O carro mais antigo em funcionamento do mundo La Marquise e sua fascinante história

Quando pensamos em carros antigos, é fácil imaginar modelos icônicos do início do século XX, como o Ford Modelo T. No entanto, a história automotiva começa muito antes, em uma época em que os veículos não eram movidos a gasolina, mas a vapor. Entre essas joias do passado está La Marquise, considerada o carro mais antigo em funcionamento no mundo. Fabricado em 1884 pela parceria entre o nobre francês Conde De Dion, o engenheiro Georges Bouton e o engenheiro mecânico Charles-Armand Trépardoux, La Marquise é mais do que um veículo; é um pedaço da história, um testemunho do início da revolução automotiva.

Esse carro, batizado em homenagem à mãe do Conde De Dion, La Marquise, representa a inovação e a ousadia de uma era que estava apenas começando a entender o potencial dos veículos a motor. Movido a vapor, La Marquise inaugurou um novo capítulo no transporte pessoal e industrial. A combinação de engenhosidade técnica e visão empresarial de seus criadores resultou em um veículo que não apenas funcionava, mas superava as expectativas para a época. Em 2007, La Marquise foi leiloado na prestigiada Pebble Beach Auction, consolidando seu status como uma verdadeira relíquia da engenharia automotiva.

Neste artigo, vamos explorar a história fascinante desse automóvel, entender como ele foi construído, quem foram os gênios por trás de sua criação e o impacto que teve nas competições e na evolução dos veículos. Além disso, veremos como ele se manteve relevante e em funcionamento por mais de um século.

A Origem de La Marquise e seus Criadores

A história de La Marquise começa com a união de três mentes brilhantes: o Conde Jules-Albert de Dion, Georges Bouton e Charles-Armand Trépardoux. De Dion, um aristocrata francês, tinha uma paixão pela engenharia e pelas novas invenções mecânicas. Em uma época em que as carruagens ainda dominavam as estradas, De Dion visualizava um futuro em que veículos motorizados transformariam o transporte. Foi com essa visão que ele se associou a Bouton e Trépardoux, dois engenheiros brilhantes, para criar o que seria um dos primeiros automóveis movidos a vapor.

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Em 1881, De Dion encomendou a seus parceiros que adaptassem o motor de barco a vapor que haviam desenvolvido para um triciclo movido a pedais. O sucesso dessa primeira empreitada levou a equipe a criar, em 1883, um quadriciclo movido a vapor. No ano seguinte, eles deram mais um passo ousado e criaram La Marquise, um veículo movido a vapor que poderia transportar quatro pessoas em um arranjo de assentos “dos-à-dos”, onde os passageiros traseiros viajavam de costas para os da frente.

O nome “La Marquise” foi escolhido em homenagem à mãe de De Dion, uma escolha que, além de pessoal, também desafiava a desaprovação de seu pai, que considerava o interesse do filho em veículos motorizados uma “ideia maluca”.

O Design e o Funcionamento de La Marquise

La Marquise não era apenas inovador em sua concepção; seu design também era bastante sofisticado para a época. O veículo possuía uma estrutura que permitia acomodar quatro pessoas, sendo os passageiros traseiros dispostos de costas para os dianteiros, um estilo conhecido como “dos-à-dos”. O coração de La Marquise era seu motor a vapor, uma tecnologia avançada para a época, que permitia que o veículo funcionasse de maneira confiável e eficiente.

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A base dos assentos traseiros era ocupada por um grande tanque de ferro, que armazenava a água necessária para alimentar a caldeira vertical, localizada à frente do motorista. Essa caldeira era cercada por um compartimento de aço que armazenava o combustível, no caso, carvão ou coque. Esse sistema permitia que o motor fosse constantemente abastecido, eliminando a necessidade de reabastecimento manual durante a condução.

Sob o veículo, havia dois motores independentes, cada um responsável por impulsionar uma das rodas traseiras. Esse sistema, que usava bielas e manivelas, era uma verdadeira obra-prima da engenharia mecânica da época. O controle do veículo era feito por meio de uma alavanca de direção, semelhante à de um barco, e a velocidade máxima registrada durante suas corridas foi de 37 km/h, um feito impressionante para um veículo movido a vapor no final do século XIX.

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La Marquise nas Corridas

Apesar de ser um carro projetado para uso familiar, La Marquise também participou de competições. Em 1887, apenas três anos após sua criação, o carro participou de uma corrida organizada pelo Sport Vélocipédique Métropolitaine, um dos mais influentes clubes de ciclismo de Paris. A corrida, que tinha um percurso de 32 km entre Pont de Neuilly e Versailles, foi um marco importante na história das competições automotivas.

La Marquise foi o único carro a vapor inscrito na corrida e completou o trajeto em 1 hora e 14 minutos, alcançando uma velocidade média de 16 km/h. O carro também atingiu uma velocidade máxima de 37 km/h em alguns trechos do percurso, um feito que surpreendeu os espectadores e solidificou sua reputação como um veículo de alta performance para a época.

O Legado de La Marquise

O legado de La Marquise vai além de sua performance nas corridas e de sua inovação tecnológica. Este veículo representa o início de uma nova era no transporte, quando os motores a vapor começaram a substituir as carruagens e as bicicletas como os principais meios de locomoção. A visão de De Dion, Bouton e Trépardoux abriu caminho para o desenvolvimento da indústria automotiva como a conhecemos hoje.

Além disso, La Marquise também é um símbolo de perseverança e inovação. Em uma época em que a maioria das pessoas via os automóveis como curiosidades ou extravagâncias, seus criadores apostaram no futuro e provaram que os veículos motorizados não eram apenas viáveis, mas essenciais para o progresso da sociedade.

La Marquise nos Dias Atuais

Mais de um século depois de sua criação, La Marquise continua em funcionamento, um testemunho da qualidade de sua engenharia. Em 2007, o carro foi leiloado na prestigiada Pebble Beach Auction, onde foi descrito como “o carro mais antigo em funcionamento no mundo”. Este leilão não apenas reafirmou o status de La Marquise como uma relíquia histórica, mas também destacou o interesse contínuo por veículos antigos e sua importância cultural.

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Conclusão

La Marquise não é apenas o carro mais antigo em funcionamento no mundo, mas também um marco na história automotiva. Desde sua criação em 1884, ele inspirou gerações de engenheiros e entusiastas a perseguirem a inovação e a excelência. Hoje, La Marquise permanece como um símbolo duradouro da visão de seus criadores e da importância da inovação tecnológica. Ao preservar e celebrar a história de veículos como este, continuamos a valorizar o espírito de invenção que impulsiona o progresso humano.