
Benefícios: o que a ciência realmente mostra (sem exagero)
Antes de comprar três potes “porque o vizinho jurou que mudou a vida”, vale olhar para dados. A ciência sobre maca é volumosa em animais e pequena — mas crescente — em humanos. Abaixo, o raio-X do que há de mais relevante.
Libido e função sexual
Há ensaios clínicos pequenos, com resultados interessantes para desejo sexual e bem-estar sexual. Em pessoas com disfunção sexual induzida por antidepressivos ISRS, um estudo duplo-cego, dose-resposta, observou melhora mais consistente no grupo de 3,0 g/dia do que em 1,5 g/dia. Sinal promissor, mas amostra pequena e sem braço placebo — tradução: evidência inicial, não sentença. PMC

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Em homens com sintomas de hipogonadismo tardio, um ensaio randomizado e controlado (2023) encontrou redução de sintomas androgênicos e melhora em domínios sexuais com aproximadamente 5 g/dia de maca gelatinizada por 12 semanas, sem aumento de testosterona. Bom indício para sintomas, não para “turbo hormonal”. PMC
Fertilidade masculina (parâmetros seminais)
Aqui a régua sobe: uma revisão sistemática e meta-análise (2022) com cinco ensaios randomizados não confirmou benefício claro na concentração de espermatozoides versus placebo (WMD 2,22; IC 95% −2,94 a 7,37; p=0,40), com alta heterogeneidade. Conclusão honesta: resultados mistos e amostras pequenas — precisamos de estudos maiores e mais rigorosos. Frontiers
Menopausa e bem-estar feminino
Estudos pequenos apontam melhora de sintomas psicológicos e sexuais em algumas mulheres na pós-menopausa, geralmente com 2–3,5 g/dia por 6–12 semanas. São ensaios de curta duração e variabilidade metodológica; úteis como “sinal”, insuficientes como prova robusta. Drugs.com
Energia, humor e desempenho físico
Há indícios preliminares — inclusive em atletas — de melhora de marcadores de fadiga e percepção de esforço, mas a literatura ainda é limitada e heterogênea. Tomar como “pré-treino milagroso” é pular etapas. MDPI

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Gráfico rápido — síntese da evidência (2022–2024)
Desfecho | O que dizem os estudos recentes | Força da evidência | Fonte |
---|---|---|---|
Desejo/função sexual (adultos) | Melhora modesta em estudos pequenos; efeito mais claro em doses ≥ 3 g/dia em cenário específico (ISRS) | Baixa a moderada | PMC |
Hipogonadismo tardio (sintomas) | Redução de sintomas em 12 semanas sem alterar testosterona | Moderada (um RCT) | PMC |
Parâmetros seminais | Resultados mistos; meta-análise sem efeito significativo | Baixa (inconclusiva) | Frontiers |
Menopausa (bem-estar) | Sinais de alívio em sintomas psicológicos/sexuais em estudos pequenos | Baixa | Drugs.com |
*Classificação editorial baseada na qualidade e no tamanho das amostras publicadas.
Moral da história parcial
Maca peruana não é varinha de condão. Há bons motivos para a popularidade — sobretudo por relatos de melhora de libido e bem-estar —, mas o corpo de evidências ainda é curto, heterogêneo e com várias lacunas. Ou seja: pode ajudar para alguns, não é garantia para todos. PMC
Como usar com segurança: escolhas, doses, rótulos e leis no Brasil
Doses que aparecem nos estudos
Ensaios clínicos costumam usar 1,5 a 3,0 g/dia, com alguns protocolos chegando a ~5 g/dia de maca gelatinizada por 8–12 semanas. Em ISRS-disfunção, 3,0 g/dia performou melhor do que 1,5 g/dia no estudo piloto; em hipogonadismo tardio, ~5 g/dia mostrou benefício sintomático. Tradução prática: se for testar, comece baixo, ajuste com acompanhamento profissional e ciclos curtos. PMC+1

Gelatinizada ou crua?
A forma “gelatinizada” (pré-cozida) é a mais usada em pesquisas e costuma ser melhor tolerada. Além disso, processamentos diferentes afetam o perfil de compostos. Prefira produtos que declarem claramente a forma, padronização e origem. PMC
Quem deve evitar ou ter cautela
Pessoas com doença da tireoide devem conversar com o médico antes: por conter glucosinolatos (família das crucíferas), o consumo excessivo, especialmente com dieta pobre em iodo, pode piorar bócio. Gestantes e lactantes também devem evitar por ausência de dados de segurança robustos. Interações medicamentosas relevantes não são bem documentadas, mas prudência sempre. Drugs.com
Qualidade e rótulo: o que observar
Procure procedência (Andes peruano/boliviano declarada), laudos de contaminantes (metais pesados, microbiologia), padronização de macamidas, cor do hipocótilo (quando disponível) e transparência sobre a forma (pó, extrato, gelatinizada). Lembre: variações químicas entre lotes/cores existem e podem explicar experiências diferentes entre marcas. PMC+1
Situação regulatória no Brasil (ponto crítico)
Nem todo produto vendido como “maca peruana” está regularizado. Documentos oficiais registram casos em que cápsulas com maca (e outros extratos) foram enquadradas como “novos alimentos” e exigiam registro prévio; houve autuações quando não havia regularização e rotulagem adequada. Em 2025, órgãos de defesa do consumidor noticiaram proibições de venda de suplementos irregulares, incluindo produtos rotulados como “Maca Peruana”. Moral da história: cheque o CNPJ do fabricante, verifique registro/dispensa no sistema da Anvisa e desconfie de promessas terapêuticas. Serviços e Informações do Brasil+2Serviços e Informações do Brasil+2
Como montar um teste responsável (sem oba-oba)
- Alinhe expectativa: não espere milagre. 2) Comece com 1,5–2 g/dia por 2–4 semanas, observe tolerância e só então considere subir (até 3 g/dia) se houver sentido clínico. 3) Ciclos de 8–12 semanas com pausa. 4) Se você usa ISRS e quer manejar efeitos sexuais, converse com o médico — há alternativas com evidência superior. 5) Pare se notar desconfortos gastrointestinais, alterações de tireoide ou qualquer efeito inesperado. PMC+1
Perguntas Frequentes (FAQs)
1)Maca peruana aumenta testosterona?
Não há evidência consistente de aumento de testosterona em humanos. Alguns estudos mostram melhora de desejo sexual sem alterar hormônios reprodutivos. PMC
2)Ajuda na disfunção sexual por antidepressivos?
Há um estudo piloto sugerindo benefício com 3 g/dia em disfunção sexual associada a ISRS. É um sinal preliminar, não consenso clínico. PMC
3)Melhora fertilidade masculina?
Meta-análise de 2022 não confirmou ganho significativo na concentração espermática versus placebo; evidência atual é inconclusiva. Frontiers
4)Qual a dose mais usada em estudos?
De 1,5 a 3 g/dia por 8–12 semanas; protocolos recentes testaram ~5 g/dia de maca gelatinizada em sintomas de hipogonadismo. Ajuste sempre com orientação profissional. PMC+1
5)Quem deve evitar?
Gestantes, lactantes e pessoas com doença da tireoide, devido aos glucosinolatos e à falta de dados robustos de segurança nessas populações. Drugs.com
6)Posso comprar qualquer marca?
Não. Verifique regularização/dispensa na Anvisa, origem, laudos e padronização. Já houve autuações e proibições envolvendo produtos “maca peruana” irregulares no país. Serviços e Informações do Brasil+1
7)Maca emagrece?
Não há evidência de efeito direto em perda de peso. Qualquer melhora percebida costuma vir de maior disposição para treinar e ajustar rotina — e isso varia muito entre indivíduos. PMC
8)Existe diferença entre as cores?
As cores refletem perfis químicos distintos; em humanos, as diferenças práticas ainda são exploratórias. Mais importante que a cor é a qualidade e a padronização do produto. MDPI
9)Gelatinizada é melhor?
É a forma mais usada em ensaios e tende a ser melhor tolerada. Prefira quando disponível e bem padronizada. PMC
10)Em quanto tempo sinto efeito?
Nos estudos, avaliações costumam ocorrer entre 8 e 12 semanas. Respostas individuais variam — e podem não acontecer. PMC+1
Conclusão
A maca peruana tem história, química interessante e bons “sinais” para desejo sexual e bem-estar em nichos específicos. Para fertilidade masculina, as melhores revisões ainda pedem calma: resultados mistos e amostras pequenas. Na prática, vale como experimento responsável, com orientação profissional e atenção à qualidade do produto — e não como solução universal.
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