Em 23 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Livro, uma data simbólica que homenageia grandes escritores como William Shakespeare e Miguel de Cervantes, falecidos nesse mesmo dia. Criada pela UNESCO, a ocasião é um convite à reflexão sobre o valor da leitura em nossa trajetória pessoal e coletiva. Afinal, os livros não apenas nos informam — eles nos formam. São portais que nos transportam por culturas, épocas e pensamentos, ajudando-nos a decifrar o mundo e, sobretudo, a nós mesmos.
1. “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes
Publicado em 1605, Dom Quixote é muito mais do que a história de um cavaleiro delirante e seu fiel escudeiro, Sancho Pança. Cervantes criou um retrato irônico e terno da condição humana, num jogo de espelhos entre loucura e lucidez. A obra, considerada por muitos como o primeiro romance moderno, questiona a realidade, a imaginação e o sentido da honra — temas que continuam inquietantemente atuais.
2. “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski
Ambientado na sombria São Petersburgo do século XIX, Crime e Castigo nos coloca na mente de Raskólnikov, um jovem atormentado que comete um assassinato e tenta justificar moralmente seu ato. A genialidade de Dostoiévski está em expor os labirintos da consciência humana, mostrando que o verdadeiro julgamento não vem das leis, mas do tormento interno. Um clássico indispensável sobre ética, redenção e os limites da racionalidade.
3. “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez
Nesta obra-prima da literatura latino-americana, Márquez narra a saga da família Buendía em Macondo, uma aldeia fictícia onde o fantástico e o cotidiano se entrelaçam com naturalidade. Com lirismo, política e crítica social, Cem Anos de Solidão é um espelho da história da América Latina e uma ode ao poder narrativo da oralidade.
4. “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen
Lançado em 1813, Orgulho e Preconceito continua encantando gerações com sua protagonista espirituosa, Elizabeth Bennet, e sua relação cheia de tensão com o enigmático Mr. Darcy. Mais do que um romance de época, Austen oferece uma análise afiada das normas sociais, do papel da mulher e das relações humanas. A escrita elegante e sarcástica de Austen é um deleite para leitores atentos.
5. “A Metamorfose”, de Franz Kafka
Imagine acordar e perceber que se transformou num inseto grotesco. É assim que começa A Metamorfose, obra central da literatura do século XX. Kafka, com seu estilo único, questiona o conceito de identidade, a alienação no ambiente familiar e o papel do indivíduo numa sociedade impiedosa. Um conto perturbador que permanece atual, sobretudo em tempos de incertezas e pressões existenciais.
6. “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa
O Brasil também marca presença nessa lista com uma das obras mais desafiadoras e poéticas da língua portuguesa. Grande Sertão: Veredas não é apenas uma narrativa sobre jagunços — é um tratado existencial onde o sertão se torna metáfora da alma. Riobaldo, protagonista e narrador, revisita sua vida numa fala ininterrupta, questionando o bem, o mal e o destino. Guimarães Rosa criou uma linguagem própria, profundamente enraizada na oralidade e na invenção, fazendo do livro uma obra que transforma o leitor.
Conclusão
Ler antes de morrer pode parecer uma ideia dramática, mas trata-se, na verdade, de viver plenamente. Cada livro lido é uma vida a mais que tocamos. Ao celebrar o Dia Mundial do Livro, revisitamos a literatura universal como um convite à empatia, à reflexão e ao encantamento.
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