Um dos críticos literários mais renomados do século XX, dedicou sua vida ao estudo e à defesa do que ele chamava de “cânone ocidental”. Estamos falando de Harold Bloom!
Com sua abordagem muitas vezes polêmica, Harold Bloom destacou as obras que acreditava serem pilares fundamentais da literatura mundial. Suas escolhas refletem não apenas sua profunda compreensão da narrativa e da poesia, mas também sua crença de que a literatura é um espelho da condição humana. Entre clássicos da Antiguidade, peças de Shakespeare, romances vitorianos e obras modernas, sua seleção de livros essenciais nos guia por uma jornada histórica e emocional pela arte de contar histórias.
A seguir, exploraremos 30 obras literárias que, segundo Harold Bloom, não só moldaram o curso da literatura, mas também continuam a influenciar leitores e escritores ao redor do mundo. Cada uma dessas obras oferece uma perspectiva única sobre questões universais, como amor, poder, morte, moralidade e a busca por significado.
Índice deste artigo:
Clássicos essenciais da Antiguidade e Idade Média
1. A Ilíada – Homero
Considerada o marco inicial da literatura ocidental, este épico grego narra a Guerra de Troia com maestria, explorando heroísmo, destino e a fragilidade humana.
2. A Odisseia – Homero
A jornada de Odisseu para voltar ao lar após a Guerra de Troia é uma aventura épica que mistura ação, astúcia e reflexões sobre o lar e a identidade.
3. A Divina Comédia – Dante Alighieri
Obra-prima da literatura italiana, esta alegoria medieval conduz o leitor por uma viagem ao Inferno, Purgatório e Paraíso, abordando temas como redenção e moralidade.
4. Beowulf – Autor Desconhecido
Entre os textos mais antigos da literatura inglesa, este poema narra as façanhas do herói Beowulf contra monstros e dragões, simbolizando coragem e sacrifício.
5. As Mil e Uma Noites – Vários Autores
Uma coletânea de contos árabes repleta de magia, aventura e lições de moral, que continuam a cativar leitores séculos após sua criação.
Renascimento e Barroco
6. Dom Quixote – Miguel de Cervantes
O primeiro romance moderno questiona a linha entre fantasia e realidade, narrando as desventuras do cavaleiro idealista e seu fiel escudeiro, Sancho Pança.
7. Hamlet – William Shakespeare
Uma das tragédias mais profundas da literatura, “Hamlet” explora temas como vingança, loucura e a complexidade da alma humana.
8. Rei Lear – William Shakespeare
Com uma narrativa sobre poder e traição, Shakespeare apresenta um estudo devastador das relações familiares e do envelhecimento.
9. Os Lusíadas – Luís de Camões
Este épico português celebra as viagens marítimas e o espírito aventureiro, entrelaçando mitologia e história com uma visão poética única.
10. Paraíso Perdido – John Milton
A queda de Lúcifer e a expulsão de Adão e Eva do Éden ganham vida neste poema épico, que reflete sobre a rebeldia e as consequências do livre-arbítrio.
Séculos XVIII e XIX
11. Orgulho e Preconceito – Jane Austen
Com humor e sagacidade, Austen oferece uma crítica das convenções sociais e uma história de amor inesquecível.
12. Os Miseráveis – Victor Hugo
Um épico francês que aborda temas de justiça, amor e redenção em meio às dificuldades da França do século XIX.
13. Crime e Castigo – Fiódor Dostoiévski
Explorando os dilemas morais e psicológicos de um jovem assassino, Dostoiévski constrói uma das obras mais intensas da literatura russa.
14. Guerra e Paz – Liev Tolstói
Retratando a vida durante as Guerras Napoleônicas, Tolstói mistura romance, filosofia e história em um épico incomparável.
15. Jane Eyre – Charlotte Brontë
Uma jornada emocional que reflete a busca por identidade e amor em meio a adversidades.
16. Moby Dick – Herman Melville
A obsessão do capitão Ahab por caçar a baleia branca simboliza a luta humana contra forças além de seu controle.
17. O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë
Um romance gótico que explora o lado sombrio do amor e das paixões humanas.
18. Grandes Esperanças – Charles Dickens
A história de Pip, um jovem órfão, é uma narrativa de crescimento e autodescoberta em meio às desigualdades sociais da Inglaterra vitoriana.
19. O Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde
Um conto fascinante sobre a busca pela beleza eterna e as consequências do hedonismo desenfreado.
20. Frankenstein – Mary Shelley
Considerado o precursor da ficção científica, este romance aborda os limites éticos da ciência e o impacto de nossas criações.
Séculos XX e XXI
21. Ulisses – James Joyce
Com técnicas inovadoras, este romance irlandês retrata um único dia na vida de Leopold Bloom, representando a complexidade da experiência humana.
22. À Espera de Godot – Samuel Beckett
Uma peça que simboliza o absurdo da existência, mostrando personagens à espera de algo que nunca chega.
23. O Processo – Franz Kafka
Uma crítica à alienação moderna e à opressão burocrática, centrada em um homem acusado de um crime misterioso.
24. Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez
Uma obra-prima do realismo mágico, narrando a saga da família Buendía em um mundo cheio de mitos e fantasias.
25. O Estrangeiro – Albert Camus
Explorando o existencialismo, Camus aborda o absurdo da vida e a indiferença às normas sociais.
26. O Sol é Para Todos – Harper Lee
Um relato comovente sobre racismo e justiça, contado pela perspectiva de uma criança no sul dos Estados Unidos.
27. O Senhor dos Anéis – J.R.R. Tolkien
Este épico de fantasia construiu um universo complexo, influenciando toda a literatura fantástica subsequente.
28. A Montanha Mágica – Thomas Mann
Uma narrativa introspectiva que reflete sobre a condição humana e as mudanças sociais do início do século XX.
29. Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago
Uma poderosa alegoria sobre a fragilidade humana e os desafios éticos em tempos de caos.
30. O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
Uma crítica à busca pelo “sonho americano”, envolvendo temas de riqueza, amor e desilusão.
A lista de Harold Bloom nos oferece uma porta de entrada para o coração da literatura mundial. Cada obra reflete dilemas universais e nos conecta a diferentes épocas, culturas e perspectivas. Ler esses clássicos é mais do que uma viagem no tempo; é uma jornada ao âmago da experiência humana.
Harold Bloom: o guardião do cânone ocidental
Harold Bloom (1930–2019) foi um dos mais influentes críticos literários do século XX e início do XXI. Professor da Universidade de Yale por mais de seis décadas, Bloom dedicou sua carreira à análise e defesa das obras que ele considerava fundamentais para a literatura universal. Conhecido por sua inteligência brilhante e opiniões contundentes, ele valorizava o que chamava de “grandeza literária”, em detrimento das tendências passageiras ou abordagens puramente políticas ou ideológicas da literatura.
Bloom escreveu mais de 40 livros, abordando desde Shakespeare e poesia romântica até temas mais filosóficos como criatividade e gênio literário. Entre suas obras mais conhecidas estão O Cânone Ocidental (1994) e Gênio: Os 100 Autores Mais Criativos da História da Literatura (2002). Ele também foi um defensor fervoroso da importância de ler para enriquecer o espírito humano, acreditando que a literatura nos conecta ao que há de mais profundo e eterno na experiência humana.
Lista de livros essenciais de Harold Bloom
Vamos resumir a lista acima, para deixá-la ainda mais objetiva. Se você for selecionar a metade dos livros acima relacionados, destacamos os seguintes, para sua saga de leitura dos livros essenciais da literatura universal:
Clássicos da Antiguidade
- A Ilíada e A Odisseia – Homero
- Édipo Rei – Sófocles
- As Metamorfoses – Ovídio
Literatura Medieval e Renascentista
- A Divina Comédia – Dante Alighieri
- Dom Quixote – Miguel de Cervantes
- Obras completas de William Shakespeare, especialmente Hamlet e Rei Lear
Literatura Moderna (séculos XVIII e XIX)
- Orgulho e Preconceito – Jane Austen
- Crime e Castigo – Fiódor Dostoiévski
- Guerra e Paz – Liev Tolstói
- Moby Dick – Herman Melville
- O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë
Literatura Contemporânea
- Ulisses – James Joyce
- À Espera de Godot – Samuel Beckett
- Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez
- Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago
Essas obras, segundo Harold Bloom, não apenas resistiram ao teste do tempo, mas continuam a moldar o imaginário coletivo e a expandir os limites da linguagem e da narrativa. Ele via esses textos como essenciais para compreender o papel transformador da literatura na sociedade e no indivíduo.