Desde o início de 2025, o uso de celulares foi restringido nas escolas públicas do Paraná. A mudança, que no início poderia parecer impopular, resultou em uma transformação surpreendentemente positiva no ambiente escolar.
Em substituição às telas, surgiram alternativas analógicas que têm conquistado alunos de diferentes idades.
No Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina, essa nova realidade deu origem a um clube de jogos analógicos e a uma disciplina eletiva chamada “Aprender Jogando”, criada pelo professor de História Henrique Bresciani.
Ele já reunia estudantes interessados nos intervalos, mas com o novo cenário, o projeto ganhou força. A escola liberou o uso da biblioteca para as atividades e planeja montar uma ludoteca, com jogos acessíveis para uso pedagógico e recreativo.
Os jogos analógicos, como tabuleiros e cartas, despertaram o interesse de diferentes faixas etárias. Alunos mais novos preferem jogos de dedução social, enquanto os do Ensino Médio se encantam com jogos estratégicos, que exigem lógica, criatividade e colaboração. A interação entre turmas do 6º ano e do Ensino Médio tem fortalecido o convívio e promovido inclusão.
No final de abril, os próprios estudantes fundaram o Clube de Protagonismo de Jogos Analógicos, voltado ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais. A aluna Mariah Inês, 15 anos, destaca como os jogos facilitaram amizades com colegas de outras séries. Já Pedro Demarque, 14, valoriza o novo hábito como uma alternativa saudável à ausência do celular.
As aulas da disciplina eletiva combinam leitura de textos científicos com prática. Os alunos aprendem mecânicas de jogos, registram experiências e agora se preparam para criar seus próprios jogos com base em conteúdos de disciplinas como Matemática, História e Português, com foco até em descritores do Enem e Saeb.
A intenção do professor é transformar a experiência em artigo científico e ampliar o projeto para todas as turmas do colégio, que está em processo de transição para o modelo de tempo integral. Já há mobilização para convidar outras escolas de Londrina a conhecerem e participarem das atividades em eventos aos sábados.
Outras escolas da região também têm abraçado a mudança. No Colégio Cívico-Militar Professora Helena Kolody, em Cambé, os estudantes passaram a usar mais os espaços de convivência para jogos físicos, conversas e esportes.
A Secretaria da Educação do Paraná destaca que a nova orientação visa promover o equilíbrio e preservar a saúde mental dos estudantes. O secretário Roni Miranda reforça que o uso do celular deve ser restrito a estratégias pedagógicas e que o recreio é um momento valioso para a interação e o bem-estar dos alunos.
Mesmo quem confessa sentir falta do aparelho, como o estudante André da Costa, da 3ª série, reconhece os benefícios da mudança: mais concentração nas aulas e relações sociais fortalecidas.
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