A temida taxa do rotativo do cartão de crédito voltou a dar um salto preocupante e atingiu o alarmante índice de 450,6% ao ano em fevereiro de 2025.
Esse patamar, divulgado pelo Banco Central nesta quarta-feira (9), é o maior já registrado para o mês desde 2017.
O número, por si só, já assusta, mas o impacto real no bolso do consumidor pode ser ainda mais dramático: uma dívida de R$ 800 feita no início de 2023, por exemplo, teria se transformado em R$ 4.404,80 após 12 meses sem pagamento. Sim, é isso mesmo. A dívida cresce mais de cinco vezes em um ano — uma realidade que escancara o peso dos juros bancários no Brasil.
Rotativo do cartão, a armadilha financeira mais perigosa do sistema bancário
Quando falamos em juros rotativos do cartão, estamos tratando da modalidade mais cara e implacável do mercado financeiro. Ela incide sobre o valor que não foi pago na fatura mensal do cartão de crédito. Se o consumidor decide quitar apenas o valor mínimo ou deixa a dívida rolar, entra automaticamente no rotativo — e aí, começa o pesadelo.
Em janeiro, a taxa estava em 441% ao ano. Em fevereiro, esse número subiu 9,6 pontos percentuais, batendo os 450,6%. É um movimento que, apesar das recentes medidas de contenção, mostra que a dinâmica ainda favorece os bancos e castiga os consumidores desavisados ou em dificuldades.
Vale lembrar que os dados refletem as dívidas contraídas até dezembro de 2023. As posteriores a essa data já se enquadram nas novas regras aprovadas pelo Congresso Nacional.
A boa notícia, se é que podemos chamar assim, é que desde janeiro de 2024, a taxa de juros do rotativo está limitada a 100% do valor da dívida original. Ou seja, se você gastou R$ 300 no cartão e não conseguiu pagar, o valor total com encargos e juros não poderá ultrapassar os R$ 600.
Essa mudança foi aprovada em 2023 pelo Congresso Nacional e regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A ideia é frear a escalada desenfreada dos juros e proteger os consumidores de situações de endividamento crônico.
No entanto, essa regra vale apenas para dívidas contraídas a partir de 2024. Quem contraiu dívidas antes disso, como já citamos, ainda está sujeito às taxas anteriores, que podem ultrapassar os 400% com tranquilidade.
Banco Central vai manter monitoramento da taxa rotativa
Apesar da nova lei, o Banco Central garante que continuará divulgando a série histórica das taxas de juros do rotativo. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas da instituição, Fernando Rocha, esse levantamento é essencial para entender a velocidade com que os juros sobem ou caem e influencia diretamente a formulação de políticas econômicas e decisões financeiras.
A transparência na divulgação dos números também tem como objetivo reforçar a educação financeira da população, ajudando os consumidores a entenderem os riscos associados a determinadas modalidades de crédito.
Cheque especial também sobe e pressiona orçamentos
Outro velho conhecido das finanças dos brasileiros também apresentou alta: o cheque especial. Com uma taxa média de 144,4% ao ano em fevereiro, ele se mantém como a segunda linha de crédito mais cara do mercado — perdendo apenas para o rotativo do cartão.
Só para ilustrar: uma dívida de R$ 800 no cheque especial, mantida sem pagamento por 12 meses, se transforma em nada menos que R$ 1.955,20. Uma armadilha silenciosa que, muitas vezes, passa despercebida por estar automaticamente embutida na conta-corrente dos brasileiros.
Crédito consignado, a alternativa menos agressiva, mas com ressalvas
Em contraste com essas modalidades, o crédito consignado segue como a opção mais branda em termos de juros. Em fevereiro, a taxa média se manteve estável em 25,1% ao ano. Ainda assim, é importante frisar que há variações conforme o perfil do tomador.
- Beneficiários do INSS: 23,6% ao ano
- Servidores públicos: 24,7% ao ano
- Trabalhadores do setor privado: até 41% ao ano
O consignado é descontado diretamente da folha de pagamento ou benefício, o que reduz o risco de inadimplência para os bancos e, consequentemente, permite taxas mais baixas. Porém, também exige cautela: comprometer uma parcela fixa da renda pode dificultar o gerenciamento do orçamento em momentos de imprevisto.
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