Os livros “amaldiçoados” que seus autores acreditavam trazer azar

Na história da literatura, alguns autores renomados acreditavam que seus próprios livros trouxeram azar e reviravoltas sombrias para suas vidas. Muitas dessas obras são conhecidas pelo público, mas poucos sabem das histórias de superstição e mistério que cercam os bastidores de sua criação. Em um universo onde criatividade e imaginação se fundem, alguns escritores enfrentaram consequências perturbadoras, tragédias pessoais e eventos inexplicáveis que fizeram com que considerassem suas obras como amaldiçoadas.

1. Frankenstein

Mary Shelley tinha apenas 18 anos quando começou a escrever Frankenstein, obra que se tornaria um marco na literatura gótica e de terror. A história, que explora os limites éticos e morais da ciência, guarda um legado que muitos consideram sombrio, inclusive a própria autora. Após a publicação do livro em 1818, a vida de Shelley foi marcada por uma série de tragédias: ela perdeu três de seus quatro filhos ainda pequenos e seu marido, o poeta Percy Bysshe Shelley, morreu afogado em circunstâncias misteriosas.

Para Mary Shelley, a obra representava não apenas o peso de suas tragédias pessoais, mas também uma carga simbólica que ultrapassava os limites da ficção. Por sua abordagem inovadora, Frankenstein fez Mary enfrentar a rejeição da crítica e até de outros escritores de sua época, que consideravam a obra um prenúncio do lado sombrio da ciência e da humanidade.

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2. As Benevolentes

O romance As Benevolentes, de Jonathan Littell, publicado em 2006, conta a história de um oficial nazista fictício, mas com uma profundidade psicológica e temática que causou grande impacto. Aclamado pela crítica e ganhador do Prêmio Goncourt, a obra trouxe à tona questões dolorosas sobre a Segunda Guerra Mundial e os horrores do Holocausto. No entanto, após a publicação do livro, o próprio autor declarou em entrevistas que sentia ter sido assombrado por essa história durante o processo de criação.

Littell relatou que escrever o livro foi um mergulho em um abismo emocional e psicológico que afetou seu bem-estar e suas relações pessoais. Muitos acreditam que, por tocar em temas tão pesados e íntimos do lado mais sombrio da humanidade, o autor foi afetado por uma espécie de “maldição” literária. Apesar do sucesso, As Benevolentes é para Littell um lembrete de um período de intensa angústia e desconforto pessoal.

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3. O Retrato de Dorian Gray

Oscar Wilde é conhecido por seu brilhantismo literário e por seu comportamento polêmico, mas um de seus trabalhos mais notórios, O Retrato de Dorian Gray, trouxe-lhe consequências inesperadas. O romance, que aborda a relação entre beleza, juventude e moralidade, foi considerado imoral e escandaloso na época de sua publicação. Para Wilde, a obra acabou marcando o início de uma série de problemas legais e sociais que culminaram com sua condenação por “indecência” e sua subsequente prisão.

Wilde passou por momentos de humilhação pública, foi condenado a trabalhos forçados e teve sua saúde destruída enquanto esteve na prisão. Após sua liberdade, nunca mais recuperou a antiga vida ou sua posição na sociedade. Embora não tenha declarado explicitamente que considerava Dorian Gray uma obra amaldiçoada, o autor sentiu na pele as consequências de sua criação, que muitos viam como um espelho da decadência moral.

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4. O Senhor das Moscas

O Senhor das Moscas, de William Golding, é uma obra que examina a natureza humana em sua forma mais primitiva e violenta. No entanto, muitos afirmam que o próprio Golding tinha uma relação perturbadora com a obra, que foi inicialmente rejeitada por várias editoras. Quando o livro foi finalmente publicado, ele se tornou um sucesso imediato, mas o sucesso trouxe ao autor uma sensação de inquietação e mal-estar que o acompanhou por toda a vida.

Golding frequentemente falava sobre suas próprias lutas internas e sobre como o processo de escrita do livro o fez questionar os aspectos sombrios da humanidade e de si mesmo. Muitos acreditam que O Senhor das Moscas deixou uma marca indelével no autor, que lutou contra a depressão e problemas de autoestima. Para alguns, Golding era assombrado pelo sucesso da obra e pela brutalidade que ela representava.

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5. Moby Dick

Moby Dick, o épico de Herman Melville sobre a caça à baleia, é hoje considerado um dos grandes clássicos da literatura americana, mas foi um fracasso comercial e de crítica na época de sua publicação. A má recepção ao livro impactou profundamente Melville, que enfrentou dificuldades financeiras e crises pessoais. Para ele, Moby Dick era uma obra mal compreendida e que parecia trazer-lhe infortúnios profissionais.

Melville acabou se afastando do mundo literário, amargando anos de fracasso e de problemas de saúde. O reconhecimento póstumo de Moby Dick trouxe uma nova perspectiva sobre sua vida e obra, mas para Melville, a sensação de que sua maior criação havia trazido apenas dificuldades era uma realidade amarga.

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6. O Cemitério

Stephen King é conhecido por suas histórias de terror e suspense, mas nenhuma delas causou tanto desconforto ao autor quanto O Cemitério, publicado em 1983. King escreveu o romance inspirado em experiências pessoais e a considerou sua obra mais perturbadora. A história trata de morte e ressurreição, e o próprio King já afirmou que se sentia desconfortável com a ideia de publicar o livro, por acreditar que poderia estar “mexendo com forças escuras”.

Apesar de seu sucesso comercial, King relatou que O Cemitério trouxe uma sensação de desconforto constante, e ele chegou a acreditar que o livro poderia carregar uma energia negativa. Para ele, a obra representa um dos lados mais sombrios de sua escrita, que o faz questionar os limites do terror e do sobrenatural.

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Conclusão

Essas histórias revelam um lado pouco conhecido da literatura, onde a linha entre criação e superstição se torna tênue. Para muitos autores, suas obras literárias deixaram de ser apenas textos e se tornaram fontes de desconforto, dor e até mesmo de medo. Se as “maldições” literárias são verdadeiras ou apenas produto da imaginação e das circunstâncias trágicas, é algo que permanece no campo do mistério.