Quem nunca começou a leitura de uma comédia romântica esperando apenas leveza, encanto e sorrisos, e acabou surpreendido por uma reviravolta dolorosa? Alguns livros sabem exatamente como nos conquistar com humor e carisma para, depois, nos derrubar com emoções que não esperávamos. É o tipo de experiência que fica com a gente por muito tempo — e que nos faz enxergar o romance sob uma nova perspectiva.
“Um Dia”, de David Nicholls
A premissa é simples e genial: o livro acompanha Emma e Dexter, dois jovens que se conhecem na formatura da universidade e, a partir daí, revisitamos a vida deles sempre no mesmo dia — 15 de julho — ao longo de vinte anos. Com diálogos espirituosos, situações cômicas e aquela química irresistível entre opostos, “Um Dia” começa como uma deliciosa comédia romântica. Mas a vida, como sabemos, não costuma seguir roteiros previsíveis. À medida que os anos passam, o leitor é convidado a mergulhar em suas escolhas, desencontros e amadurecimentos, até chegar a um final que desarma qualquer um. Uma montanha-russa emocional que questiona: o tempo certo realmente existe?


“A Cinco Passos de Você”, de Rachael Lippincott
A sinopse parece saída de um típico filme adolescente: dois jovens com fibrose cística se conhecem em um hospital e se apaixonam. Mas há um detalhe cruel: por razões médicas, precisam manter uma distância mínima de cinco passos um do outro. O começo tem todos os ingredientes de uma comédia romântica moderna — com um toque de rebeldia, flertes engraçados e personagens carismáticos. Mas, à medida que a história avança, a narrativa se aprofunda nas limitações da doença, na angústia do desejo impossível e nas consequências de viver um amor em condições extremas. As lágrimas, aqui, não são apenas pela tristeza, mas também pela beleza de um sentimento que floresce mesmo nas piores circunstâncias.


“Como Eu Era Antes de Você”, de Jojo Moyes
Louisa Clark é uma jovem excêntrica e otimista que aceita o trabalho de cuidar de Will Traynor, um homem rico, inteligente e sarcástico que ficou tetraplégico após um acidente. A premissa promete humor, embates espirituosos e até um romance improvável. E tudo isso está presente — em doses encantadoras. Mas Jojo Moyes vai além da superfície e nos leva a refletir sobre autonomia, qualidade de vida, depressão e o direito de decidir sobre o próprio destino. É um livro que engana pela leveza inicial e deságua em uma catarse emocional das mais intensas. Uma obra que deixa marcas e gera discussões acaloradas — especialmente sobre empatia e livre-arbítrio.


Conclusão
Nem todo romance precisa terminar com finais felizes previsíveis para ser memorável. Alguns dos livros mais marcantes são justamente aqueles que se despem das fórmulas prontas e nos entregam emoções verdadeiras — ainda que dolorosas. Quando uma comédia romântica se transforma em um drama sincero, o impacto é maior, porque nos pega de surpresa, com o coração desarmado. As três obras mencionadas aqui provam que o riso e o choro podem coexistir numa mesma narrativa, e que histórias de amor não precisam ser perfeitas para serem inesquecíveis.
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