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Jovem morre após invadir recinto de leoa no Parque da Bica

O jovem foi identificado como Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que tinha histórico de transtornos mentais. O caso levanta debates sobre segurança e falhas no atendimento público.

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A morte de Gerson de Melo Machado, 19 anos, registrada no último domingo após a invasão do recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, levantou questionamentos sobre segurança, saúde mental e falhas estruturais no atendimento público. O jovem entrou na área restrita dos animais ao escalar uma parede de mais de seis metros, ultrapassar grades de proteção e utilizar uma árvore como acesso ao local onde estava a leoa Leona. O ataque ocorreu rapidamente, e a vítima morreu no local devido a choque hemorrágico causado por ferimentos no pescoço. Segundo a perícia da Polícia Civil, a ação pode ter sido um ato de suicídio.

A prefeitura informou que o parque estava aberto à visitação no momento do incidente. De acordo com a gestão municipal, o espaço atende às normas técnicas de segurança e conta com barreiras reforçadas para proteção dos visitantes e dos animais. A administração classificou o episódio como imprevisível e lamentou o ocorrido, afirmando solidariedade à família do jovem. Após o ataque, o parque foi fechado temporariamente para procedimentos internos, perícia e remoção do corpo, permanecendo sem visitação até a conclusão das investigações.

A leoa Leona recebeu avaliação imediata da equipe técnica do zoológico. O veterinário Thiago Nery afirmou que o animal estava altamente estressado após o episódio, mas respondeu aos comandos e retornou ao recinto privado sem a necessidade de tranquilizantes. Profissionais do parque informaram que a felina não apresenta comportamento agressivo fora do contexto do ataque e permanece monitorada por veterinários e tratadores. O parque divulgou nota esclarecendo que em nenhum momento foi considerada a possibilidade de eutanásia, reforçando que a leoa agiu de forma instintiva.

O jovem foi identificado como Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que tinha histórico de transtornos mentais. O caso levanta debates sobre segurança e falhas no atendimento público.
Foto: Reprodução/Instagram

A identificação da vítima foi confirmada pelo Instituto de Polícia Científica, que apontou Gerson — conhecido como Vaqueirinho — como o homem morto no local. O caso ganhou nova dimensão após declarações da conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem ao longo de quase uma década. Segundo ela, a trajetória de Gerson foi marcada por abandono, negligência e falta de atendimento especializado. A conselheira relatou que o menino foi afastado da mãe ainda na infância, quando ela enfrentava esquizofrenia, a mesma condição presente na avó materna. Enquanto os irmãos foram adotados, ele permaneceu institucionalizado, fugiu de abrigos e chegou a ser encontrado caminhando sozinho às margens de uma estrada aos 10 anos.

Verônica afirmou que o jovem recebeu diagnóstico formal apenas em 2023, quando um laudo identificou deficiência intelectual, transtorno de conduta e esquizofrenia, recomendando tratamento multidisciplinar em regime integral, que, segundo ela, não foi oferecido. A conselheira também relatou episódios anteriores, como a vez em que Gerson foi encontrado no trem de pouso de um avião acreditando que conseguiria chegar à África, impulsionado pelo desejo de se tornar domador de leões.

Segundo Verônica, no dia do ataque o jovem provavelmente estava em surto e não tinha noção do risco. Ela afirmou que o episódio não deve ser tratado apenas como acidente isolado, mas como resultado de anos de falhas no cuidado institucional. Na avaliação dela, o poder público não forneceu o acompanhamento de saúde mental necessário. Observou ainda que o histórico familiar e o comportamento reiterado demonstravam que a situação exigia monitoramento constante, o que não ocorreu.

A prefeitura reconheceu a gravidade do caso, reiterou que as equipes tentaram impedir a invasão e afirmou que o jovem agiu de forma rápida e imprevisível. Para o zoológico, trata-se de um incidente fora da rotina do parque e sem precedentes. As investigações da Polícia Civil seguem em andamento para esclarecer todas as circunstâncias. Paralelamente, equipes técnicas continuam acompanhando o estado da leoa e revisando os protocolos de segurança interna.

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Foto: Reprodução
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