Em meio a tantos clássicos consagrados e sucessos contemporâneos da literatura brasileira nas listas de mais vendidos, existem livros brasileiros que são joias esquecidas. Talvez um dia já foram de sucesso, mas hoje em dia, estão empoeirados em bibliotecas. Apesar de esquecidos, são livros excelentes que precisam voltar a “vida”.
“O Amanuense Belmiro“, de Cyro dos Anjos
Publicada em 1937, essa obra-prima da introspecção literária é uma espécie de diário filosófico de um funcionário público mineiro. Belmiro Medeiros, com sua visão cética e melancólica da vida, mergulha em reflexões sobre o tédio existencial, os amores que não viveu e o Brasil que ainda não se encontrou. Cyro dos Anjos cria um protagonista que é, ao mesmo tempo, comum e profundamente tocante. Esquecido pelas novas gerações, esse romance continua sendo um retrato agudo da classe média intelectual brasileira da primeira metade do século XX.
“Serafim Ponte Grande“, de Oswald de Andrade
Apesar de Oswald de Andrade ser lembrado como um dos principais nomes do modernismo brasileiro, “Serafim Ponte Grande”, de 1933, não goza da mesma notoriedade que seus manifestos ou poemas. Este romance experimental quebra convenções narrativas com uma linguagem fragmentada, satírica e provocadora. Com crítica mordaz à burguesia e à hipocrisia social, é uma leitura ainda mais relevante nos dias de hoje – mas pouquíssimo revisitada.
“Pureza“, de José Lins do Rego
Publicado em 1937, Pureza é um dos romances menos lembrados de José Lins do Rego, embora carregue todo o lirismo, o regionalismo e a crítica social que consagraram o autor. A protagonista, Pureza, vive os dilemas de uma mulher nordestina aprisionada entre os costumes patriarcais e o desejo de liberdade — uma narrativa ousada para sua época, mas que acabou ofuscada pelo sucesso da série “Menino de Engenho”. A construção emocional da personagem e o retrato social do interior brasileiro tornam o livro uma leitura potente e surpreendentemente atual.
“Caminhos cruzados“, de Erico Verissimo
Embora Erico Verissimo seja um nome presente em muitas listas de leitura obrigatória, poucos lembram de “Caminhos cruzados”, publicado em 1935. O romance retrata com maestria os encontros e desencontros de uma série de personagens num ambiente urbano em transição. Ao mesmo tempo romance social e psicológico, é uma peça-chave para entender a evolução literária de Verissimo e o Brasil do início do século XX.
Conclusão
Neste exato momento, há leitores em busca de histórias inéditas e intensas. O que talvez não saibam é que essas histórias já foram escritas — só foram esquecidas. Em vez de buscar sempre o novo, que tal visitar o antigo com novos olhos? Esses livros brasileiros esquecidos são muito mais do que peças de museu: são vozes vivas, prontas para serem ouvidas novamente.
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