A morte de um autor quase sempre representa um ponto final definitivo em sua trajetória criativa. No entanto, o silêncio deixado por muitos escritores não foi absoluto. Em arquivos esquecidos, gavetas trancadas ou manuscritos engavetados, surgiram livros que o mundo jamais teria lido se não fosse pela persistência de editores, familiares ou estudiosos.
1. O Silmarillion – J.R.R. Tolkien
Tolkien dedicou décadas à criação do universo da Terra-média. Mas O Silmarillion, considerado por muitos como o alicerce mitológico de suas obras, só foi publicado em 1977, quatro anos após sua morte. O responsável por organizar e editar o material foi seu filho, Christopher Tolkien. O livro revelou a cosmogonia do mundo de O Senhor dos Anéis e consolidou o autor como um verdadeiro criador de mitos.
2. O Livro Do Desassossego – Fernando Pessoa
Fernando Pessoa morreu em 1935, deixando um verdadeiro labirinto literário dentro de um baú: mais de 25 mil páginas inéditas. Uma das mais impactantes foi O Livro do Desassossego, atribuído ao semi-heterônimo Bernardo Soares. Publicado apenas em 1982, tornou-se uma das obras mais importantes da literatura portuguesa — filosófica, fragmentada e profundamente existencialista.
3. Persuasão – Jane Austen
Embora tenha vivido o suficiente para escrever sua versão final, Jane Austen faleceu antes da publicação de Persuasão e Northanger Abbey, ambas lançadas postumamente em 1818. Persuasão, com sua protagonista mais madura e realista, é vista por muitos críticos como sua obra mais sensível e reflexiva.
4. O Processo – Franz Kafka
Kafka pediu expressamente que seus manuscritos fossem destruídos após sua morte. Max Brod, seu amigo e editor, ignorou o pedido — e o mundo agradece. Graças a essa ousadia, obras como O Processo, O Castelo e O Desaparecido ou Amerika viram a luz do dia. Esses romances enigmáticos ajudaram a moldar a literatura moderna e tornaram Kafka uma figura lendária.
5. O Original De Laura – Vladimir Nabokov
O autor de Lolita deixou um último manuscrito inacabado e pediu que fosse destruído. Mas seu filho, Dmitri Nabokov, decidiu publicá-lo em 2009. O Original de Laura é um romance fragmentado e provocador que, mesmo incompleto, gerou intenso debate sobre privacidade, legado e o direito de publicação póstuma.
6. Os Contos Inacabados – J.R.R. Tolkien
Mais uma vez, Tolkien nos surpreende. Em Contos Inacabados, publicado em 1980, seu filho reuniu textos fragmentados e versões alternativas de histórias da Terra-média. A obra permitiu que leitores explorassem nuances ainda mais profundas do universo tolkieniano.
7. Os Diários De Sylvia Plath – Sylvia Plath
Poeta sensível e atormentada, Sylvia Plath teve parte de seus diários publicados postumamente, revelando sua intimidade com a dor, a maternidade e o processo criativo. Os Diários de Sylvia Plath são tão literários quanto sua poesia, oferecendo um olhar cru sobre sua mente e seus conflitos pessoais.
8. Cartas A Milena – Franz Kafka
Além de seus romances, Kafka deixou uma correspondência intensa com Milena Jesenská. As cartas, publicadas após sua morte, expõem um homem sensível, apaixonado e intelectualmente inquieto. São documentos que revelam tanto o autor quanto o ser humano por trás da genialidade literária.
9. Diário De Anne Frank – Anne Frank
Embora tenha sido escrito por uma jovem que não era uma autora consagrada, o Diário de Anne Frank é hoje um dos livros mais impactantes do século XX. Publicado por seu pai, Otto Frank, o diário emocionou o mundo com o relato da vida escondida de uma adolescente durante o Holocausto.
Conclusão
Livros descobertos após a morte de seus autores têm um sabor agridoce. São presentes literários póstumos, mas também convites à reflexão sobre o que é ou não legítimo publicar. Em alguns casos, o próprio autor não desejava ver aqueles textos ganharem o mundo. Em outros, talvez faltasse apenas coragem ou tempo para finalizar a obra.
LEIA MAIS: 4 livros que foram escritos na prisão