A literatura brasileira tem atravessado oceanos com histórias que cativam leitores de diferentes culturas e idiomas. E não estamos falando apenas de clássicos como Dom Casmurro ou Grande Sertão: Veredas. Nos últimos anos, uma nova leva de autores brasileiros vem sendo traduzida e celebrada no exterior, levando nossas narrativas, sotaques e dilemas para além das fronteiras geográficas.
1. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior
Traduzido para diversos idiomas como inglês (Crooked Plow), francês (Tortue Araire) e alemão, o livro de Itamar Vieira Junior é um fenômeno. A história das irmãs Bibiana e Belonísia em meio ao sertão baiano, marcada por ancestralidade, violência, espiritualidade e resistência, cativou leitores mundo afora. Premiado no Brasil com o Jabuti e o Prêmio Oceanos, Torto Arado vem ganhando prêmios também no exterior e figura em listas de leitura obrigatória sobre desigualdade racial e justiça social.
2. A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli
Com uma escrita sensível e um toque de realismo mágico, Socorro Acioli encantou o mundo literário com A Cabeça do Santo, obra que chegou ao mercado internacional graças à tradução para o inglês (The Head of the Saint), com grande repercussão nos Estados Unidos e no Reino Unido. A história de Antônio, um jovem em busca de respostas e de um lugar no mundo, é ambientada no sertão nordestino e mistura fé, ironia e crítica social com maestria.
3. Eles Eram Muitos Cavalos, de Luiz Ruffato
Traduzido para línguas como o francês (Ils étaient nombreux comme des chevaux) e o inglês (There Were Many Horses), este livro é uma verdadeira colagem urbana do cotidiano de São Paulo. Ruffato constrói, em fragmentos, uma metrópole caótica e desigual, revelando as múltiplas vozes que compõem o Brasil contemporâneo.
4. Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
Um clássico da literatura de resistência, Quarto de Despejo foi traduzido ainda nos anos 1960 para o inglês (Child of the Dark), francês, alemão e outros idiomas. O diário da catadora de papel que viveu na favela do Canindé chocou e emocionou o mundo com sua escrita direta e pungente. Em tempos de discussões sobre racismo estrutural e desigualdade, a obra ganhou nova força e reconhecimento internacional.
5. O Filho Eterno, de Cristovão Tezza
Aclamado no Brasil e fora dele, O Filho Eterno aborda com crueza e humanidade o nascimento de um filho com síndrome de Down. Traduzido para mais de dez idiomas, o livro rendeu prêmios ao autor e gerou debates intensos em diversos países sobre paternidade, expectativas e a construção do amor. Em francês (Le Fils Éternel) e inglês (The Eternal Son), o romance ganhou destaque nas prateleiras europeias.
Conclusão
Os cinco livros apresentados aqui são apenas uma amostra do poder da literatura brasileira quando ganha novas línguas e novos leitores. Cada obra traduzida representa uma ponte entre mundos, um gesto de abertura e um reconhecimento do talento que brota por aqui.
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Apaixonada pela literatura brasileira e internacional, Heloísa Montagner Veroneze é especialista na produção de conteúdo local e regional, com ênfase em artigos sobre livros, arqueologia e curiosidades.