Existem livros que começam com uma energia contagiante e te envolvem nas primeiras linhas e, antes que você perceba, tornam-se um trabalho árduo como um longo jantar com um mau conversador. Outros, em contraste, parecem uma escalada: a possibilidade de vistas incríveis no cume é sedutora, mas o caminho até lá pode ser tão desolador que muitos o abandonam antes de chegar.
Este não é um artigo, exceto de passagem, sobre livros terríveis; nem é sobre livros que exigem muito tempo, atenção, paciência, fortaleza emocional ou pura teimosia para serem lidos. Esses trabalhos “desafiam a própria definição de leitura como um ato, um ritual, um verdadeiro teste de resistência.”
Provavelmente, você já marcou um desses livros. Ou talvez tenha fingido lê-lo. Ou então você o leu, mas não entendeu nada, e está prosseguindo apenas por orgulho. Aqui, compartilhamos uma lista de obras que são frequentemente abandonadas — e isso não é por acaso.
Se você terminou pelo menos cinco deles, parabéns: você faz parte de um pequeno grupo de leitores que têm pelo menos uma curiosidade insaciável e uma determinação impressionante. Se você não leu nenhuma… bem-vindo ao clube silencioso da maioria. O desafio está lançado.
Ulisses — James Joyce (1922)
Um livro denso e volumoso onde a maioria dos leitores se perde na abertura em fluxo de consciência e nunca consegue voltar.
Em Busca do Tempo Perdido — Marcel Proust (1913–1927)
Com mais de três mil páginas, incluindo sentenças longas, este livro exige uma devoção incomum e paciência — e, sem dúvida, uma concepção diferente de tempo.
O Som e a Fúria — William Faulkner (1929)
Contação de histórias fragmentada com perspectiva errática e tempo desarticulado. Um desafio que requer mais do que muitos relacionamentos.
O Arco-Íris da Gravidade — Thomas Pynchon (1973)
Denso com surrealismo e paranoia, e pontilhado com fórmulas matemáticas e sentenças infinitas, a conclusão da obra é uma experiência quase ritualística.
A Montanha Mágica — Thomas Mann (1924)
Pode parecer que nada acontece, mas a narrativa não carece de detalhes ou reflexões, e faz uma leitura em câmera lenta ao longo de 900 páginas.
Os Miseráveis — Victor Hugo (1862)
Jean Valjean é um personagem muito amado, mas muitos leitores lutam contra o capítulo de 100 páginas sobre o sistema de esgotos de Paris.
Casa-Grande & Senzala — Gilberto Freyre (1933)
Um tomo denso, semelhante a uma dissertação, sobre a alma brasileira que é uma leitura pesada, de valor social e cultural, que acaba sendo abandonada por cansaço.
Finnegans Wake — James Joyce (1939)
Um texto quase incompreensível, semelhante a um código, que leva o leitor a uma viagem linguística que pode dobrar a mente.
A Divina Comédia — Dante Alighieri (1320)
Enquanto o inferno é conhecido, poucos chegam ao paraíso com o coração intacto.
2666 — Roberto Bolaño (2004)
Espalhando-se por quase mil páginas e cinco partes, esta obra cobre tópicos bizarros e perturbadores, brilhante e, frequentemente, interminável.
O Castelo — Franz Kafka (1926)
Uma leitura de casa de espelhos, recheada com portas que não abrem e frases que nunca terminam, encerrando-se na busca por um final.
A Crítica da Razão Pura — Immanuel Kant (1781)
Se você completou esta obra e, especialmente, se a entendeu, você faz parte de um pequeno conjunto que pertence a essa lenda urbana.
Cada um em sua peculiaridade, complicada, excêntrica — e às vezes comovente —, essas não são apenas livros, mas testes e presentes quanto à jornada do leitor através deles.