No dia 18 de junho de 2010, o mundo perdeu José Saramago, o único escritor de língua portuguesa laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. Passados 15 anos desde sua partida, seu legado permanece tão vivo quanto necessário. Conhecido por clássicos como Ensaio sobre a cegueira e O evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago também deixou um conjunto expressivo de obras menos celebradas, mas igualmente impactantes.
O Conto da Ilha Desconhecida (1997)
Nessa fábula breve e profundamente simbólica, um homem pede ao rei um barco para partir em busca de uma ilha que ninguém sabe se existe. A jornada, no entanto, é menos geográfica e mais interior: trata-se da busca pelo autoconhecimento, pelo direito de imaginar e de ir além do que é conhecido.
A jangada de pedra (1986)
Neste romance fantástico, Saramago imagina a Península Ibérica se separando da Europa e vagando pelo Atlântico. A premissa insólita serve de ponto de partida para discutir pertencimento, identidade nacional, relações históricas e o papel da geopolítica. Mais do que uma fábula política, A jangada de pedra é um convite à reflexão sobre a instabilidade dos conceitos que tomamos como certos.
O ano da morte de Ricardo Reis (1984)
Menos conhecido do grande público, mas reverenciado por estudiosos, este livro é um exercício de erudição e homenagem. Nele, Saramago revive Ricardo Reis — um dos heterônimos de Fernando Pessoa — que retorna a Portugal após o falecimento de seu criador. Em um ambiente marcado pela ascensão do fascismo, o personagem filosofa, observa e hesita, encarnando o próprio dilema do intelectual diante da história.
O Homem Duplicado (2002)
Neste romance psicológico, um professor descobre que existe alguém absolutamente idêntico a ele em aparência — e passa a perseguir esse duplo com obsessão. O que começa como curiosidade se transforma em crise de identidade, paranoia e questionamento existencial. Saramago explora aqui os limites do “eu”, a fragilidade da individualidade e os paradoxos da liberdade, em uma narrativa densa e perturbadora.
Conclusão
José Saramago é, sem dúvida, um dos grandes nomes da literatura mundial, mas sua obra vai muito além dos livros mais citados. Quinze anos após sua morte, é tempo de revisitar os caminhos menos percorridos de sua bibliografia. Esses quatro livros oferecem ao leitor uma nova chance de reencontrar o autor em nuances diferentes — mais experimental, mais filosófico, mais provocador.
LEIA MAIS: Dia do Cinema Brasileiro: 6 filmes nacionais inspirados em livros