A obesidade tornou-se uma das principais preocupações de saúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas estão obesas no mundo.
O levantamento aponta um crescimento alarmante: entre 1990 e 2022, o número de adultos obesos dobrou, enquanto entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos a taxa quadruplicou. Esse cenário tem impulsionado pesquisas científicas e investimentos da indústria farmacêutica, em especial no desenvolvimento de medicamentos para controle do peso.
Um estudo da Allianz Trade, empresa especializada em seguro de crédito, estima que o mercado de medicamentos análogos ao GLP-1, como as chamadas “canetas emagrecedoras”, deve movimentar cerca de R$ 572 bilhões até 2030.
Esse avanço evidencia a busca crescente por soluções para o controle do peso, especialmente para aqueles que não conseguem obter resultados satisfatórios apenas com mudanças no estilo de vida.
Medicamentos como alternativa para o controle da obesidade
O endocrinologista Fabiano Lago reforça que, em muitos casos, o uso de medicamentos é necessário. “A obesidade preocupa e quando medidas de mudanças no estilo de vida, que incluem a reeducação alimentar e a implantação da atividade física, não estão conseguindo fazer com que a pessoa emagreça ou reduza seu percentual de gordura, o uso de medicamentos pode ser necessário”, explica.
No entanto, ele alerta que a utilização desses fármacos deve ser feita com acompanhamento médico. “Como em outras doenças, é essencial uma avaliação especializada para diagnosticar corretamente a obesidade, entender seu impacto na saúde do paciente e verificar quais doenças associadas podem agravar o quadro clínico”, complementa o especialista.
Pesquisas e Novos Medicamentos em Desenvolvimento
A crescente demanda por tratamentos eficazes contra a obesidade tem levado a indústria farmacêutica a ampliar seus esforços em pesquisa e desenvolvimento.
Um exemplo é a Prati-Donaduzzi, laboratório brasileiro que mantém uma área específica de Inteligência de Mercado, dedicada à análise de novas tendências e inovações no setor.
O primeiro medicamento para obesidade produzido pela farmacêutica foi o Orlistate, lançado em 2018. Esse fármaco atua no tubo digestivo, inibindo as lipases gastrointestinais, que são as enzimas responsáveis pela digestão das gorduras presentes nos alimentos.
Com essa inibição, cerca de 30% das gorduras ingeridas são eliminadas diretamente pelas fezes, sem serem absorvidas pelo organismo.
De acordo com Volnei José Tondo Filho, pesquisador chefe do setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Prati-Donaduzzi, o Orlistate é um medicamento seguro e eficiente.
“Ele não age na circulação sanguínea e nem no sistema nervoso central, o que evita dependência e efeitos adversos graves. Além disso, pode ser utilizado como monoterapia ou em associação com outros tratamentos”, explica.
Para que o Orlistate tenha maior eficácia, Tondo Filho recomenda que o paciente adote uma dieta balanceada, mas rica em lipídios saudáveis, como os encontrados em abacate, carnes vermelhas gordurosas, ovos e queijos. “A presença de gordura na alimentação é essencial para que o medicamento tenha o efeito esperado”, esclarece.
A nova geração de medicamentos para controle de peso
A revolução no tratamento da obesidade não para no Orlistate. Em 2024, a Prati-Donaduzzi iniciou estudos para a fabricação de uma versão do Ozempic, medicamento análogo ao GLP-1, usado principalmente para o tratamento da diabetes tipo 2, mas que ganhou notoriedade pela sua ação no emagrecimento.
O GLP-1 é um hormônio natural que atua no controle da glicose e na regulação do apetite. Medicamentos que mimetizam esse hormônio, como o Ozempic, promovem maior saciedade e ajudam a reduzir a ingestão calórica, auxiliando na perda de peso de maneira significativa.
A expectativa é que a versão genérica do Ozempic esteja disponível no mercado após a quebra da patente, prevista para 2026. Isso poderá tornar o medicamento mais acessível para um público maior, ampliando as possibilidades de tratamento para obesidade e sobrepeso.
O papel da indústria farmacêutica na luta contra a obesidade
A crescente demanda por tratamentos inovadores reforça o papel essencial da indústria farmacêutica na prevenção e combate à obesidade.
As pesquisas e lançamentos de novos medicamentos são um reflexo da necessidade global de conter a epidemia de obesidade, que, segundo especialistas, pode se tornar uma das maiores crises de saúde pública deste século.
Além dos medicamentos, os especialistas ressaltam que a mudança de hábitos alimentares, o incentivo à atividade física e a educação nutricional são fundamentais para o sucesso dos tratamentos.
Os remédios são aliados poderosos, mas devem ser utilizados com responsabilidade e sempre sob orientação médica.
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