A melancolia é um sentimento que nos envolve como um manto suave e, ao mesmo tempo, pesado. Nas páginas de certos livros, essa atmosfera densa ganha vida e nos transporta para um estado de contemplação profunda. São obras que não apenas nos entretêm, mas também nos fazem repensar nossos próprios sentimentos e dilemas existenciais.
“Pessoas Normais” de Sally Rooney
Em “Pessoas Normais”, Sally Rooney constrói um retrato sensível da intimidade entre Connell e Marianne, dois jovens cujas vidas se cruzam e se afastam com uma naturalidade cruel. O romance, repleto de silêncios e pequenas violências emocionais, captura a angústia dos desencontros e a melancolia que permeia o amadurecimento afetivo. Rooney nos faz sentir cada hesitação, cada incerteza que consome os personagens.
“O Escritor Que Nunca Amou” de B. Sobreira
Augustus Mason é um jovem escritor encarregado de escrever sobre amor, mas se dá conta de que talvez nunca tenha vivido esse sentimento. O livro revela sua busca por pertencimento e afeto, enquanto ele tenta entender o que significa realmente amar e ser amado.
“Meu Policial” de Bethan Roberts
Em “Meu Policial”, Bethan Roberts entrelaça as vozes de três personagens que vivem um triângulo amoroso marcado pela repressão e pelo medo. Ambientado na Inglaterra dos anos 1950, o livro traz a melancolia de vidas interrompidas pelo preconceito, onde o amor se transforma em saudade e silêncio. Cada página é um convite a sentir a dor que brota quando o coração é forçado a se esconder.
“O Peso Do Pássaro Morto” de Aline Bei
Aline Bei constrói em “O Peso Do Pássaro Morto” uma narrativa poética e fragmentada que narra a trajetória de uma mulher dos oito aos cinquenta e dois anos. Em cada fase da vida, o luto, a perda e a melancolia aparecem como constantes companheiros, costurando as memórias com um fio de dor quase palpável. Bei nos mostra que a tristeza também pode ser poesia.
“A Metamorfose” de Franz Kafka
No clássico “A Metamorfose”, Kafka nos coloca diante de Gregor Samsa, que desperta um dia transformado em inseto. A narrativa, ao mesmo tempo absurda e profundamente humana, é um retrato das angústias que nos consomem quando nos sentimos isolados e alienados do mundo. A melancolia do livro reside na constatação de que, por mais que nos transformemos, o abandono e o desencanto podem nos acompanhar sempre.
“Noites Brancas” de Fiódor Dostoiévski
Em “Noites Brancas”, Dostoiévski narra a história de um jovem sonhador que vive um amor breve e intenso com uma mulher solitária. A melancolia do conto surge no contraste entre a esperança de um encontro eterno e a inevitável solidão que se instala quando o sol volta a nascer. A cada página, a obra ecoa a dor dos amores que não resistem ao tempo.
Conclusão
Esses seis livros nos conduzem por labirintos de emoções e pensamentos, onde a melancolia se torna um elemento tão importante quanto a própria trama. Cada autor, a seu modo, nos lembra que a tristeza é parte inseparável da experiência humana — e que, muitas vezes, é nos momentos de silêncio e reflexão que encontramos as verdades mais íntimas de quem somos.
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