O programa Irriga Paraná, iniciativa lançada recentemente pelo governo estadual sob a liderança do governador Carlos Massa Ratinho Junior, tem gerado grande interesse entre os produtores rurais do Paraná. Com uma linha de crédito facilitada que chega a R$ 200 milhões, o programa visa aumentar a produtividade das lavouras e proporcionar mais segurança aos agricultores, especialmente nas regiões afetadas pela irregularidade das chuvas.
Desde seu lançamento, já foram aprovados projetos que somam cerca de 1.000 hectares de áreas irrigadas, um passo significativo para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade das produções agrícolas no estado.
Desde agosto, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) do Paraná formalizou 151 projetos de irrigação que totalizam mais de R$ 20,8 milhões em financiamentos, além dos R$ 7,6 milhões destinados para subvenção dos juros através do Banco do Agricultor Paranaense. Esses números representam um avanço para o setor agropecuário, que enfrenta desafios constantes devido às mudanças climáticas e à variabilidade hídrica.
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), em conjunto com outras instituições parceiras, como cooperativas e empresas de equipamentos de irrigação, já desenvolve projetos para implementar sistemas em mais de 2.500 hectares, demonstrando que o programa tem potencial para superar suas metas iniciais.
Dos R$ 200 milhões previstos para o programa Irriga Paraná, R$ 150 milhões serão destinados exclusivamente às linhas de crédito de financiamento. O Banco do Agricultor Paranaense, com subsídio na taxa de juros, disponibilizará R$ 78 milhões. Outros R$ 42 milhões serão alocados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), enquanto R$ 30 milhões serão geridos pelo Fundo de Equipamento Agropecuário do Paraná (FEAP), administrado pelo IDR-Paraná.
Além dessas modalidades, o governo estadual estuda novas formas de fomentar a irrigação, incluindo a abertura de uma linha de crédito específica do BRDE, com juros anuais que variam de 7% a 12%, conforme o valor do financiamento. Essas linhas de crédito estarão disponíveis durante todo o ano para garantir que os produtores possam acessar recursos de maneira contínua.
O programa ainda prevê apoio para pequenos agricultores por meio da subvenção direta ao beneficiário final, cobrindo até 80% do valor dos projetos de irrigação, com um limite de R$ 20 mil. Essa medida visa incentivar a agricultura familiar, que, muitas vezes, não possui acesso a recursos financeiros para investimentos em tecnologias como a irrigação.
Com um cenário de chuvas cada vez mais incertas e estiagens mais frequentes, garantir a segurança hídrica se tornou uma prioridade para a agricultura paranaense. O programa Irriga Paraná, portanto, é parte de uma estratégia mais ampla, integrada ao Programa de Segurança Hídrica para a Agricultura, instituído por lei estadual no primeiro semestre deste ano.
A política estadual de segurança hídrica inclui medidas para mitigar os efeitos da escassez de água e se antecipar aos impactos das mudanças climáticas. Entre as ações previstas estão a regulamentação do licenciamento ambiental para a construção de reservas de água e a isenção de ICMS para equipamentos de irrigação. Tais medidas facilitam o acesso dos produtores a tecnologias que, no longo prazo, reduzem os riscos de perdas nas safras.
Além disso, o governo planeja investir em pesquisa, destinando R$ 20 milhões do Banco do Agricultor, do FEAP, do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FERH) e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Esses recursos serão aplicados em projetos de gestão dos recursos hídricos em bacias estratégicas, instalação de radares e estações, e estímulo ao uso de matrizes energéticas alternativas na agricultura irrigada.
Um dos principais objetivos do programa é ampliar a área irrigada no Paraná em 20%, passando dos atuais 170 mil hectares para cerca de 205 mil hectares. Isso representa um acréscimo significativo, que pode contribuir para a redução das quebras de safra nas regiões mais afetadas pela seca, como o Noroeste do estado.
O diretor técnico da Seab, Benno Henrique Doetzer, destaca que o Paraná historicamente não enfrentava grandes problemas com déficit hídrico. No entanto, com as mudanças climáticas, o cenário mudou, e agora as estiagens e as chuvas intensas passaram a ser uma preocupação constante. “Isso tem começado a afetar a produção do Estado. E temos uma parcela grande de agricultores que dependem dessa produção e têm sua subsistência colocada em risco”, afirmou Doetzer.
O produtor rural Luis Henrique Escarmanhani, de Alto Paraná, é um exemplo de como a irrigação pode transformar a produtividade. Com uma propriedade de 110 alqueires, ele decidiu investir em um sistema de pivô central para irrigar cerca de 23 alqueires, onde cultiva soja no verão e pasto no inverno. Segundo Escarmanhani, o investimento trouxe um aumento expressivo de produtividade e otimização do uso da terra.
“Com o que investi na irrigação, eu compraria mais 12 alqueires de terra, mas improdutivas”, conta ele. “A irrigação traz mais produtividade na área que eu já tenho. O que importa é a quantidade de matéria verde que tenho para tratar meu gado”, explicou o produtor. Ele afirma que a produção em sua área irrigada é superior ao que teria em 50 alqueires sem irrigação.
Mesmo sem ter financiado o projeto pelo Banco do Agricultor Paranaense, Escarmanhani contou com o suporte técnico do IDR-Paraná e com o apoio do Instituto Água e Terra (IAT) para a análise de viabilidade e autorização da outorga de uso da água. Segundo ele, a otimização do uso da terra e a mitigação dos riscos de estiagem são fundamentais para tornar a produção viável economicamente.