O uso da internet no Brasil está cada vez mais acessível e diversificado, alcançando praticamente todos os brasileiros com mais de 10 anos de idade. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (16), o país atingiu a marca de 98,8% de acesso à rede por meio de dispositivos móveis, especialmente celulares.
Esse número reflete a predominância dos smartphones como principal meio de conexão e revela mudanças no comportamento digital da população brasileira.
Em 2023, aproximadamente 164,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade acessaram a internet, correspondendo a 88% da população dessa faixa etária.
O aumento no número de usuários é acompanhado por um crescimento expressivo na quantidade de idosos conectados, um grupo que, tradicionalmente, apresentava menor adesão à tecnologia. Em 2019, apenas 44,8% dos brasileiros com mais de 60 anos acessavam a internet. Em 2023, esse número saltou para 66%, mostrando um avanço de 21,2 pontos percentuais em apenas quatro anos.
O dado mais impressionante da pesquisa é a predominância do uso de celulares para acesso à internet no Brasil. Com 98,8% de penetração entre a população conectada, os smartphones se tornaram o principal dispositivo para navegação, superando outros meios como computadores e tablets. A facilidade de uso, a portabilidade e a oferta de planos de dados móveis mais acessíveis são alguns dos fatores que explicam essa preferência.
O crescimento do uso de celulares também reflete uma tendência global. No Brasil, o dispositivo não é apenas um meio de comunicação, mas uma ferramenta multifuncional que permite desde o acesso às redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas até o uso de serviços bancários e educativos. A pandemia de COVID-19 acelerou ainda mais essa transformação, consolidando o smartphone como um elemento central na vida cotidiana dos brasileiros.
A pesquisa do IBGE destaca que, entre os motivos para o uso intensivo do celular, estão as videochamadas e ligações por áudio, que se tornaram comuns em um cenário onde o distanciamento social exigiu novas formas de interação. Serviços como WhatsApp, Telegram e outros aplicativos de comunicação contribuíram significativamente para essa mudança.
Embora o acesso à internet esteja consolidado entre as gerações mais jovens, o destaque da pesquisa é o crescimento exponencial do uso da rede entre os idosos. Em 2016, menos de um quarto das pessoas com mais de 60 anos acessava a internet. Em 2023, esse número já alcançou 66%, o que representa um aumento significativo em um curto período de tempo.
O analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto Fontes, explicou que esse crescimento reflete a inclusão digital e a adaptação dos idosos ao ambiente online. “Muitas atividades do cotidiano passaram a depender da internet, como comunicação com familiares por meio de videochamadas, acesso a serviços bancários e até mesmo compras online. Isso fez com que os idosos se adaptassem e começassem a utilizar mais a tecnologia em seu dia a dia”, afirmou.
A disseminação de informações sobre o uso de dispositivos e o incentivo por parte de familiares também foram fatores importantes para essa inclusão digital. Com o aumento da expectativa de vida e a crescente busca por atividades que proporcionem qualidade de vida, muitos idosos têm encontrado na internet uma maneira de se manterem ativos e informados.
Apesar do crescimento no número de usuários e do aumento da conectividade, ainda existem desafios a serem enfrentados quando se trata de inclusão digital no Brasil. Embora o celular seja o principal meio de acesso à internet, a qualidade e a estabilidade da conexão ainda variam bastante entre as diferentes regiões do país, especialmente em áreas rurais e regiões mais afastadas.
O IBGE apontou que o acesso à internet em domicílios urbanos é significativamente maior do que nas áreas rurais. Enquanto 92,7% dos lares urbanos possuem algum tipo de conexão, nas áreas rurais esse número cai para 71,5%. Essa discrepância revela que, embora o número de pessoas conectadas tenha aumentado, ainda há uma desigualdade considerável no acesso à tecnologia.
Além disso, a inclusão digital também depende de outros fatores, como a alfabetização digital e a capacidade de utilizar ferramentas tecnológicas de forma efetiva. Programas governamentais e iniciativas do setor privado que promovem a educação digital têm sido fundamentais para ajudar pessoas de todas as idades a se adaptarem ao mundo digital.
A pesquisa do IBGE também traçou um panorama sobre o uso de televisão pelos brasileiros. Apesar do crescimento do acesso à internet, a TV continua sendo um meio de comunicação amplamente utilizado. Em 2023, 96,4% dos domicílios no Brasil possuíam pelo menos um aparelho de televisão, mostrando que, apesar do avanço das plataformas de streaming e do consumo de conteúdo online, a TV ainda desempenha um papel importante na vida dos brasileiros.
O estudo aponta que a televisão continua a ser uma fonte de entretenimento e informação, especialmente para as gerações mais velhas. Muitos idosos, mesmo conectados à internet, preferem consumir notícias e programas televisivos, o que sugere que há uma coexistência entre os dois meios de comunicação.
A integração entre televisão e internet, por meio de aparelhos como Smart TVs e dispositivos de streaming, também tem contribuído para essa permanência da TV como um meio relevante. O crescimento de serviços de streaming, como Netflix, Amazon Prime Video e Globoplay, permite que os brasileiros tenham uma experiência multimídia mais completa e personalizada, combinando conteúdos tradicionais e digitais em uma única plataforma.
Com o avanço da tecnologia e o aumento do número de pessoas conectadas, o Brasil caminha para um futuro onde a conectividade será cada vez mais parte integrante da vida cotidiana. A chegada do 5G e a expansão das redes de fibra ótica prometem melhorar a qualidade das conexões e facilitar o acesso à internet em áreas mais remotas.
O crescimento do uso de dispositivos móveis e o aumento da inclusão digital entre os idosos indicam uma mudança positiva no comportamento dos brasileiros, que estão cada vez mais inseridos no ambiente online. Esse cenário abre oportunidades para o desenvolvimento de novos serviços, a popularização do e-commerce e a expansão de atividades que antes estavam limitadas ao ambiente físico.
No entanto, é essencial que o desenvolvimento da infraestrutura acompanhe esse crescimento, garantindo que a internet de qualidade chegue a todos os lares e comunidades do país. A implementação de políticas públicas que incentivem a inclusão digital e a ampliação do acesso à educação tecnológica serão fundamentais para reduzir a desigualdade digital e promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.